ELES NOS TOMAM TUDO Clerisvaldo B. Chagas, 9 de março de 2015 Crônica Nº 1.382 Foto: (blogloyola) Numa rua sem calçamento, ...

ELES NOS TOMAM TUDO



ELES NOS TOMAM TUDO
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de março de 2015
Crônica Nº 1.382

Foto: (blogloyola)
Numa rua sem calçamento, poeirenta ou enlameada, onde automóvel era raridade, brincávamos de ximbra, pinhão e bola. Pegar bigu em carro de boi fazia parte da via animada, repleta de meninos, da Cadeia Velha à Rua de São Pedro. Uma espiadinha na fábrica de colchão de junco de Júlio Pisunha ou uma presença anual no pau de sebo ajudavam na criação da meninada.
Quanta falta de benefícios para ruas e bairros da minha terra! Quanta falta de oferta do poder público às crianças que ornavam os caminhos de Santana!
Certa feita, o prefeito Adeildo Nepomuceno Marques, resolveu caçar os meninos brincalhões das ruas. Os mesmos meninos que não tinham parques, praças, quadras, jardins, campo e nenhum espaço público de lazer. E lá vem o senhor Aloísio Firmo, travestido de juiz de menor, unha e carne com o prefeito (já abordamos esse assunto) montado numa burra, seguido pelo soldado Genésio, rua acima, rua abaixo dando carreira em garotos para lhes tomar ximbras, bolas e pinhões.
Menino da minha cidade preferia ver o cão ao senhor Aloísio Firmo e ao soldado Genésio, dois homens de bem, mas abusados do chapéu à burra, do quepe ao coturno.

Nos tempos de hoje não podemos mais confiar nos três poderes que formam o nosso país. Os escândalos se sucedem desde que o combate à corrupção foi iniciado com a primeira vitória: a prisão de um juiz, coisa nunca visto antes. Como a corrupção se estabeleceu de mala e cadeado, as avalanchas de escândalos vão se multiplicando. Ladrões e ladrões sem conta vão roubando o dinheiro público, diretamente dos poderes ou indiretamente nos hospitais, escolas, construções civis e muito mais. Vão sucateando o estado brasileiro e fazendo da gatunagem coisa rotineira como se tivessem (e têm) a maior autoridade e direito de assim proceder. Muitos estão agindo como traficantes de drogas que não têm mais medo de nada e não respeitam a ninguém.
No Japão, o descoberto, se suicida de vergonha. No Brasil o surpreendido debocha do denunciante. Não bastassem os casos lava-jato, Petrobrás, guabirus, taturanas e tantos outros, o jornal Extra de Alagoas empurra mais pedras ladeira abaixo sobre o Judiciário com figuras bastante conhecidas nesse estado pequeno, fora o caso fantasma da Assembleia.
60 anos depois de tomarem nossas ximbras, bolas e pinhões, tomam nosso dinheiro, chafurdam-se na lama e arrastam o país para o caminho da crise, da bancarrota e das armas. 
NÃO PERCAM QUINTA E SEXTA-FEIRA, "POLÍTICA SANTANENSE, O QUE SE FALA NAS RUAS PARA A PRÓXIMA ELEIÇÃO".

            CABOCLO VELHO NO CONGRESSO Clerisvaldo B. Chagas, 6 de março de 2015 Crônica Nº 1.381 Guilhotina. Foto (Wikipédia)...

CABOCLO VELHO NO CONGRESSO



            CABOCLO VELHO NO CONGRESSO
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de março de 2015
Crônica Nº 1.381

Guilhotina. Foto (Wikipédia).
O senhor Marinho Rodrigues, possuía armazém de secos e molhados, em Santana do Ipanema. Negociava no chamado prédio do meio da rua. Homem muito correto viera morar na cidade, depois de uma investida cangaceira em sua residência na zona rural. Foi o pai do primeiro médico formado por Santana, Clodolfo Rodrigues de Melo, a quem o grande hospital homenageia em seu título.
Seu Marinho despachava no balcão; passava troco, sempre reparando se havia alguma nota colada à outra, pelo tato e através da luz diurna, erguendo a nota, perscrutando-a.
José Malta, outro decente cidadão e contador de casos, boêmio nas horas vagas, comprou uma carteira de cigarros no armazém. Seu Marinho, que tinha o agradável hábito de tratar os homens como “caboclo velho”, falou: “Está aqui o seu troco, caboclo velho”. José Malta pegou algumas notas e, sem contar, coloco-as no bolso e saiu abrindo a carteira de cigarros. Lá adiante, porém, lembrou-se de contá-las: “Eita! Seu Marinho me deu dinheiro a mais, vou devolver o que passou”.
Ao retornar ao armazém, foi dizendo ao comerciante que o troco estava errado. Seu Marinho adiantou-se, não deixando o cliente continuar a conversa, afirmando com ênfase: “Aqui não se erra troco, caboclo velho”. Zé Malta rebateu: “Está certo, seu Marinho, muito obrigado”, e embolsou o que passava. Fato contado pelo próprio José Malta, aos seus amigos.

Lembrei-me da passagem acima, ao constatar que no Congresso, apesar da alta temperatura explosiva que se desenha, todos parecem ter conhecido Seu Marinho. No momento em que está para ser revelada a relação dos “santos”, alguns já perderam as estribeiras, exibindo o nervosismo da tacada no cocuruto que vem por aí rachando em baixo, a sola do sapato.
Lembra, compadre, aquele comediante que batia no bumbo e dizia: “É bonito isso!”?
Antes mesmo da explosão, tem muitos nobres se dizendo inocente.
Não afirmam a população que fizeram como Zé Malta, mas também asseguram que ali não se passa troco errado.
Enquanto isso, vem chegando a guilhotina, CABOCLO VELHO.


RESPEITÁVEIS SENHORES DE GRAVATA Clerisvaldo B. Chagas, 05 de março de 2015 Crônica nº 1.380 Prédio do Congresso. Foto (Marcia...

RESPEITÁVEIS SENHORES DE GRAVATA



RESPEITÁVEIS SENHORES DE GRAVATA
Clerisvaldo B. Chagas, 05 de março de 2015
Crônica nº 1.380

Prédio do Congresso. Foto (Marcia & Giancarlo).
Quando falávamos sobre as cidades alagoanas, pronunciei-me dizendo que Santana do Ipanema era uma cidade calma, boa de se viver. Um cidadão de Olivença, bem informado do submundo, disse-me com toda educação que ainda hoje a mantém: “Professor, é muito bom que o senhor não saiba dessas coisas. A cidade parece pacífica, mas se alguém bater com o pé em cima do tablado, ele desaba de podre”. Sabiamente, não contestei, mas passei a pensar no assunto de vez em quando.
Cerca de quinze depois, chegou àquela cidade o delegado Ricardo Lessa. Foi aí quando comprovei a veracidade da afirmação oliventina. Foi o delegado Lessa que bateu com o pé no tablado. Ratos, corvos e morcegos, assanharam-se numa debandada geral, cujos porões ficaram limpos durante o período do delegado no município.

Os respeitáveis senhores representantes do povo no Congresso, calmos e intocáveis, nunca ficaram tão nervosos como agora.
Veja a o que saiu no G1: “Cerca de 45 políticos de vários partidos são alvos dos pedidos de abertura de investigação feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), informou nesta quarta-feira (4) o Jornal Nacional”.
“Entre as suspeitas sobre esses políticos, há crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, investigados na Operação Lava Jato, que apura pagamento de propina e desvio de dinheiro da Petrobrás”.
Vá degustando leitor, sobre os nossos engravatados representantes:
“O Jornal Nacional apurou que dois dos nomes são os dos presidentes do Senador, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB)-RJ)”.
Muito “nego” sem dormir! Esse período até sexta-feira, quando os nomes deverão ser divulgados, vai provocar diarreia em muitos e ataque de nervos em outros, meu compadre, leitor.
Foi Ricardo Lessa bater a bota no tablado... Desculpe, foi Janot jogar o papelzinho para o Supremo, que a agitação sob o tablado começou. Só que esses não têm como “espanar, desertar, fugar... Estão presos na própria armadilha”.
Ah! Respeitáveis senhores de gravatas.