O LUTADOR E O PAPELÃO Clerisvaldo B. Chagas, 19 de fevereiro de 2015 Crônica Nº 1.370 (wikipédia) Como outros fãs do lutado...

O LUTADOR E O PAPELÃO



O LUTADOR E O PAPELÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de fevereiro de 2015
Crônica Nº 1.370

(wikipédia)
Como outros fãs do lutador, também ficamos perplexos diante do que nos foi reservado. Anderson mesmo não pode apenas ter ouvido falar de dificuldades na vida. Quem vem de baixo conhece muito bem a luta e o valor de cada posição conquistada. A grande maioria não teve o privilégio de chegar aonde o Aranha chegou. Com muita briga, raça e dificuldades sim, mas a meta atingida soa como privilégio de poucos. Tendo o mundo aos seus pés, em parte também pela humildade, o brasileiro jogou fora o respeito mundial nocauteando os seus admiradores.
Todos erram e até possuem o direito de errar. Mas agir como Anderson agiu e ainda procede, além de decepcionar, irritou os fãs que foram contemplando pedaços do ícone cair uns após outros.
E para não engasgar a garganta estreita com a decepção larga, melhor exibir apenas parte do bilhete vermelho:
A Comissão Atlética de Nevada (NSAC) resolveu suspender temporariamente Anderson Silva durante audiência realizada nesta terça-feira, em Las Vegas (EUA). O brasileiro já havia sido flagrado em um exame surpresa no dia 9 de janeiro, menos de um mês antes do UFC 183, quando venceu Nick Diaz, e voltou a ser pego nos exames pós-luta. O de urina acusou drostanolona, como no exame anterior, e o de sangue apontou para temazepam e oxazepam, substâncias que são usadas como sedativos e proibidas de acordo com a entidade. Com isso, o lutador fica impedido de voltar ao octógono até ser julgado pela NSAC”. (Evelyn Rodrigues).
 “Anderson Silva não apareceu na audiência e foi representado pelo seu advogado, Michael Alonso, que participou por telefone e pediu mais tempo para se preparar para uma audiência. Ele deve ser julgado em março pela Comissão Atlética. A tendência é que a vitória de Anderson sobre Nick Diaz no UFC 183, dia 31 de janeiro, se transforme em ‘No Contest’ (luta sem resultado), mas isso só deve ser oficializado após o fim do processo”. (Evelyn Rodrigues).
Estamos acostumados a perder, a ganhar e a torcer por nossa Seleção de Futebol, mas desde os 7 x 0 para a Alemanha, nunca mais seremos os mesmos.
Você até pode dar a volta por cima, Anderson, ninguém irá deixar de vê-lo na arena. Mas, cabra velho, nunca mais, nunca mais será a mesma coisa.

TERNO E GRAVATA Clerisvaldo B. Chagas, 18 de fevereiro de 2015 Crônica Nº 1.369 No descambar dos anos 60, ainda bebíamos água d...

TERNO E GRAVATA



TERNO E GRAVATA
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de fevereiro de 2015
Crônica Nº 1.369

No descambar dos anos 60, ainda bebíamos água das cacimbas arenosas do leito seco do rio Ipanema. O velho Panema ainda fazia a cidade crescer e progredir. Por trás do comércio havia o importante balneário Poço dos Homens, diversão principal de jovens e adultos. Poucos tomavam banho nu, porém, ao espremer os calções, alguns não tinham muito cuidado em relação ao casario situado a cerca de 80 metros, ribanceira acima.
Por isso ou por aquilo (já narramos esse fato antes) alguém foi dizer ao delegado civil, comerciante José Ricardo, sobre a falta de vergonha de alguns banhistas.
O delegado, então, proíbe severamente o banho com uso de calções. Para isso soldados ficavam entre o Beco São Sebastião, no comércio e a descida para o poço, atração gostosa da cidade.
Logo os maiores frequentadores do balneário entre as pedras lisas do Ipanema, tomaram conhecimento. E como Zé Ricardo era um homem de bem, mas de queixo duro, a rapaziada preferiu não criar problema com a autoridade e nem mais utilizar os calções da safadeza.
A solução encontrada foi descer para o banho de terno e gravata, mergulhando com roupa e tudo naquela delícia.
O caso “folclórico” foi comentado com riso frouxo durante semanas e meses às costas do delegado.

Diante da exigência moderna, vai ficando sem prestígio o do calção, da bermuda, das roupas afuleiradas ou mesmo os dos trapos comuns... O tapa sexo completo de cada dia. O olhar alheio para o caráter exemplar em roupa coletiva passeia do pescoço ao calçado.
O terno bota para correr o mau cidadão e rouba momentaneamente à dignidade de quem tem. É o homem enganando o próprio homem. A frase que se usa hoje como brincadeira, não passa da verdade embutida: “Homem de gravata eu respeito”.
Bem, por via das dúvidas, vá de terno mesmo compadre. Mesmo sem colete e a rima danada que ele tem.
Afinal, o que é o tempo senão as repetições das horas!
Sua ordem ainda tem prazo de validade, Zé Ricardo!

O CAVALINHO DE MANÉ Clerisvaldo B. Chagas, 17 de fevereiro de 2015 Crônica Nº 1.368 Foto ilustração (cavalos-animais.info). ...

O CAVALINHO DE MANÉ



O CAVALINHO DE MANÉ
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de fevereiro de 2015
Crônica Nº 1.368

Foto ilustração (cavalos-animais.info).
Subindo a colina do rio Ipanema, ouço a história contada pelo amigo Mileno Carvalho (hoje, aposentado magnata da Petrobrás). Um homem havia matado um veado. E, diante dos três filhos pequenos, falou dos seus planos: “Vou à rua vender esse veado e com o dinheiro da venda comprar um cavalinho para Mané”. Manoel era o filho mais novo. O rebento mais velho quebrou a sequência do planejamento paterno e disse, agitando os braços: “Eita!Vou montar e pular no cavalinho de Mané até matar!”. O pai, ignorante e juiz antecipado, pegou o filho mais velho e deu-lhe uma pisa, dizendo: “Isso é porque você matou o cavalinho de Mané”.
Se a anedota é da minha juventude, o sentido continua o mesmo na terceira idade.
Quando alguém disse que a nossa democracia ainda está engatinhando, parece ser puro realismo.  E os ideais de servir com honra, dignidade, desinteresse do homem voltado para o homem, não resistem nem às prévias da prática republicana do voto. As articulações sombrias de grupos têm início muito cedo, quando o patrimônio público já é espiritualmente fatiado. Reservadamente, o leão da quadrilha antecipada, perde inúmeras noites de sono, articulando seu bocado nobre. Com truques, astúcias e manobras, objetivos são atingidos e o grande cuscuz amarelo é fatiado pela faca titã, camuflada de cabo verde.
 No meio de tudo isso ainda surge certo senador de Alagoas para apresentar emenda visando dificultar o afastamento de políticos. Os caras de pau estão em todos os lugares porque a erva daninha prolifera muito mais do que o trigo.
Enquanto essa democracia não se levanta, anda e amadurece, os escândalos continuam acontecendo no vale tudo pelo poder à semelhança da Roma Antiga. Eles conhecem todos os pilares de pano e as brechas de manteiga das nossas açucaradas leis.
O povo... O povo? O povo, para eles é apenas o cavalinho de Mané.