CHORANDO NO VELÓRIO Clerisvaldo B. Chagas, 5 de setembro de 2012. Crônica Nº 857 SAL GROSSO Na Santana dos mais velhos, c...

CHORANDO NO VELÓRIO


CHORANDO NO VELÓRIO
Clerisvaldo B. Chagas, 5 de setembro de 2012.
Crônica Nº 857

SAL GROSSO
Na Santana dos mais velhos, contou-nos o saudoso Manoel de Toinho ─ mestre de obras da prefeitura de Santana do Ipanema, Alagoas ─ o seguinte caso: Muita gente ilustre de Santana era chegada às farras aos sons dos grandes violonistas da época. Certa feita saiu um grupo desses boêmios para a vizinha cidade de Maravilha, localizada aos pés da serra da Caiçara, uma das maiores do estado. Ali no Alto Sertão, os farristas iam à busca de buchadas de bode e das noites enluaradas da redondeza. No final da farra que começou pelo dia e varava a noite, terminaram em um velório. A dona da casa chorava copiosamente ao lado do caixão, vizinhos compenetrados e os bêbedos farristas chegando. Adentraram a casa, espiaram o morto, e perscrutaram os arredores em busca de cerveja. Enquanto a pobre senhora não parava de chorar, os boêmios sentiam-se como donos provisórios da residência. Nesse momento, segundo Manoel de Toinho, o seu companheiro Pedro Bulhões, tabelião em Santana do Ipanema, muito chegado a piadas, aproximou-se do ataúde e falou para a mulher que chorava, filha do morto: “Se a senhora não quer enterrá-lo, salgue esse peste!”.
O sujeito trabalhador quando sente o gostinho da política não quer mais deixar a mamadeira. Procura fazer de um cargo público um exercício profissional cuja coroa vem recheada de dinheiro e poder. Quando lhe cai nas mãos uma prefeitura, aí sim, é a própria felicidade, a delícia de todos os deuses. Não se gasta mais nem sequer um centavo com coisas pessoais ou domésticas. Tudo a viúva assume num saque sem fim ao dinheiro do povo. O tempo vai passando o cabra não quer largar o osso e por ele mata e morre para não perder as bajulações, o mando e a verba farta como bênçãos divinais. De prefeito a prefeito de novo; de prefeito a deputado; de deputado a prefeito; e, quando já velho, descarnando para cair os dentes ainda pensa em ser vereador. E vai à luta, nem que seja preciso vender à velha e os netos para alcançar outra vez o paraíso. Trabalho? Nem pensar! Isso é coisa para cabras bestas como os outros mortais. Eu conheço gente assim. O leitor deve conhecer gente assim. Nesta campanha política vamos apontando pessoas assim.
A Justiça vem, joga terra nas suas pretensões, o viciado alonga o espinhaço como gato preto e bufa arreliado pela má notícia. Para ele as portas se fecharam. Não conseguiu salgar o tempo e continuará CHORANDO NO VELÓRIO.

AL DA BELEZA Clerisvaldo B. Chagas, 4 de setembro de 2012. Crônica Nº 856  TAQUARANA. (Fonte: alagoas24horas.com) Em Santana...

AL DA BELEZA


AL DA BELEZA
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de setembro de 2012.
Crônica Nº 856

TAQUARANA. (Fonte: alagoas24horas.com)

Em Santana do Ipanema havia um cidadão chamado Lulu Félix que ao falar das maravilhas vistas em suas viagens, retrucava quando alguém o chamava mentiroso: “Você não viaja!...”.
FAZIA um bom tempo que eu havia transitado por ali. Aliás, contemplei o asfaltamento da pista, enfrentando os percalços das noites e as máquinas do progresso. A AL-110, que vai do entroncamento da BR-316, perto da cidade de Maribondo, até Arapiraca, fez um bem danado a Alagoas. Como pista em toda a sua plenitude, a AL-110 permitia que eu, de Santana, e vários estudantes de Palmeira dos Índios, chegássemos a tempo às aulas em Arapiraca. O motorista, o “Gordo”, dono de casa de peças em Palmeira, costumava voar em sua veraneio, tirando em tempo mínimo da “Princesa do Agreste” a “Terra do Fumo”. Um doido que fazia arrepiar cabelo. Era com ele que arriscávamos a vida, pelo menos duas vezes por semana, sob as ordens do seu pé de chumbo. Não brinque não, compadre, que o cabra pobre para se formar passa cada uma que pensa não poder contar depois. Com uns quinze ou vinte anos após essas aventuras, passando em Palmeira dos Índios, fui à dita casa de peça para vê o Gordo. Ele estava vivo e só me conheceu quando me identifiquei. Ainda têm as aventuras da volta de Arapiraca quando todos iam dormir menos eu, à cata de hotel. Droga! Nem quero mais pensar nisso.
Na última vez que havia passado pela AL-110, fiquei tão impressionado com as diversas chácaras ao longo da rodovia e as paisagens dos verdes vales que falei para todos que aquele trecho era um dos mais belos de Alagoas. Ultimamente voltei a transitar por Taquarana, “Terra do Abacaxi”, entre o entroncamento e Arapiraca. Amarguei uma rodovia esburacada e perigosa, mas as belezas dos vales continuam encantando. O que me chamou a atenção, porém, foi o povoamento que se formou numa rapidez enorme, ao longo da rodovia. Surgiram vários e enormes povoados, seguidos de estabelecimentos comerciais, além das chácaras e casas como se fosse um prolongamento de Arapiraca. Como uma região pode crescer daquela maneira? Dizem ainda que eu não vi nada. Falam que, quando a Vale começar a exploração de minérios por ali (ferro e ouro), aí sim, vai ter o que se contar. Falam também que devido à expansão da cidade, a prefeitura de Arapiraca quer agora o crescimento vertical e não a ocupação de prédios nas terras férteis das periferias.
Não quero virar Lulu Félix nem deixar de externar a minha admiração pela área arapiraquense; mas chamei, tá chamado o trecho da 110 de AL DA BELEZA.

ALERTA NORDESTE! Clerisvaldo B. Chagas, 3 de agosto de 2012. Crônica Nº 855 O DESERTO AVANÇA. (Fonte: Google). Não deixa de...

ALERTA NORDESTE!


ALERTA NORDESTE!
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de agosto de 2012.
Crônica Nº 855

O DESERTO AVANÇA. (Fonte: Google).
Não deixa de ser alarmante o grito dos estudiosos a respeito da desertificação em território brasileiro. O deserto vai se delineando, pouca importa ficar jogando a culpa nas mudanças climáticas ou nas ações diretas do homem. Temos importantes técnicos no assunto e confiança em um trabalho profícuo voltado para o problema. E se o Instituto Nacional do Semiárido (INSA) ─ órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia ─ fala em 15% de desertificação, é coisa grave, muito grave. Segundo o INSA, o caso chega a atingir 1.488 municípios localizados no Nordeste (nove estados) norte de Minas Gerais e Espírito Santo. O semiárido já é uma região bastante castigada pelas estiagens prolongadas. O desmatamento sem piedade da região deixa o solo exposto e, os berros isolados de socorro não são de hoje. O próprio sacerdote, Cícero Romão Batista, já alertava aos agricultores sobre o perigo do desmatamento e formulava vários conselhos sobre a terra. Remediar agora o mal que se alastrou é muito mais difícil, se bem que deve existir solução para esse desastre tão feroz.
Diante desse problema que necessita estudos de vários profissionais de áreas diferentes como geógrafos, agrônomos, geólogos e outros, revelou-se interessante a técnica utilizada pela pequena agricultora paraibana Angineide de Macedo, de 42 anos. Após acompanhar a degradação das suas terras, Angineide resolveu plantar o nim indiano. O nim tem crescimento rápido e vai aos oito metros de altura. Ora, com esse processo simples, adquirido pela agricultora através de uma organização não governamental, o quadro em sua propriedade foi revertido. Angineide ainda salvou suas plantações de ervas medicinais, ganhou sombras à vontade e local de brincadeiras para crianças. O nim protege suas plantações do sol abrasador e dos ventos, deixando a paraibana feliz com o que conseguiu. “De acordo com o coordenador da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), Naidison Batista, a conscientização dos agricultores sobre o manejo adequado da terra somada à difusão de tecnologias adaptadas ao Semiárido são elementos fundamentais para combater o processo de desertificação no país”. Ele defende o uso de técnicas agroecológicas no combate e prevenção.
A questão da terra não pertence somente ao agricultor. A terra é mãe e o fim de todos. Interessa a toda criatura de bom senso, cliente inevitável dos seus frutos.  ALERTA NORDESTE!