terça-feira, 11 de junho de 2013

O CASAMENTO DE CORISCO E DADÁ



O CASAMENTO DE CORISCO E DADÁ
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de junho de 2013.
Crônica Nº 1033

O padre Bulhões, pai adotivo de Silvio, mandou recado para Corisco e Dadá aconselhando-os a se casarem. Alegava o padre, vigário da Paróquia de Senhora Santa Ana, em Santana do Ipanema, AL que se acontecesse alguma coisa grave aos pais de Silvio, mais tarde, quando o menino crescesse, ninguém o iria respeitar chamando-o filho de uma puta. É que só era considerada casada, a pessoa que tivesse o sacramento da Igreja.
Corisco e Dadá resolveram, então, mandar chamar o padre Bruno na cidade ribeirinha e sergipana de Gararu. Um rapaz foi encarregado de convidar o padre para realizar a extrema-unção na irmã enferma em uma fazenda à meia hora daquela cidade. O vigário preparou os objetos necessários mais o livro das orações e água benta. Saíram os dois a cavalo. Depois de muito galoparem, o padre Bruno, já impaciente, indagava do rapaz que fazenda tão longe era aquela. O rapaz respondeu que faltavam apenas uns quinze minutos de galopada. Mais à frente, porém, freou o cavalo e resolveu contar a verdade. O padre se exasperou e quis voltar. O rapaz alegou que eles haviam passados por seis cangaceiros escondidos. Caso viessem soldados com eles, os bandidos teriam atirado. Aconselhou ao padre a não retornar sem ordem, para não ser morto. No mesmo momento saíram do mato Corisco e Dadá (bem novinha), alegres e educadamente, cumprimentaram o vigário, estendendo a mão. O padre Bruno tremia muito e foi preciso que Dadá catasse a sua mão para o aperto. Dadá se divertia brincalhona, e Corisco passava-lhe o rabo do olho recriminando as brincadeiras.
 Após as devidas declarações e o casamento, o padre estava de alma nova. Confessou que pela fama de Corisco, preferia ver o cão à sua frente. E achando o casal cortês e educado, prometeu jamais tremer diante do desconhecido. Disse Dadá que ”chegara um homem tremendo e saíra um homem de verdade”. Era o dia dezesseis de fevereiro de 1940.
·         Extraído do livro “Lampião em Alagoas”, pág. 448-449.




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