2.000 CRÔNICAS Clerisvaldo B. Chagas, 6 de novembro de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.000 Logotipo do au...

2.000 CRÔNICAS


2.000 CRÔNICAS
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de novembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.000

Logotipo do autor
Hoje agradecendo a Deus a força de escrever continuamente para o  mundo. Missão divina para informar, divertir com dignidade, alimentando a alma através da Cultura, de ricos, pobres, pretos, brancos e amarelos. Para preencher o espaço entre a publicação de um livro e outro, resolvemos escrever crônicas. Muda-se o estilo de romance, de documentário para a narração diária, curta, para um leitor ávido e carente. Fornecer cultura, conhecimento, atuar nos inúmeros segmentos humanos com respeito, clareza, segurança, ajudando o leitor e animando-o na caminhada da vida. Quando você me lê, me acalma e se conforta. É este o segredo da simbiose inspirada pelo Divino Espírito Santo.
Com mais de vinte livros produzidos, recebi da Escola Estadual Professora Helena Braga das Chagas, certificado do Título Escritor Símbolo de Santana do Ipanema, das mãos do, então, diretor Marcello Fausto. Posteriormente os meus leitores sertanejos ampliaram o título para Escritor Símbolo do Sertão Alagoano, pelas nossas divulgações constantes em favor do nosso querido semiárido. Claro que fiquei agradecido e resolvi adotar o indicativo popular. Graças a Internet, temos leitores também nos Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha e em outros países. Aumenta assim a responsabilidade das palavras ditas com respeito a todas as religiões e nações do GLOBO.
Quanto à fotografia do autor, no momento com 71 anos de Graças à Vida, mostra a marca registrada impressa em todas as crônicas e nas capas de trás dos livros publicados. Os livros atuais trazem também na capa de trás, a relação das obras do autor, para acompanhamento dos que apreciam os nossos trabalhos: literatura sadia, respeitosa, simples e de fácil “digestão”.
Novamente agradeço a Deus e aos leitores a marca das 2.000 crônicas alcançadas na WEB e as 200 publicadas na Rádio Correio do Sertão na voz de Edilson Costa, em Santana do Ipanema.
Abraços e considerações sem limites.








CARRITO, EVILÁSIO E PEDRO AGRA Clerisvaldo B. Chagas, 5 de novembro de 2018bom Escritor Símbolo do Sertão Alagoan o Crônica: 1.999...

CARRITO, EVILÁSIO E PEDRO AGRA


CARRITO, EVILÁSIO E PEDRO AGRA
Clerisvaldo B. Chagas, 5 de novembro de 2018bom
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.999
 
IGREJINHA DAS TOCAIAS. (FOTO: LIVRO 230).
É bom e altamente produtivo pesquisar os mais velhos. Foi assim que ouvi Carlos Gabriel, o Seu Carrito, bodegueiro bem de vida da Rua Antônio Tavares, em Santana do Ipanema. Bigode, chapéu, magro elegante e de fala mansa, Seu Carrito gostava de contar fatos locais. Tinha vocação, sem saber, para historiador. Na Semana Santa o bodegueiro promovia festejos como pau-de-sebo e casa-de-urtiga. Chegava gente de bairros distantes para apreciá-los. Foi seu Carrito quem me ajudou sem perceber a contar a história em crônicas soltas e livros da igrejinha do Bairro São Pedro. Igreja esta Iniciada em 1915 e somente concluída em 1937, através do comerciante Tertuliano Nepomuceno.
Evilásio Brito, moreno, forte, dono de fabriqueta de calçados, comerciante, gostava muito de contar casos de valentia. Amigo de meu pai, narrava em voz baixa, olhando para os lados. Quase sempre o tema girava em torno de aventuras da região de Pão de Açúcar.  Foi através das suas narrativas que pude resgatar a história da Igrejinha das Tocaias, episódio santanense do tempo do cativeiro. A narrativa foi feita em cordel e, recentemente, saiu à segunda edição, por sinal, bem aproveitada pelas escolas da cidade. De memória privilegiada, gostava de transmitir as importantes observações de Pedro Agra.
 Pedro Agra, comerciante, alto, forte, também possuía memória invejável. Não tive oportunidade de aproximação. Mas o homem descrevia bem as primeiras famílias santanenses e todo caldeamento possível.  Havia outras pessoas que contavam bem a história da região, mas o comerciante Pedro Agra pelo seu conhecimento e lucidez parecia o mais importante de todos. Deu uma fortíssima contribuição aos irmãos Floro e  Darci Araújo, no livro: Santana Conta Sua História, informando famílias e gerações do nosso povo. Foi o responsável pela história da Igrejinha das Tocais, passada ao, então, Evilásio Brito e colhida por nós.
Estamos apenas tentando não deixar morrer na vida santanense, os nomes valorosos que ajudaram a cultura da terra.

ALUMIANDO A VIDA Clerisvaldo B. Chagas, 2 de novembro de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 1.998 CANDEEiRO. (FOT...

ALUMIANDO A VIDA


ALUMIANDO A VIDA
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de novembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.998
CANDEEiRO. (FOTO: ANALISE AGORA).

Dona Zifina cortava flandres. Fazia candeeiro. Seu Tô, com chapéu raro de Polícia Montada, retelhava casas; Salvino consertava sombrinhas; Silvino manejava o serrote: roc-roc; Pé-Espaiado era ferreiro; Zé Gancho trabalhava o Zinco; Otávio Magro vendia carne-de-sol e Dona Maria Néris rezava o ofício de Nossa Senhora. Manezinho Quiliu, vindo de Olivença, mexia com bicas; Gérson batia sola; Maria Lula vasculhava casa; Zé Preto negociava bugigangas; Seu Né cubava terras; Flora vendia esteiras; Seu Antônio e Seu Quinca eram alfaiates e, finalmente, Zé Limeira fazia malas. Não éramos uma Grécia, mas bem que a Rua Antônio Tavares e arredores funcionavam como tal.
Josefina, dona Zifina, de voz metálica e artesã dos flandres, confeccionava candeeiro, canecos, aros de óculos: Rats, rats, rats, trabalhava a tesoura pesadona nos dedos ágeis da avó de Oscar Silva, futuro escritor. E numa terra que passou quatro anos no escuro, o candeeiro, a placa, a candeia, eram bênçãos divinas nas noites tremendamente escuras do Sertão. Santana do Ipanema precisava do Ferreiro, era ali pertinho. O sapateiro, o barbeiro, o menino de recado... Tudo estava ao alcance de um grito forte de sertanejo. E assim deslizava o tempo tão devagar quanto o carro de boi de Lero Carreiro. E quando o vento forte fazia redemoinho, a meninada encintava o vento: “Rapadura! Rapadura!”.
Durante as noites de lua, gente nas calçadas enroladas em lençóis, contando histórias de Trancoso, de almas penadas, fazendo adivinhações, identificando as estrelas. O ferro em brasa nas janelas, levando as cinzas do carvão. Candeeiro aceso na força do querosene, do gasóleo. Aqui, acolá, a passagem tardia de um malandro de jogo; um sopro forte no ferro de engomar; Uma golada d’água da quartinha com tampa de pano bordado, na janela tomando fresca.
Benditas mãos que confeccionavam as candeias de latas e nos tiravam do escuro.