LAMPIÃO E A MORTE DO PAI Clerisvaldo B. Chagas, 13 de junho de 2013. Crônica Nº 1034 LUCENA Quem matou José Ferreira, pa...

LAMPIÃO E A MORTE DO PAI



LAMPIÃO E A MORTE DO PAI
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de junho de 2013.
Crônica Nº 1034

LUCENA
Quem matou José Ferreira, pai de Virgolino, foi o volante Benedito Caiçara, intempestivamente, sem saber nem quem ele era, na hora da invasão a casa. (Essa versão é sustentada por uma das maiores fontes do cangaço que nos pediu para que não colocasse o seu nome, por motivo de amizade com a família de Caiçara). Por essa digna e insuspeita fonte, confirmada pelo saudoso batedor da tropa de Lucena, Manoel Aquino, homem de bem, que ouvira de seus colegas de farda. Como era um homem de princípios, Lucena recriminou duramente a Caiçara, mas assumiu a morte do senhor José Ferreira, uma vez que se achava responsável pelos atos dos seus comandados.
Existe uma versão que diz que o volante Caiçara fora duramente recriminado pelo comandante, teve sua farda rasgada, levado uma surra e expulso da polícia. A mesma fonte inicial, que tinha fácil acesso a ambos, diz não conhecer essa versão. E que o soldado Caiçara era perverso, mas Lucena gostava muito dele. Depois da polícia, Caiçara passou a ser sacristão do padre Bulhões e não antes. Ainda como volante Benedito matou a pedradas um dos irmãos Porcino (José) ferido, em uma das diligências de Lucena, e que nunca pertencera ao bando. (Ver adiante e no último capítulo, o fim de Caiçara).
Quanto à morte de Luís Fragoso, é sabido por todos, que Lucena não gostava de colecionar prisioneiros. Ladrões em geral, especialmente ladrões de cavalos, assaltantes, desordeiros, perturbadores da ordem pública, muitos foram executados em cova aberta. A ordem para limpar o Sertão já vinha de cima (Autores).
Na morte de José Ferreira não houve combate. Os três filhos mais velhos não estavam presente. O depoimento de João e de Virtuosa são bens claros, explanados por Vera e Amaury.
Na versão de Bezerra e Silva, houve forte tiroteio na fazenda Engenho. Além da morte de José, ficou ferido Antônio Ferreira, na perna. Os Ferreira juntaram-se aos Porcino, conduziram Antônio numa rede e com um grupo de 25 homens, partiram para Pernambuco, pernoitando na vila Mariana. Pela manhã viajaram.
Lucena chegou à vila, tachou seus habitantes de coiteiros; os soldados ocuparam as ruas praticando absurdo e o comandante ainda andou seviciando pessoas (...)
·         Do livro “Lampião em Alagoas”, pág. 98-99.

O CASAMENTO DE CORISCO E DADÁ Clerisvaldo B. Chagas, 12 de junho de 2013. Crônica Nº 1033 O padre Bulhões, pai adotivo de Si...

O CASAMENTO DE CORISCO E DADÁ



O CASAMENTO DE CORISCO E DADÁ
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de junho de 2013.
Crônica Nº 1033

O padre Bulhões, pai adotivo de Silvio, mandou recado para Corisco e Dadá aconselhando-os a se casarem. Alegava o padre, vigário da Paróquia de Senhora Santa Ana, em Santana do Ipanema, AL que se acontecesse alguma coisa grave aos pais de Silvio, mais tarde, quando o menino crescesse, ninguém o iria respeitar chamando-o filho de uma puta. É que só era considerada casada, a pessoa que tivesse o sacramento da Igreja.
Corisco e Dadá resolveram, então, mandar chamar o padre Bruno na cidade ribeirinha e sergipana de Gararu. Um rapaz foi encarregado de convidar o padre para realizar a extrema-unção na irmã enferma em uma fazenda à meia hora daquela cidade. O vigário preparou os objetos necessários mais o livro das orações e água benta. Saíram os dois a cavalo. Depois de muito galoparem, o padre Bruno, já impaciente, indagava do rapaz que fazenda tão longe era aquela. O rapaz respondeu que faltavam apenas uns quinze minutos de galopada. Mais à frente, porém, freou o cavalo e resolveu contar a verdade. O padre se exasperou e quis voltar. O rapaz alegou que eles haviam passados por seis cangaceiros escondidos. Caso viessem soldados com eles, os bandidos teriam atirado. Aconselhou ao padre a não retornar sem ordem, para não ser morto. No mesmo momento saíram do mato Corisco e Dadá (bem novinha), alegres e educadamente, cumprimentaram o vigário, estendendo a mão. O padre Bruno tremia muito e foi preciso que Dadá catasse a sua mão para o aperto. Dadá se divertia brincalhona, e Corisco passava-lhe o rabo do olho recriminando as brincadeiras.
 Após as devidas declarações e o casamento, o padre estava de alma nova. Confessou que pela fama de Corisco, preferia ver o cão à sua frente. E achando o casal cortês e educado, prometeu jamais tremer diante do desconhecido. Disse Dadá que ”chegara um homem tremendo e saíra um homem de verdade”. Era o dia dezesseis de fevereiro de 1940.
·         Extraído do livro “Lampião em Alagoas”, pág. 448-449.



ENTREVISTA COM DIRETOR Clerisvaldo B. Chagas, 11 de junho de 2013. Crônica Nº 1032 Marcello Fausto, o novo diretor. Nessa...

ENTREVISTA COM DIRETOR



ENTREVISTA COM DIRETOR
Clerisvaldo B. Chagas, 11 de junho de 2013.
Crônica Nº 1032
Marcello Fausto, o novo diretor.

Nessa fase de eleições para gestores escolares estaduais, entrevistamos o professor Marcello Fausto, eleito para dirigir a Escola Professora Helena Braga das Chagas, no Bairro São José, em Santana do Ipanema, Alagoas. Candidato único, o professor Marcello obteve 96% dos votos válidos, numa eleição tranquila quando foram às urnas, os segmentos pais, alunos e funcionários, transformando o dia de ontem numa verdadeira festa colegial. Com a felicidade de  todos os segmentos, indagamos ao professor e novo escritor santanense:
1.    Como você chegou à direção da Escola Estadual Professora Helena Braga das Chagas?

R. De forma indireta, ou seja, por indicação. Em 2011, a professora “Cidinha” termina o mandato e ninguém se prontifica a concorrer. Então fui indicado com mais dois nomes na época em que o coordenador era o professor James, e lá em Maceió, fui o escolhido.

2.    Qual a situação da escola que você encontrou?

R. Uma escola suja, sem conforto para alunos, professores e o mais grave: era um grupo de “alunos indisciplinados” que não respeitavam nenhum dos segmentos da escola, inclusive, não se tinham auto respeito.

3.    Por que você aceitou o desafio?

R. São vários os fatores, mas me lembro de minha adolescência, quando minha mãe tinha um relacionamento muito bom com “Dona Helena” e em todo meu aniversário, sempre ganhava da professora, algum livro ou revista. A minha vinda para esta escola me fez ver que eu tinha um compromisso em retribuir o carinho da professora Helena Braga. Além desta escola exercer um papel importante na comunidade, seria para mim um desafio que gostaria de enfrentar.

4.    Quais foram às dificuldades que você teve que encarar, nessa primeira gestão?
        
         R. Indisciplina de alunos, ausência de regras, alguns “poucos” pais achando que a “coisa” teria que funcionar do jeito que estava, carência de professores, serviços gerais, vigias. Roubos constantes.

5.    Quais foram suas primeiras ações para mudar o quadro? Deu certo?

R. Primeiro procurei parcerias. A CRE ajudou-me fielmente. Trouxe a Justiça, na época, pelo seu representante, o Dr. Elísio Maia Filho, palestrantes para os alunos e, que nos deu apoio. Trouxe para a escola os pais, para dividir os problemas e, juntos ao Conselho, procuramos estratégias, determinações de regras e fiscalização dos cumprimentos. E ainda “dei uma de doido” e “meti a caneta para cima”, fazendo uma limpeza.

6.    Como você conseguiu a reforma da escola?

R. O primeiro passo era colocar a escola na relação com necessidade de reforma. Por isso, quase todos os dias solicitava a inclusão da mesma junto à 6ª CRE. O coordenador fez o seu papel em Maceió e a escola foi contemplada.

7.    Como se encontra hoje a Escola Professora Helena Braga das Chagas?

R. Sou suspeito para dizer, mas convido a toda comunidade para resultados com o aumento do IDEB, a diminuição da evasão e principalmente o resgate de alunos amedrontados pela indisciplina. Escola limpa, confortável e adequada para o ensino e aprendizagem.  

8.    Em relação ao quadro de funcionários, ainda existe carência?

R. Sim, mais um problema no estado. Ainda faltam vigias, serviços gerais e professor de artes. Mas devemos ressaltar que a equipe é ótima, onde a maioria é de monitor, mas eles são compromissados com a escola e além do mais, competentes com uma coordenadora pedagógica nota 10. Enfim, uma equipe de “primeira linha”. Ainda de quebra a escola conta com o maior escritor de Santana do Ipanema, professor Clerisvaldo e o escritor iniciante, que é o diretor da unidade.

9.    Marcello, para encerrar, quais são as metas para a nova gestão, uma vez que você foi apontado agora de forma democrática?

R. Incentivar a participação da comunidade escolar na busca de parcerias com entidades em ações conjuntas, solidárias, cooperativas. Assegurar ações que promovam a conservação, manutenção e preservação do patrimônio. Gerenciar os recursos materiais e financeiros de forma transparente, visando assim, fazer da escola modelo democrático para à sociedade.