O SOLTEIRÃO DA VOLTA Clerisvaldo B. Chagas, 11 de maio de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.530   O rio Ipanema ...

 

O SOLTEIRÃO DA VOLTA

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.530


 

O rio Ipanema entra na cidade de Santana pela periferia onde foi construída uma barragem, hoje assoreada. Ao passar pela barragem em cerca de 800 metros, faz uma volta e desce ruma ao São Francisco. Essa curva do rio sempre foi chamada “Volta do Ipanema” e que depois ficou apenas “Volta”. Atualmente a referência está em desuso e a nova geração talvez nem saiba disso. Pois bem, um dos escritores santanenses da família Monteiro, escreveu que visitou a Volta, quando rapaz e deparou-se com uma casinha solitária naquele lugar, descobrindo que era habitada por um homem solteiro chamado Satuba. Travara diálogo com ele e ficara sabendo sua vida.

Satuba contou que amava muito a uma senhorita, mas por não ser correspondido, resolvera trocar o amor à jovem pelo amor à Natureza. Viera morar ali na Volta onde era muito feliz. Tinha o Sol da manhã, o perfume das flores, o canto dos pássaros e a paisagem toda que o cercava. O futuro escritor fora embora pensando no caso de Satuba, mas não fala mais sobre ele em seus escritos. Embora o caso tenha acontecidos há muitas décadas, também fiquei curioso com a referência “Volta” naquelas páginas. Conhecendo bem o rio Ipanema, resolvi visitar a Volta dos tempos passados.

Manhã convidativa, saí pela Rua Nair Amaral, Bairro São José, chegando até a parte final da via com acesso ao rio. Contemplei o longo areal do rio seco e iniciei a travessia contemplando as craibeira novas que nasceram nas rachaduras das pedras para se tornarem as rainhas do Ipanema. Craibeira, árvore símbolo de Alagoas. Na “Volta”, não encontrei vestígio algum da casa do personagem de Monteiro. Havia apenas uma residência nova de alpendre, cujo fazendeiro aproveitara a foz do riacho Salobinho, afluente do Ipanema, onde fizera barragem, desviando a foz do riacho. Como era bem perto do Matadouro dei um pulinho até ali. Matadouro fechado não vi pelos arredores “nem um pé de pessoa” com diz o sertanejo. Sim, os pássaros estavam ali, o Sol, o mundo, mato perfumado, paisagem bucólica e bela, conferiam com as desculpas do solteiro romântico do escritor.

Não encontrei vestígios da história, mas diante do cenário ribeirinho e da ausência de humanos, compreendi perfeitamente a solidão de Satuba, o solteirão da Volta.

SEGUI PELA RUA NAIR AMARAL (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

 

  CARACOL Clerisvaldo B. Chagas, 8 de maio de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica:2.528   Não, não é o caracol dos se...

 

CARACOL

Clerisvaldo B. Chagas, 8 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica:2.528


 

Não, não é o caracol dos seus cabelos, é a serra do Caracol no município de Santana do Ipanema. Estar encravada após os povoados São Félix e Óleo. Faz parte da região serrana e foi citado como marco de sesmaria no primeiro documento que se conhece sobre o nosso município. Sua denominação, ao contrário do que muita gente pensa, vem da sua forma física avistada de cima, parece com um caracol. Como quase todas as elevações da parte serrana, a serra do Caracol é bastante habitada e apresenta boa cultura frutífera, como a manga, por exemplo. Havia olhos d’água na região, inclusive, fontes da chamada água mineral.  Atualmente, o Povoado São Félix funciona como abastecedor e socorrista daquela área, cumprindo assim o seu papel de intermediário entre o campo e a cidade.

Informações dão conta de que o Óleo, quase encostado a São Félix, de quatro ou cinco casinhas e terreno esburacado de olaria, cresceu, desenvolveu, virou povoado e faz séria concorrência a São Félix, antigo povoado Quixabeira Amargosa. Ambos usam a boa política de levar benefícios para esses aglomerados que terminam de extrema utilidade para o restante dos entornos, a exemplos de escolas, postos de saúde, ambulância e investimentos particulares no pequeno comércio que caracteriza um povoado.  Quem pretende conhecer esses lugares, deixa a cidade de Santana do Ipanema pelo Bairro São Vicente, passando pelo Santuário de Nossa Senhora Guadalupe, sempre seguindo em frente até pegar uma estrada de terra que leva à serra do Caracol.

Caso o amigo ou amiga queira conhecer mais a zona rural, naquela direção, passando serras e grotas poderá chegar em ponto muito distante de inscrições rupestres no sítio Pedra Rica. Não tem tantas coisas assim, mas as inscrições que são encontradas nas abas de um grande lajeiro podem deixar qualquer pessoa satisfeita. Daí originou-se o nome do sítio Pedra Rica, pois se acreditava que as inscrições indígenas indicavam um tesouro escondido, porém a riqueza são as próprias inscrições na pedra.

Diversos pesquisadores têm chegado até ali, vindo dos mais diferentes estados, mas ficam “batendo fava” diante dos estranhos desenhos. Pode-se chegar à Pedra Rica também seguindo pela cidade e município de Dois Riachos...

Mas, primeiro beba uma água fria na serra do CARACOL.

INICIE A JORNADA PELO SANTUÁRIO DE N. S. DE GUADALUPE, NO BAIRRO SÃO VICENTE. (FOTO: LIVRO 230/B. CHAGAS).

 

  O ARSÊNIO Clerisvaldo B. Chagas, 7 de maio de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.528 Não sabemos quem construiu, no...

 

O ARSÊNIO

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.528

Não sabemos quem construiu, no século passado, o Hospital Dr. Arsênio Moreira, em Santana do Ipanema, Alagoas. Mas o enorme edifício horizontal foi inaugurado no governo municipal Dr. Henaldo Bulhões Barro, no segundo ano da sua gestão, em 16. 01.1971. O local escolhido ficou na área “filé” e central, parte baixa do Bairro Camoxinga. Ainda nem havia calçamento por ali, somente terreno poeirento e nu naquela área nobre da cidade. Ali perto já existia o Grupo Ormindo Barros, que havia sido fundado em 1954, à cerca de 400 metros de distância do hospital que estava sendo inaugurado. O grupo representou uma espécie de independência do Bairro Camoxinga, consolidada pelo surgimento do hospital pioneiro da terra.

Muito mais tarde, após calçamento com paralelepípedos, foi construída uma praça moderna e de canteiros suspensos, bancos sem encostos, longos e em curvaturas, defronte o hospital. Esta foi a segunda praça do Bairro Camoxinga, inaugurada em 24.04.1980, no governo Genival Tenório. Praça sem nome, ficou sendo apontada pelo povo como Praça do Hospital ou Praça de São Cristóvão. A placa de inauguração foi roubada por vândalos, não sabemos se vândalos oficiais ou vândalos de rua. A primeira praça do Bairro Camoxinga havia sido construída defronte o Grupo Escolar Ormindo Barros, no mesmo período da Escola, com o nome de Praça Siqueira Campos.

Houve época em que foi acrescentado no título da Unidade hospitalar a palavra Maternidade, ficando Hospital e Maternidade Dr. Arsênio Moreira. O hospital foi a pedra fundamental para a implantação definitiva da medicina em Santana do Ipanema e sua consequente evolução. Quando foi inaugurado o novo hospital chamado Hospital da Cajarana – governo Marcos Davi – o hospital antigo ficou ocioso, fechado e estado deplorável. Recuperado como prédio gigante e útil, funciona nos dias atuais como Secretaria de Saúde.  É bom salientar que desde a sua inauguração, ainda tem cômodos projetados e não construídos. O retrato grande do homenageado, afixado na sala de espera, foi parar no museu da cidade.  

O Hospital e Maternidade Dr. Arsênio Moreira, tem a sua história própria, ainda não escrita em um bom livro, por alguém a ela ligado.

HOSPITAL DR. ARSÊNIO MOREIRA NOS PRIMÓRDIOS (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO).

Dr. ARÊNIO (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO).