DORO E BILA Clerisvaldo B, Chagas, 5 de   outubro de 2012. Crônica Nº 879 Rua Nova, em Santana do Ipanema - AL. O último dia ...

DORO E BILA



DORO E BILA
Clerisvaldo B, Chagas, 5 de  outubro de 2012.
Crônica Nº 879
Rua Nova, em Santana do Ipanema - AL.
O último dia da semana eleitoral me faz lembrar Doro e Bila, caso contado como tradição nesse tempo em Santana do Ipanema, Alagoas. Conheci bem esse casal que residia à Rua Benedito Melo (Rua Nova), bem na esquina de um beco. A residência era comprida e a frente da casa servia como bodega fraquinha. Filisdoro, também conhecido por Doro, era alto, cabelo baixinho, galego, cabeça grande e olhos pequenos. Falava pausado, com preguiça, e parecia totalmente um grego. Gostava de usar um palito na boca. Sua esposa tinha o apelido de Bila e ajudava Doro na bodega. Passei por ali inúmeras vezes, pois o beco de Seu Filisdoro ─ homem com mais de setenta anos ─ era o caminho mais curto para o Grupo Escolar Padre Francisco Correia, onde eu estudava.  Havia em Santana um sujeito muito conhecido chamado Duda Bagnani, que gostava de beber cachaça e era cliente da bodega. O casal Doro e Bila era humilde e querido pelo povo das imediações, pois se dava com todos. A vizinhança da Rua Nova sempre gozava da paciência e boa índole do casal.
Certa feita o desejo da política também contaminou a cabeça de Seu Doro. Incentivado por alguns, inclusive pelo Duda Bagnani, o homem resolveu mesmo sair candidato a vereador. Aquela época dos anos 60, não era tão diferente de hoje com a mania de pedir do eleitor e o vício de dá tudo do candidato. Com Filisdoro aconteceu à mesma coisa. Entusiasmado com os fregueses que pingavam na bodega, Seu Doro já se dava por eleito. Tanto é que teve uns cochichos de alcova com a esposa Bila sobre a sua liberdade cívica. Entre outros, o Duda Bagnani passou a frequentar com mais assiduidade o estabelecimento da Rua Nova, onde começou a beber muitas doses de aguardente de graça, ofertadas pelo recente candidato. Por ali não se falava em outra coisa, a não ser a candidatura do pacato cidadão. Finalmente as eleições chegaram, veio o dia da contagem de votos e Filisdoro nas urnas obteve apenas um voto. Com as mãos à cabeça, decepcionado com a política, Filisdoro dirigiu-se à esposa e perguntou por que ela não votara nele. E Bila, esposa fiel e muito sincera, respondeu ingenuamente: “Oxente Doro! Você não me pediu que votasse no melhor?”
Depois de amanhã, vários candidatos a vereador que não conheceram esse caso, irão conhecer DORO E BILA.

O DRIBLE DA LUZ Clerisvaldo B. Chagas, 4 de outubro de 2012. Crônica Nº 878 Que coisa chata, meu amigo! Deixar de ir ao último ...

O DRIBLE DA LUZ



O DRIBLE DA LUZ
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de outubro de 2012.
Crônica Nº 878

Que coisa chata, meu amigo! Deixar de ir ao último comício do nosso candidato, para contemplar Brasil e Argentina e não haver jogo! Quem não conhece as frases criadas pelo povão: “A volta dos que não foram” ou mesmo: “Poeira em alto mar”? Menino danou-se! A expectativa de entrarem em campo alguns jogadores novatos, o novo embate com o nosso vizinho, a emoção de mais um clássico mundial... Tudo foi para o beleléu com o vexame passado pela Argentina na noite de ontem. A juventude diz que é pagar mico. Eita mico fuba da gota serena! Ainda bem que não foi no Brasil que, por coincidência, sofreu também ontem à noite um apagão em alguns estados. Ficar o tempo todo na poltrona comendo pipoca ou bebendo cerveja, é bom quando tem jogo. Depois da força em que o argentino botou para cantar o hino brasileiro, jogadores em campo e holofotes cansados, ficamos mais uma porção de tempo, procurando o que não perdemos. É certo que o estádio não estava completamente lotado, mas era um clássico valendo alguma coisa.
Vai jogador, esquenta jogador, esfria jogador e a paciência do povo vai embora. Que situação ridícula. Duas partidas para decidir um troféu. Ganhamos a primeira no Brasil; vamos para a segunda na Argentina, mas os refletores parecem abusados. Roda o juiz querendo agradar, vai aqui, vai ali e Gabriela quer se apresentar. Prazos cumpridos, acordo firmado, goleiros sobre o não, vamos voltar para o Brasil que aqui não tem futuro. E como fica o resultado final? Brasil é campeão de um jogo que não jogou? A Argentina tem direito a espernear pelo segundo jogo em outra oportunidade? Será que os torcedores gritaram como no Brasil: “Quero meu dinheiro!?” Os brigões, isto é, as duas seleções, com medo uma da outra, resolvem tudo na política da boa vizinhança. Se não demos umas tapas nos caras, mas também deles não apanhamos. Foi muito bom para Mano, ora se não foi! É melhor deixar a poltrona para lá e partir para a cama enquanto é cedo.
Compromisso perdido, lá vai o escritor para a justificativa de não vê o jogo de Neymar. Sei não, acho que todos nós, brasileiros e argentinos, levamos O DRIBLE DA LUZ.

SEU UPA E SEU CUPA Clerisvaldo B. Chagas, 3 de outubro de 2012. Crônica Nº 877 Bondinho. (Foto: Wikipédia). Santos , cidade...

SEU UPA E SEU CUPA



SEU UPA E SEU CUPA
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de outubro de 2012.
Crônica Nº 877

Bondinho. (Foto: Wikipédia).
Santos, cidade do estado de São Paulo está localizada no litoral. É considerada a 18º mais rica do país e tem algumas atrações que ficaram famosas no Brasil inteiro. Sua catedral em estilo neogótico, surpreende o turista pela sua beleza. O seu porto chama atenção pela quantidade de navios encontrados no cais, sendo ainda o maior da América Latina. Suas praias são formadas de areias amareladas, diferentes das alvas praias do Nordeste. É divulgado em todos os lugares o tamanho do seu jardim na orla, considerado o maior do mundo. O estádio da Vila Belmiro é sempre uma atração à parte, lembra Pelé e as grandes conquistas do time santista. Não se pode esquecer a paisagem vista de cima do Monte Serrat. Ali me deparei com um belo cenário, ocasião em que o guia, falava dos dois bondinhos que transportavam os turistas para cima e para baixo do monte. Usando a linguagem chula, falou que eles se chamavam “Seu Upa” e “Seu Cupa”. Depois complementou cheio de malícia: “Quando Seu Upa sobe, Seu Cupa desce” e encerrou todo sorridente com a piada particular.
Estamos vivendo mais uma vez eleições para prefeitos e vereadores. A semana última dos comícios vai agitando tudo e muitas novidades aparecem quando os cabras deitam falações. Ficamos, então, sabendo coisas que o diabo duvida, através dos próprios candidatos que revelam as cargas de defeitos dos oponentes. Os foguetes cortam os ares na gastança contínuas dos políticos, afugentando os cães que perambulam pelas ruas. Os postes de combustíveis nunca venderam tanto para carreatas e outras manobras que os homens planejam. Não podendo mais realizar espetáculos musicais onde gastavam fortunas, os postulantes inventam mil bramuras para atrair os incautos. Carros rodam dia e noite pelas estradas vicinais em procura de voto vacilante. As promessas dobram, miraculosas com sempre. Todos querem aparecer com os nomes nas paredes, nos postes, nos automóveis, nas bandeiras sustentadas pelos alugados. A Justiça vai acompanhando o movimento para assegurar uma eleição escrupulosa e as manobras costumeiras dos viciados.
Diante de tantas coisas acontecendo, muitos candidatos sobem e outros descem. Os candidatos péssimos quando sobem, maltratam o povo. O candidato peste é “Seu Upa”, o povo “Seu Cupa”. Não vemos muita diferença com o que acontece no Monte Serrat, entre “SEU UPA”  e “SEU CUPA”.