VIAJE BEM Clerisvaldo B. Chagas, 8 de junho de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano  Crônica: 2.549   A Ordem de Serviço do go...

 

VIAJE BEM

Clerisvaldo B. Chagas, 8 de junho de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

 Crônica: 2.549


 

A Ordem de Serviço do governador para o início da duplicação do trecho de rodovia Arapiraca – Olho d’Água das Flores, deslumbra melhores dias para Agreste/Sertão. Na realidade, a duplicação total será de Maceió ao Alto Sertão de Delmiro Gouveia, extremo oeste das Alagoas. Para quem não conhece esse trajeto, podemos esmiunçar para entendermos a grandiosidade da obra.

Chegada à duplicação da rodovia Maceió – Arapiraca, esta continuará até o município de Delmiro Gouveia, assim: Arapiraca (Agreste) chegando ao Sertão através de Jaramataia, depois Major Izidoro (acesso) Batalha, Jacaré dos Homens, Monteirópolis e Olho d’Água das Flores. Daí pega o entroncamento que leva até São José da Tapera, outros acessos, até o novo entroncamento em Olho d’Água do Casado daí ao município de Delmiro Gouveia.

Também do entroncamento de Olho d’Água das Flores, pode, de um lado, se chegar a Palestina e Pão de Açúcar (sem duplicação) por outro lado, pode se chegar a mesma Delmiro Gouveia (sem duplicação) desse entroncamento via Santana do Ipanema, povoado Carié. Do entroncamento de Olho d’Água do Casado, pode-se chegar até Piranhas (sem duplicação).

Quanto a Santana do Ipanema, pouco mudará, em relação à capital. As duas antigas opções permanecerão válidas. Ida a Maceió via Palmeira dos Índios (a mais utilizada) ou via Arapiraca, menos utilizada. Pode até ser que a duplicação da segunda, estimule, mas talvez a tradição permaneça.

Ganharão com a pista dupla o turismo interiorano, bastante viciado ao litoral, a segurança dos viajantes, o escoamento da produção sertaneja, a melhora das cidades para o recebimento de turistas, como exemplos, a construção da orla de Pão de Açúcar e a inclusão de Santana do Ipanema no roteiro do Cangaço, novos empreendimentos aplicados na Bacia Leiteira, no Médio e Alto Sertão e no Sertão do São Francisco, entre outras coisas boas que chegam de repente sem ninguém esperar. Um bom momento para industrializar às margens do Canal do Sertão, a exemplo de Petrolina.

A fé continua viva.

A fé não pode morrer.

ARAPIRACA (FOTO: B.  CHAGAS).

  MARIA FUMAÇA Clerisvaldo B. Chagas, 7 de junho de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.548 Louvada a ideia de ressu...

 

MARIA FUMAÇA

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de junho de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.548


Louvada a ideia de ressuscitar a Maria Fumaça, em Maceió. Os anais marcam a história dos trens em Alagoas, como uma das mais belas da nossa terra e que hoje implanta saudade dos áureos tempos que buscavam com denodo o progresso para todos. Os trens de Alagoas que nos primórdios competiam com o caminhão, transporte cargueiro de extrema valia numa época de burros, cavalos e carros de boi, também rodavam pelos sertões onde a Maria Fumaça ainda não chegara. Trem de Viçosa a Quebrangulo, de Quebrangulo a Palmeira dos Índios, de Palmeira dos Índios para o Agreste de Arapiraca rumo ao rio São Francisco na presença de Porto Real de Colégio. Uma saga impagável que entrou em romance de Graciliano Ramos, de Adalberon Cavalcante Lins e de Clerisvaldo B. Chagas (Deuses de Mandacaru e Fazenda Lajeado).

Fazer a velha máquina da Maria Fumaça rodar novamente em Maceió, pode atrair milhares de turistas, gente da história e curiosos em geral. Pelo menos em parte os episódios épicos poderão ser mostrados num simples passeio pela capital, sítios e usinas, antigos engenhos transformados. O que temos atualmente são as imagens de antigas estações acabadas pelo abandono ou transformadas e trilhos semienterrados no solo coberto de capinzal. Interessante é o vai-e-vem das coisas, acabaram com as ferrovias em troca pelo pneu e agora querem o “mói de ferro novamente no Brasil.

Sobre Alagoas, na época em que o trem de ferro descia de Quebrangulo para Palmeira dos Índios, houve um projeto para que a linha férrea chegasse até o Sertão de Santana do Ipanema, registro do escritor conterrâneo Oscar Silva. Suponhamos que o desinteresse político sertanejo, tenha dado asas a outras lideranças que conduziram a Maria Fumaça para o agreste de Arapiraca e ao baixo São Francisco com Porto Real de Colégio. Em Santana do Ipanema e Sertão, nem o cheiro de fumaça da Maria! Para que o trem em Santana, meu Deus! Para ser extinto em pouco tempo como o de Palmeira dos Índios que mantém a máquina em museu da cidade.

Em Santana do Ipanema, bastava as mungangas de um doido que havia nos tempos de Oscar. Ganhava uns trocados para imitar o trem, enchia o peito de ar, batia as “asas” e soltava um apito alto e forte da gota serena! Estava ali o trem sertanejo

MARIA FUMAÇA (FOTO: DIVULGAÇÃO).

  O SERTÃO E O CANAL Clerisvaldo B. Chagas, 4 de junho de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.547   Pesquisando e es...

 

O SERTÃO E O CANAL

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de junho de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.547


 

Pesquisando e escrevendo o livro “Repensando a Geografia de Alagoas”, fomos parar no Alto Sertão alagoano no município de Delmiro Gouveia buscando o ponto extremo Oeste, hoje coberto pelas águas de grande barragem. Atravessamos para Pernambuco e fomos almoçar no lugar Volta do Moxotó. Tiramos belíssimas fotos dos municípios de Maravilha, Canapi, Delmiro Gouveia e mesmo do Alto Sertão de Pernambuco. O livro de alto nível encontra-se pronto, porém, engavetado. Não houve da nossa parte nenhuma tentativa de publicá-lo uma vez que não temos mais a matéria específica nos currículos escolares.  Caso haja interesse do município ou do estado, basta alguns retoques e estará à disposição de Alagoas.

Uma das coisas que nos chamou atenção e que fizemos questão de visitar, foi um trecho sertanejo por onde passa o famigerado Canal do Sertão. Como a tal obra não comtempla o município de Santana do Ipanema, deslocamo-nos em direção a Olho d’Água do Casado e o encontramos ainda em território delmirense. No lugar onde estávamos, não havia uma só residência pelos arredores. Somente Natureza, secura e solidão. Sem ninguém para informar alguma coisa, aproximamo-nos do canal em um ponto interessante e testemunhamos com a nossa própria máquina, a pujança da obra e a inteligência da engenharia.

Fomos após continuar a nossa jornada de retorno a Santana do Ipanema contemplado e registrando a paisagem das planuras de Delmiro Gouveia, as muralhas montanhosas da região serrana e a hidrografia representada pelo rio Capiá, o mais importante da região onde nós estávamos. Porém, o Canal do Sertão continuou por muitos dias povoando a nossa mente, não somente pela sua estrutura física, mas pelas dúvidas da sua verdadeira utilidade para o amanhã.

Achamos as divulgações longe uma das outras e insipientes. Não sabemos se foi a pandemia que arrefeceu os motivos da Imprensa e dos políticos ou porque a obra que ainda não ultrapassou a fronteira com o agreste deixou de ser novidade.

Acorda, Sertão!

TRECHO DO CANAL DO SERTÃO EM DELMIRO GOUVEIA (FOTO: AGÊNCIA ALAGOAS).