RENAN, O FILHO Clerisvaldo B. Chagas, 16 de fevereiro de 2015 Crônica Nº 1. 367 Mapa político de Alagoas. (geografia.blogspot....

RENAN, O FILHO



RENAN, O FILHO
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de fevereiro de 2015
Crônica Nº 1. 367

Mapa político de Alagoas. (geografia.blogspot.com).
O nosso sempre professor Alberto Nepomuceno Agra, era sábio, rígido e muitas vezes enigmático. Ex-pracinha, ex-diretor do Ginásio Santana, comerciante, fazendeiro, professor de Geografia e intelectual, dizia: “Não elogie o homem”.
No momento, ainda não estamos elogiando nada, apenas vendo o que se queria ver.
Depois de uma sucessão pífia de administradores ─ de acordo com alguma maldição lançada ao Palácio dos Martírios ─ mudaram de palácio. Nada adiantou. E na boa história das Alagoas, os feitos sem efeitos logo estarão sendo esquecidos. A poeira do tempo vai encobrindo nomes de vaidosos, arrogantes, inexpressivos, deixando apenas como caridade retratos em galerias que as novas gerações teimam em não conhecer.
O que lavou as mãos para os precatórios de tantos sofridos funcionários; o mesmo que retirou o atendimento do Ipaseal Saúde do interior, causou muitas dores aos que teriam que procurar atendimento médico somente na capital; passando semanas e até meses na corrida maluca pela saúde, sem dinheiro de hospedagem e alimentação.
São esses tipos de gestores que Alagoas não quer mais; insensível e indiferente que esquece que o dinheiro do seu cargo é pago pela massa e, ao invés de se julgar gerente do povo, julga-se um reizinho russo ou um barbudo cubano.
Tachado como ineficaz, pelo também candidato na época, Benedito de Lira, Renan Filho pode provar que Lira estava errado.
Muito jovem ainda, o atual governador nesse pouco tempo à frente do executivo, mostrou que está atento a todos os setores. O efeito do dinamismo na tentativa organizacional começa a impressionar o povo, mesmo não tendo completado ainda o teste dos cem dias.
Nos meus tempos de apreciador de sinuca, ouvia o ditado de quem começava perdendo: “Não existe ‘Senhor do Bom Começo’, mas ‘Senhor do Bonfim’, não é?” A frase tem alguma semelhança com a do meu inesquecível professor.
Como disse, ainda não estou elogiando ninguém. Mas, se o governador continuar com esse fôlego, sensibilidade aos funcionários públicos e profunda vontade administrativa geral, poderá quebrar a maldição que paira em nosso território.
Nesse caso uma frase do meu saudoso pai poderá ser positiva para ele. “Administrador é como cavalo bom, mora longe um dos outros”. Quem sabe!

LULU FÉLIX E A DEFESA SOCIAL Clerisvaldo B. Chagas, 13 de fevereiro de 2015 Crônica Nº 1.366 Foto ilustração: (gazetaweb.com T...

LULU FÉLIX E A DEFESA SOCIAL



LULU FÉLIX E A DEFESA SOCIAL
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de fevereiro de 2015
Crônica Nº 1.366

Foto ilustração: (gazetaweb.com TV Gazeta).
Interessante notícia foi veiculada sobre as câmeras de monitoramento da Defesa Social, em Maceió. Vejamos alguns trechos da reportagem da gazeta web de 11.02.2015.
“Câmeras de monitoramento da Defesa Social estão danificadas em Maceió. Empresa aponta ação de vândalos e débito de R$ 2 milhões do Estado”.
Mais:
“(...) Câmeras de monitoramento, que deveriam auxiliar os trabalhos das polícias Civil e Militar, estão danificadas e sem previsão de manutenção (...)”.
Mais um pouco:
“Na Ponta Verde, a câmera foi quebrada por um caminhão; no Dique Estrada, foi quebrada por vândalos. Os equipamentos não foram reinstalados”.

Lá no meu interior, o cidadão decente, Lulu Félix, morava na entrada do subúrbio Maniçoba, em Santana do Ipanema. Baixinho, simpático, fala não muito grossa e arrastada, Lulu tinha um vasto círculo de amizade e jamais dispensava um paletó sem gravata. De vez em quando Lulu desaparecia, isto é, viajava para longe e, após alguns meses, ressurgia na terrinha. Imediatamente formavam-se rodas de conhecidos onde Félix estivesse. Lulu, então, começava a contar às novidades que presenciara pelo mundo. Cada episódio narrado era um espetáculo. Caso surgisse um ousado para afirmar que aquilo era mentira, Lulu respondia sempre com seriedade, ironia e paciência usando seu infalível e próprio chavão: “Você não viaja...”. Sim, como alguém pode contestar um fato distante se não viaja. Lulu não, Lulu viajava e era ele mesmo a testemunha ocular do que narrava.
Lulu Félix, aquele homem simples, divertiu muito as pessoas da sua época com os seus casos extraordinários, muitos narrados em livros que fizeram Félix virar imortal e folclórico como o maior mentiroso entre os três maiores de Santana.
Uma vez, porém, Lulu vacilou ao dizer que possuía um cachorro extremamente valente e que ninguém conseguiria roubar a sua casa, pois o cão não respeitava ninguém além do dono.
Depois de inúmeras outras conversas, um sujeito voltou ao antigo assunto e perguntou se Lulu não queria vender o cachorro. Parecendo ter esquecido tudo que havia dito, Lulu respondeu: “Eu não vendo porque um maloqueirinho sem vergonha roubou o meu cão”.
Ê gente... Quando li sobre as câmeras ferozes da Defesa Social que iriam apontar a bandidagem, “os maloqueirinhos roubaram as câmeras sociais”.
Diante do caso semelhante atestado pela Gazeta, talvez Lulu Félix não fosse mesmo mentiroso, mas apenas um colecionador do absurdo.







O BRASIL NÃO QUER OBEDECER          Clerisvaldo B. Chagas, 12 de fevereiro de 2015 Crônica Nº 1.365 Foto: (mapadacachaça.co...

O BRASIL NÃO QUER OBEDECER




O BRASIL NÃO QUER OBEDECER
         Clerisvaldo B. Chagas, 12 de fevereiro de 2015
Crônica Nº 1.365

Foto: (mapadacachaça.com.br).
No esticamento dos anos 50, na minha terra, Seu Antônio Bulhões, homem sério, digno e trabalhador, tinha espírito fabril. No espaço entre o Beco São Sebastião e a Rua Barão do Rio Branco, no comércio, o irmão do cônego Bulhões possuía fabriqueta de vinagre e aguardente.
O vinagre abastecia muito bem o consumo local. Já a aguardente, também servia para que um dos seus filhos peraltas embriagasse o jegue de entrega da mercadoria.
Certa feita, foram encontradas duas frases na parede da fábrica, lembra bem, João Neto de Dirce, o Primo Véi. A primeira, com o “S” de trás pra frente dizia: “Quando se pode é de vender mais barato”. A segunda era um apelo moral: “É proibido fazer sabão neste lugar”. Ora, já havia fábrica de vinagre e cachaça para que mais uma fábrica de sabão?
Para a época, na linguagem chula, “fazer sabão” traduzia-se por “xumbregar”.
Logo as piniqueiras e casais avançados passaram a respeitar o decreto da fábrica de Seu Antônio Bulhões.

Estamos em 2015 e ficamos sem entender porque a gasosa baixa de preço no mundo inteiro, menos no Brasil. Quanto mais o petróleo desce, mas a gasolina sobe, numa teoria matemática que nem meus antigos professores, Hernande Brandão e Ely, da Capela, conseguiriam resolver.
Não seria bem melhor que os postos de combustíveis colocassem a frase folclórica, mesmo com o “S” pelo avesso: “Quando se pode é de vender mais barato”? É um negócio da gota serena, diz um amigo da roça.
Quanto à frase: “É proibido fazer sabão”, está mais séria ainda. Agora o produto já vem embalado, encaixotado, fabricado em grande quantidade, nos becos, nas ruas, na Internet e mesmo nas orgias de alguns políticos republicanos.
Existe um desrespeito generalizado pela ordem expressa da fabriqueta de cachaça.
Ê, Seu Antônio Bulhões, o mundo está perdido! É uma saboaria só!