O CARNAVAL DAS VACAS Clerisvaldo B. Chagas, 11 de fevereiro de 2013. Crônica Nº 963 Foto: (nogueirense.com.br.) Cada um se vi...

O CARNAVAL DAS VACAS


 O CARNAVAL DAS VACAS
Clerisvaldo B. Chagas, 11 de fevereiro de 2013.
Crônica Nº 963
Foto: (nogueirense.com.br.)

Cada um se vira como pode, diz o povo sertanejo. Falamos dos vendedores de rua com seus modos habituais e peculiares de passarem adiante as suas mercadorias. Lembramos que há muito tempo em Maceió, as rádios da época falavam bastante dos produtos que os desonestos colocavam no leite à venda. Havia até um locutor que defendia a própria água no leite integral oferecido nas portas, em relação a outros produtos nocivos à saúde. Com as narrações humorísticas de casos verídicos, até piaba já encontraram no leite vendido com garantia.  Mesmo pessoas na casa dos setenta, oferecem o produto “batizado” e, são poucos, raros mesmo, os que vendem leite puro nesse país, pois a desonestidade em relação a ele é generalizada. Uns gritam seus artigos, outros tocam sinos, outros ainda usam apito e, os mais modernos apelam para carro de som.
Recentemente, em Santana do Ipanema − lugar onde ainda se vende coisa pelas residências − um sujeito esperto inventou um negócio diferente que tem dado certo. Adaptou uma buzina poderosa de som grosso, tanque de plástico com torneira larga e passou a anunciar o leite pelas ruas da cidade, em cima de moto.  Várias pessoas vendem leite, mas tudo nas santas leis do batismo, o homem não. O leite é bom mesmo, sem mistura. Das sete para às oito e meia da manhã, a poderosa anuncia que o cabra está por perto. Segure a vasilha e corra para a porta. Poooom! Pooom! Da primeira vez você pensa que é um boi berrando. Preocupada em ficar sem leite para o período momesco, uma dona de casa indagou ao vendedor que também é pequeno proprietário rural, se ele fornecia leite durante a folia. Sim, respondeu o homem. Ele alegou que ainda não disse às vacas que era Carnaval. E mesmo sem chuvas na sua região as reses continuam firmes ajudando na sua economia, auxiliadas pela buzina grossa. O que não pode é ninguém vestido de verde passar por ali, senão às vacas atacam.
Naquela conversa mole, a mulher perguntou se as coitadinhas não mereciam também um descanso, nesses dias de farras. O vendedor respondeu: “As minhas vaquinhas gostam de trabalhar minha senhora, mas quando estão estressadas eu boto umas marchinhas de Carnaval e me “abrofelo” com elas”. 
Bem, nesses tempos de volta da Zoofilia é bom não levar a coisa ao pé da letra.  É apenas O CARNAVAL DAS VACAS.


CRÔNICA SOMENTE NA SEGUNDA

CRÔNICA SOMENTE NA SEGUNDA


CRÔNICA SOMENTE NA SEGUNDA

IPANEMA, UM RIO MACHO Clerisvaldo B. Chagas, 7 de fevereiro de 2013. Crônica Nº 962 POÇO DOS HOMENS, NO RIO IPANEMA.  As últim...

IPANEMA, UM RIO MACHO


IPANEMA, UM RIO MACHO
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de fevereiro de 2013.
Crônica Nº 962

POÇO DOS HOMENS, NO RIO IPANEMA. 
As últimas chuvas acontecidas no Sertão alagoano, na verdade não acabaram com a seca. Os serrotes que circundam a cidade de Santana do Ipanema foram ficando esverdeados, como acontece sempre ao chegar o período natalino. Os pontos pálidos de verdes vão aumentando a intensidade da cor e se espalhando pelos arbustos que estavam pretos e esfoliados. Chega para a cidade um aspecto alegre quando seus principais mirantes enfeitam-se como mulheres bonitas. Assim saltam aos olhos de santanenses, pesquisadores e curiosos a variedade colorida do Cruzeiro, serra Aguda, Gonçalinho, Pelado e serra dos Macacos. Começa, então, certo atrativo para as pernas preguiçosas dos que desejam passear pela Natureza. Munido de maquina fotográfica, caderninho de notas ou de objeto avançado das tecnologias, o homem que gosta de pesquisas poderá encontrar prazer examinando flora e fauna daqueles pontos.
O rio Ipanema recebe as últimas chuvas das trovoadas, mas, diferentemente dos serrotes circundantes, acumula água suja, poluída, nos seus poços mais evidentes desse trecho urbano, como Barragem, Juá, Homens e Escondidinho. Quem palmilha suas areias grossas e encardidas registra a paisagem semelhante aos séculos passados, porém, sem os bandos de pássaros que ali faziam pousada rumo das bebidas. Difícil, difícil mesmo encontrar um animal que não seja domestico e, até mesmo temidas serpentes é coisa rara. O povo não faz mais as cacimbas que abasteciam a urbe. O lixo, principalmente plástico, toma conta das suas margens que continuam sendo depósitos das inutilidades dos quintais. Aguardam-se novas cheias para outras lavagens do que foi jogado no seu leito arenoso.
Não sei, não prestei atenção se o mandacaru florou ou não para tirar dúvidas sobre o inverno desse ano. Mas o rio periódico, cheio d’água ou de areia, faz parte da identidade dessa gente, IPANEMA, UM RIO MACHO.