IBATEGUARA E O AMOR Clerisvaldo B. Chagas, 23 de junho de 2016 Crônica N 0  1.537 IBATEGUARA. Foto (mapio,net). Até que se ...

IBATEGUARA E O AMOR

 IBATEGUARA E O AMOR
Clerisvaldo B. Chagas, 23 de junho de 2016
Crônica N0 1.537

IBATEGUARA. Foto (mapio,net).
Até que se deslocar de Busão é divertido. Quando o bicho parou no sinal, a Van encostou ao lado com a faixa: Ibateguara. Como li em voz alta o nome da cidade alagoana, o motorista indagou: “O senhor é de lá?”. “Não, não...”. Aí o homem parece que estava inspirado e começou a falar do lugar. Não falava mal, apenas mostrava os seus conhecimentos. “E o senhor vai pesquisar em Ibateguara? Lá faz um frio da peste, pense! Olhe senhor, faz mais frio de que em Garanhuns. Ah, se fica perto de Pernambuco? Fica assim a uns vinte quilômetros, sabe?! Eita que frio eu passei ali”. Aguardei novas frases do homem.
“O Senhor viu o tanto de milho que a gente vai encontrando? A mão do milho vai baixar para vinte reais. O ano passado chegou a cinquenta. Esse milho que o senhor estar vendo é tudo daqui da região e que o ano passado não era”
Nisso, uma senhora, gritou: “Motorista, não vai entrar, não?!” O condutor bateu na testa que quase quebra os dedos. “Eita boba serena! É mesmo, dona! Desculpe aí”. E fez uma manobra feia em trânsito infernal e seguiu calado. A mulher não suportou o silêncio do homem e adivinhou meu pensamento brincante com uma ironia: “Parece que o motorista estar amando...”. O cabra de cinquenta anos desatou uma gargalhada de rapaz. “Ave Maria, como a senhora acertou?”
Era tudo que a mulher queria. Um diálogo divertido se estabeleceu, ilustrando a viagem curta daquela tardinha. Da minha parte, além de me divertir, aprendi um pouco sobre o milho, a safra, Ibateguara e o amor.
Vamos de busão, Maria?

Desenho propaganda. BUNDA DE FORA Clerisvaldo B. Chagas, 20 de junho de 2016 Cônica Nº 1.536 O cantador de repentes cantava...

BUNDA DE FORA

Desenho propaganda.


BUNDA DE FORA
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de junho de 2016
Cônica Nº 1.536

O cantador de repentes cantava com o olhar atento aos detalhes da plateia. Eis que entra no salão um matuto e fica em pé no canto da parede. O cantador esperou que seu parceiro terminasse os versos para pegar na deixa, como fazem todos os violeiros:

(...) a inteligência foge
Do doido e do incapaz.

Então, ele cantou:

Aqui chegou um rapaz
De roupa desconhecida
É calça tipo coronha
Que eu mais detesto na vida
É comprida pra ser curta
É curta pra ser comprida.

Mas o caso não é bem esse. Certa vez, meu pai teve a calça rasgada por um prego. Minha mãe apontou e ele respondeu: “E por isso que eu uso cuecas”. Estava justificado, vamos trocar as calças.
Com certeza todos já ouviram a história do rei que estava nu. No Brasil o negócio foi diferente. O povo já sabia de tudo. Mas, talvez cansado de pegar em armas, vai deixando para que outros tomem conta da tarefa que é sua. Os hospitais estão fechando, muita gente morrendo sem atendimento; nas escolas os escândalos não param. E todo o dinheiro do Brasil vai sendo desviado para os bolsos do Senado, da Câmara dos Deputados, dos Prefeitos, dos Vereadores e de funcionários privilegiados com salários incríveis que chegam perto das nuvens. Até quando o povo brasileiro vai clamar a Deus sem mover uma palha?!
Para não se prolongar, a tal lava jato funcionou como um prego bem grande que rasgou os fundilhos dos senhores elegantes da cara de... Todos ou quase todos estão querendo tapar o rasgão com os dedos diante dos apupos. Podem até vestir calças novas, mas o povo já viu que eles não usam cueca na bunda que defeca o dinheiro público.
 


OS MOCHILEIROS Clerisvaldo B. Chagas, 18 de junho de 2016 Crônica Nº 1.534 MOCHILEIROS. Foto (penutrilhainca). Com mochila ...

OS MOCHILEIROS



OS MOCHILEIROS
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de junho de 2016
Crônica Nº 1.534
MOCHILEIROS. Foto (penutrilhainca).

Com mochila às costas, a rapaziada descobriu que vale à pena correr trecho por esse mundão de Deus. Caso olhemos para o Brasil, iremos encontrar paisagens e mais paisagens rurais que reúnem grande parte dos cenários do mundo. O mochileiro parte cedo com seus equipamentos e, na base de informações, curte lugares deslumbrantes entre montanhas, chapadas, desertos, pântanos e vales incríveis.
Alguns mochileiros participam somente de caminhadas, outros praticam alguns tipos de esportes chamados radicais. Além de respirar o ar puro dos campos, encher-se de conhecimentos, conhecer de perto o seu país, o mochileiro presta um serviço sem igual à sociedade, particularmente, aos pesquisadores. Se nós não tivéssemos colocado a mochila às costas, Santana do Ipanema não teria ganhado seu grande documento: “Ipanema, um Rio Macho”.
Em nossas caminhadas estudando e fotografando para o livro “Repensando a Geografia de Alagoas”, vimos o belo e fantástico em todas as regiões do estado. Contudo, estamos sempre a precisar de detalhes que escapam. É aí onde entra o mochileiro que fotografa, publica e informa inclusive a altura de montes com seus aparelhos GPS. Talvez o mochileiro mesmo nem saiba da grande contribuição com o Brasil ao divulgar recantos naturais. Além disso, alguns anotam todo o trajeto de suas andanças, o que permite ao pesquisador alinhavar a sua incessante procura e conferir seus dados.
A facilidade da comunicação instantânea, hoje em dia, permite o acompanhamento das trilhas junto aos aventureiros. O cordão útil e relevante vai aumentando e tomando gosto em todas as regiões. Afinal só se ama o que se conhece.
Da nossa parte, obrigado aos mochileiros pela simbiose. Até o pico do próximo azul de montanha.