BRASIL FOI MACHO Clerisvaldo B. Chagas, 3 de julho de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica; 2.138 MINEIRÃO. (FOTO: ...

BRASIL FOI MACHO


BRASIL FOI MACHO
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de julho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica; 2.138
MINEIRÃO. (FOTO: UOL ESPORTE).
Creio de verdade que o amor que o santanense tem pelo Ipanema, o arapiraquense tem pelo ASA, o palmeirense pelo CSE, o torcedor de Penedo pelo Penedense e assim cada qual ama o se clube. Foi com o jogo de ontem entre Brasil e Argentina que assoberbou a lembrança do “Canarinho do Sertão”. Para uma Seleção, cujos torcedores estavam ressabiados, tudo superou, mostrou personalidade e empolgou. E a lembrança do Ipanema veio pela equipe aguerrida na segunda metade do século XX, com seu grande torcedor chamado de número 1. Otávio Marchante, homem rude de voz grossa e querido por todos na cidade, rodeava o campo inúmeras vezes durante uma partida, gritando: “Bola rasteira, menino!”. E no mesmo embalo sempre apresentava ao adversário o jogador que lhe barrava a jogada: “Esse aí é Joãozinho...”.
Imaginamos o torcedor Otávio correndo pelo Mineirão, gritando loucamente, gesticulando, ofertando um espetáculo à parte no partidaço Argentina X Brasil. Não há no mundo uma coisa que não puxe outra em nosso pensamento, provando assim que tudo é interligado. Nada de mais comparar a grandeza da Seleção Brasileira com o desconhecido time da minha cidade. Desconhecido para a dimensão do Brasil, mas que levanta em nós as mesmas emoções quando acompanhamos sua trajetória. Não sendo uma cidade industrial, dificilmente uma diretoria consegue manter um time de futebol em nível elevado para competir. Infelizmente o nosso Ipanema faz parte dessa realidade.
Fora da primeira divisão esse ano, quem sabe se não voltará ano seguinte! Tristeza e lembrança de um lado, alegria nacional de outro, vamos vivendo e comparando os polos. O chato e falador “mais do que o homem da cobra”, Bueno, dessa feita foi até razoável, pois é insuportável querendo sempre roubar o espetáculo para si. Às vezes tenho que deixar a televisão no “mudo” para não ouvi-lo. Ah, como preferiria Otávio Marchante estimulando a torcida e gritando: “Aí é Firmino, aí e Jesus, Cebolinha!...“. “Bola rasteira, menino”.
Valeu Brasil! Alegrou o mundo.
Menos a Argentina.
Louvada seja a raça brasileira.


COLHER DE PAU Clerisvaldo B. Chagas, 2 de julho de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.137 COLHER DE PAU. (FOTO...

COLHER DE PAU


COLHER DE PAU
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de julho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.137
COLHER DE PAU. (FOTO: JULIANA DIAS/DIVULGAÇÃO).
Interessante são objetos típicos caseiros e nomes que resistem ao tempo. Pilão de torrar café, pilão de tempero... Colher de pau. Quando pensamos que esses objetos foram extintos, sempre nos deparamos com eles por aí. Quando falta na sua casa, eles estão na residência do amigo, na chácara, na fazenda, às vezes em lugares mais sofisticados do que o que se pensa. Também virou moda essas expressões em nome de casas comerciais e até mesmo em bandas de forró. No caso colher de pau, é um instrumento de madeira usado para mexer panelas, sem esquentar. Doceiras gostam muito de trabalhar com ela. A princípio utilizada pelos indígenas, perpetuou-se no manejo dos artesãos sertanejos, os mesmos que também faziam peças de madeira para promessas.
Certa feita, visitando Palmeira dos Índios, no Agreste alagoano, fomos levados pelo anfitrião a um restaurante, que ficava perto da linha do trem e do Aeroclube. Chamava-se Carro de boi. Disse-me o guia que o lugar era o novo xodó da cidade. De fato, espaçoso e limpo, além do título regional, correspondia. Havia um pequeno palco de madeira, pedestal de microfone e um violão na parede para qualquer cliente utilizá-lo e soltar a voz. Em outra cidade encontramos o Colher de Pau, já nem lembramos onde. Pessoas que gostam do regionalismo, geralmente capricham na decoração, mas conservam o lugar simples e chamativo.
O trabalho habilidoso do artesão evoluiu para fabriqueta, acrescentando alguns tipos de máquinas simples. Antes achávamos a colher de pau apenas nas feiras. Hoje vamos encontrá-la nos mercadões e estabelecimentos semelhantes. Até os antigos banquinhos ou tamboretes de madeira, são encontrados. Aqueles banquinhos para ordenha que atualmente estão sendo recomendados à dona de casa, para mexer sentada na parte inferior da geladeira. Isso ajuda a evitar problema na coluna. Não existe outro tipo de material que substitua a colher de pau, discriminada pela indústria. Assim, outro produto sertanejo é a vara de ferrão usada pelos carreiros e que serve também para vasculhar a casa. Essa você encontra nas feiras livres, tanto do agreste quanto do sertão.
Faltou apenas o cara de pau. Bem, esse você identifica facilmente na política brasileira.




VEM AÍ A PADROEIRA Clerisvaldo B. Chagas, 1 0 julho de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.136 INTERIOR DA MA...

VEM AÍ A PADROEIRA


VEM AÍ A PADROEIRA
Clerisvaldo B. Chagas, 10 julho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.136

INTERIOR DA MATRIZ DE SENHORA SANTANA. (FOTO: B. CHAGAS).
Foi embora o mês tão aguardado e querido das festas típicas e arrebatadoras. Junho entregou julho ao Nordeste com chuvas, friozinho e fartura, pelo menos nas Alagoas. Mas também é aguardado com muita expectativa o mês, geralmente mais chuvoso, coroando o tempo da bonança em nossos sertões. Espera-se a maior festa religiosa do interior em Santana do Ipanema, com sua padroeira Senhora Santana. O recesso escolar que era no período da festa, foi mudado pelo governo estadual que unificou o calendário para todos os municípios. Assim as escolas não ficaram completamente livres para louvar a padroeira. Mesmo assim, a medida não abalou a fé, a esperança e a devoção dos participantes dos atos da Igreja Católica.
Foi incorporada à abertura, a procissão dos carreiros, quando a imagem da padroeira sai de uma cidade circunvizinha com destino a sua Matriz, em Santana. Em torno de mil e quinhentos carros de boi, acompanham e participam ativamente da procissão, cuja imagem da santa é conduzida no carro da frente. Em relação ao padroeiro do Bairro Camoxinga, São Cristóvão, o início e com a procissão dos vaqueiros e veículos. Este mês repetir-se-á a grande festa que tem como novidade o espaço novo da antiga ponte do Urubu. Agora este espaço urbanizado recebeu o nome de Cônego Bulhões e oferece todo o conforto para grandes encontros na cidade. A Festa de Senhora Santana, ganhou mais volume e dinamismo com o tradicional carro de boi e o arraigado saudosismo.
A imagem de Senhora Santana chegou à região que se chamava “Ribeira do Panema”, em 1787, data oficial da fundação de Santana. Foi entronizada na igrejinha construída para esta finalidade, na fazenda do fazendeiro Martinho Rodrigues Gaia, a mesma igreja que hoje é a Matriz do município. Trazida da Bahia pelo padre Francisco José Correia de Albuquerque, a imagem de Senhora Santana fora um pedido da esposa do fazendeiro, Ana Teresa, primeira devotíssima da santa que também pedira a construção da capela.
O padre Francisco era penedense.
Assim Santana do Ipanema completa seus 232 anos de fundação, homenageada há dois anos com o nosso livro/enciclopédia “230”. VEM AÍ A FESTA DA PADROEIRA.