FINAL DE EXPEDIENTE Clerisvaldo B. Chagas, 24 de maio de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.539   Saudoso das n...

 

FINAL DE EXPEDIENTE

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.539

 


Saudoso das nossas andanças pelas ruas da cidade, fomos à noitinha visitar a região do quadro da feira. Ficamos a contemplar o início da noite na boca da Rua Tertuliano Nepomuceno que, popularmente já foi chamada de Rua do Cabaré, Rua dos Porcos e Rua das Toldas. O seu nome oficial homenageia o, então, comerciante Tertuliano Nepomuceno. Essa via talvez tenha sido a primeira iniciada após o quadro comercial propriamente dito, para comércio pequeno. A rua era muito curta ainda quando abrigou algumas casas de prostituição da cidade. Em dia de feira, esta se prolongava adentrando uns cem metros por ali. Passos adiante do Mercado de Carne, a Rua Tertuliano abrigava a feira de galináceos, de artesanato de palha (abanos, chapéus e esteiras de piripiri e de caboclo); artesanato do barro (quartinha, panelas, jarras, potes, brinquedos como bois e éguas de caçuás); varas de ferrão e cangas para carro de boi; fileira de toldas para almoço e café. Mais adiante, na entrada lateral para a Rua do Barulho, à tradicional feira dos porcos com suínos grandes e bacorinhos nos engradados.  

À medida que o progresso foi chegando, a rua se foi estirando até o chamado Aterro (hoje, trecho urbano da BR-316). Levou com elas as casas de prostituição para a antiga Matança e entorno do Aterro. A Tertuliano Nepomuceno, de muita pobreza, começou a ser valorizada quando o Sr. Frederico Rocha, antigo interventor de Santana na década de trinta e já em decadência social, construiu ali a sua nova moradia, única com primeiro andar. Houve muitas modificações de lugares de artigos de venda da feira que migraram para outros extremos.

Atualmente a Rua Tertuliano Nepomuceno, tornou-se importante desafogamento do Centro Comercial, lotado. Possui um movimento de comércio popular bastante intenso, embora ainda seja considerada uma via apegada ao passado.

Boca de noite, cães vadios ladram, brigam e namoram nas imediações do Mercado de Carne, onde buscam restos de comida. Mototaxistas vão abandonando seus pontos e se recolhem. Um supermercado aguarda já sem movimento a hora de encerrar a faina do seu dia.  Começa agora um movimento descansado para outros personagens que compõem o mundo noturno.

Esse escritor solitário fotografa, recorda e testemunha a rua que resistiu à História.

FINAL DE EXPEDIENTE (FOTO: B. CHAGAS).

  LAJEIRO GRANDE Clerisvaldo B. Chagas, 21 de maio de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.538   Uma cidade surge d...

 

LAJEIRO GRANDE

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.538





 

Uma cidade surge de uma simples fazenda de gado, de um garimpo, de um engenho... De uma capela, de uma fonte d’água ou de outra coisa qualquer conforme sua predestinação não permitida aos humanos. Maceió veio de um engenho, Santana do Ipanema veio de uma capela e assim por diante. Assim também se formam os bairros de qualquer cidade. Veja: Olaria (Rio de Janeiro), Serraria (Maceió), Monumento (Santana do Ipanema).  Revisando novos arquivos, fomos encontrar o Bairro Lajeiro Grande em Santana que foi desdobrado do grande Bairro Camoxinga e já se desdobrou em outros como Pedrinhas e Quilombo, ainda não oficiais.

Uma igrejinha foi erguida no topo do maior lajeiro daquela extremidade do Bairro Camoxinga em 1958. Havia sido uma promessa do Sr. Adeildo Nepomuceno Marques, cidadão que chegou a ser prefeito de Santana do Ipanema por três vezes, alternadas. Tempos depois, o industrial do algodão, Domício Silva, fez doação de um sino para a citada igrejinha. Com o passar dos anos, a igrejinha foi ampliada. As terras do seu entorno foram colocadas à venda por alguns proprietários da localidade. Muitas casas foram construídas e mais tarde as ruas receberam pavimentação em paralelepípedos. A expansão foi enorme. O Lajeiro Grande passou a ser nome de bairro, expandiu-se e deu origem a outras localidades. A implantação da Cohab Nova defronte ao Cemitério Santana Sofia, foi um elo importantíssimo entre o antigo Bairro Camoxinga e o Lajeiro que se agigantava.

Atualmente a igreja não é mais do padre Cícero, mas sua imagem continua defronte a igrejinha colocada ali pelo, então, prefeito Isnaldo Bulhões, transferida do Alto da Fé (Serrote Pelado). Formou-se ao fundo da Cohab Nova um comércio dinâmico que emenda com à Rua Santa Sofia e desce até o Centro Comercial da cidade. Lajeiro grande adquiriu muito vigor no seu desenvolvimento. Seu comércio é básico mais dinâmico: mercadinhos, restaurantes, salões de beleza, entregas de água e gás, farmácias, bares e outras prestações de serviço que ajudam a circular o dinheiro que desce e sobe a Avenida Santa Sofia.

Sua marca registrada continua sendo o lajeiro que o caracteriza. Como essa região é muito alta e plana, o seu mini clima é excelente.

Visite o Bairro e sinta o seu palpitar.

LAJEIRO GRANDE COM IGREJA REFORMADA (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO.

  OS TRÊS DA HISTÓRIA SANTANENSE Clerisvaldo B. Chagas, 20 de maio de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.537   Dest...

 

OS TRÊS DA HISTÓRIA SANTANENSE

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de maio de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.537 



Destacamos hoje três edifícios despercebidos, esquecidos, invisíveis que participaram ativamente da história cultural e da Educação do povo de Santana do Ipanema.

O mais velho do trio, é o prédio multiuso, fundado na Avenida Nossa Senhora de Fátima, defronte o hoje Restaurante Xokante’s. Fundado em 1951, pertence à prefeitura e funcionou com inúmeras funções, entre elas abrigou o museu que se iniciava em 1959. Continua funcionando, não sabemos, porém, com que atividade. Trabalhou muito na parte educacional, inclusive servindo também de depósito de material escolar.

O segundo prédio corresponde a uma escolinha acanhada, construído no antigo Bairro Barragem às margens da BR-316. Foi inaugurado em 1956, com o título de Escola Manoel Xavier Acioly e tinha o intuito de educar a criançada daquela região periférica de Santana do Ipanema. Passou por reformas não está com tanto tempo assim, melhorando também seu visual externo. Foi a pioneira na área além da Ponte da Barragem e sua contribuição, embora invisível pela distância do Centro e das grandes escolas continua altamente relevante primordialmente para os Bairros Barragem, Clima Bom e boa parte da área rural.

O terceiro prédio, ainda mantém na sua fachada o nome Escola Branca de Neve, é apertado, parede e meia entre residências situado à Rua Delmiro Gouveia. Fundado em 1976, fica defronte ao atual e conhecido Restaurante Zé de Pedro. Atualmente a Escola Branca de Neve funciona como anexo da Escola Durvalina Pontes, bem como a escola da barragem.

Esses prédios, como foi dito acima, tornam-se indiferente aos transeuntes, aos distraídos e aos indiferentes, porém têm um alto conceito educacional (as escolas) na hierarquia municipal da Educação e no segmento pais de alunos. Para a sociedade, geralmente as escolas pequenas não chamam atenção como a de edifícios volumosos, entretanto, a qualidade do ensino está sempre em destaque entre os componentes da Educação. Ambas as escolas continuam prestando relevantes serviços à população santanense. Uma visita de cortesia alegra visitas e visitados. Experimente! Quanto ao prédio multiuso, o nome já diz tudo. Só em ter sido a primeira sede do museu já procede sua bela história particular.

Conhecer a terra em que nasceu, faz um bem danado!

A propósito, você sabe quem foi Manoel Xavier Acioly?

ESCOLA MANOEL XAVIER ACIOLY (FOTO: B. CHAGAS/ LIVRO 230).