FALTEI PELA FALTA Clerisvaldo B. Chagas, 16 de fevereiro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.840   Dedicado n...

 

FALTEI PELA FALTA

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de fevereiro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.840

 



Dedicado nos últimos dias à elaboração de documentos importantes para entrega, isolei-me da mídia da terra. E por estar desligado do mundo imediato, perdi a convite da mídia de lançamento de livro. Mas não foi um lançamento de livro qualquer. Foi um trabalho cobiçado, anunciado e aguardado com ansiedade pelos apreciadores do mundo cangaceiro. Afinal de contas, tratava-se de um livro escrito com relatos de mãe cangaceira de Sílvio Bulhões, Dadá, mulher do cangaceiro Corisco, o mais famoso do bando, após Lampião. Somente quando voltei à mídia santanense, descobri que o lançamento tão aguardo durante anos, e até cobrado por mim ao autor, acabava de ser lançado.  

Assim perdi de prestigiar e rever o meu antigo colega de Magistério, hoje com deficiência visual e idade avançada, presente incomparável do Senhor dos Mundos. Agora tenho que correr atrás para tentar obter a obra que também escorregou das minhas mãos. Trata-se do livro “Memórias e Reflexões de um Filho de Cangaceiros, Corisco e Dadá”. Silvio é formado em Economia, trabalhou no DNER e foi professor de Matemática, dos bons, em nossa cidade. Era muito amigo do professor Alísio Ernande Brandão que nos contava muitas aventuras, cujos personagens centrais era ele e Sílvio Bulhões. Quando Silvio era professor do Ginásio Santana, eu ainda era estudante naquele estabelecimento, mas não tive o prazer de tê-lo como professor. Silvio já estava deixando o Ginásio com novo projeto de vida. Uma vez concursado, fui para a Escola Estadual Deraldo Campos e mais uma vez encontrei Silvio já de saída, ocasião que foi morar em Maceió.

Com certeza seu livro será muito disputado nos Sertões do Nordeste inteiro, mas para mim muito mais importante do que a obra, teria sido o abraço no autor, o dever incondicional de prestigiar a sua nobre e queridíssima presença na terra de senhora Santa Ana. Almejo ao escritor Silvio Bulhões toda a felicidade do mundo, parabenizando-o pela obra tão amplamente esperada dentro das grandes realizações dos seus desejos.

  FREI DAMIÃO É FORTE Clerisvaldo B. chagas, 15 de fevereiro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.839          N...

 

FREI DAMIÃO É FORTE

Clerisvaldo B. chagas, 15 de fevereiro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.839

 



       Não sabemos bem o que aconteceu na Praça Frei Damião, em Santana do Ipanema. Apesar de modesta e de bairro, havia sido abraçada pela juventude e se tornado o novo “point” da cidade. Às sextas, a bebedeira era grande, a enxurrada de motos e “cocotas” a beber, namorar e comer churrasquinho. Isso até incomodava a Central de Velórios defronte, do outro lado da rua. Mas, como se vê em situações assim, existem muitas polêmicas, discussões e ojeriza à boca miúda. A praça Frei Damião está localizada em um largo onde quatro ruas convergem e divergem da praça. Ultimamente, á noite, num “tour” pela cidade, paramos e fotografamos a sua quietude que  surpreendeu. Parecia até nunca ter havido nada ali, devido à normalidade noturna, inclusive com o movimento em mercadinho famoso recostado ao logradouro.

             Enquanto isso, o Largo Maracanã continua com um tráfego intenso, principalmente à boquinha da noite. Centro principal do Bairro Camoxinga, além de seis ruas que ali despejam, ainda é cortado pela BR-316. O comércio e a prestação de serviços, mesmo sendo modestos, tem uma intensidade incrível. O movimento pedestre gira em torno de restaurante popular, farmácia, padaria, casas de lanches, artesanato, bancas de feira, serviços de Internet, ponto de transportes, clínica médica, salão de sinuca, bares e lava-jato. E quando o centro comercial de Santana, fecha, tudo ali vira deserto. Quem não acha o que procura até à meia noite, em outras regiões, vai encontrar vidas em atividade no iluminado Largo do Maracanã.

Quanto ao Carnaval que se aproxima, já acabou na cidade desde o final do século passado. Já naquela época os foliões se viraram para outras frentes e foram em direção à Piranhas e Pão de Açúcar, deixando o Carnaval santanense às moscas. Atualmente, as duas cidades do São Francisco também perderam o interesse na cabeça dos brincantes da “Rainha do Sertão”. Claro que ainda existe um ou dois carros de som fazendo zoada em alguns lugares da cidade e talvez meia dúzia de beberrões aqui ou acolá querendo ressuscitar Lázaro, mas o Carnaval santanense morreu e as diversas tentativas de oxigenar o morto nunca deram certo.

E se no Recife tem o galo da madrugada, em Maceió o pinto da madrugada, em Penedo o ovo da madrugada... Em Santana do Ipanema tem a galinha morta da madrugada. Ê...

 

  SÃO BRAZ Clerisvaldo B. Chagas, 6 de fevereiro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica:2.838   São Braz foi médico, ...

 

SÃO BRAZ

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de fevereiro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica:2.838

 



São Braz foi médico, padre, bispo e mártir da Igreja. A devoção popular a São Braz que nasceu e viveu na Armênia, também tem lugar em Alagoas, tanto em famílias específicas quanto no coletivo do município ribeirinho do São Francisco, São Brás. Embora seja padroeiro de tantas coisas, o santo é mais lembrado como o protetor da garganta contra os seus males. Isto devido – quando ia para o martírio – ter curado uma criança de colo que estava morrendo devido a uma espinha de peixe atravessada na garganta. Havia sido um pedido da mãe da criança que ficou boa (a criança) após oração do bispo. Ainda hoje no mundo sertanejo se grita por São Braz quando alguém se engasga até mesmo com água. E na própria Igreja tem a bênção da garganta e a evocação ao santo protetor.

Existe até a brincadeira em que na hora do engasgue simples, pessoa que está por perto exclama e até bate nas costas da engasgada: “São Braz, São Braz, na panela tem mais...!”, insinuando também gulodice na comida.

Em Alagoas, a cidade de São Braz já pertenceu a sua vizinha Porto Real de Colégio e levou bastante reveses políticos e jurídicos para alcançar definitivamente a sua emancipação. A região de núcleo Arapiraca, tem na cidade de São Brás, o acesso mais próximo às praias de água doce do rio São Francisco, diferentemente da nossa Santana do Ipanema, cujas praias fluviais se baseiam principalmente nas das cidades Piranhas ou Pão de Açúcar, distante uma da outra e que são alcançadas por rodovias distintas a partir de Olho d’Água das Flores, entroncamento. O município de São Brás, recebeu a sua denominação após crianças encontrarem em uma ilha próxima, a imagem do santo protetor da garganta. A comoção foi tanta que a proposta do nome foi aceita. (temos uma tese sobre essa descoberta no livro “Barra do Panema, um Povoado Alagoano”, ainda inédito.

E assim, segundo a literatura do santo, São Braz é ainda protetor dos otorrinolaringologistas, dos pecuaristas e das atividades agrícolas. O homem de Sebaste, Armênia, tinha muita fé e curava as pessoas no corpo e na alma. Quanto ao São Brás no rio São Francisco, ainda alimentamos a esperança de conhecê-la, assim como a cidade de Traipu.

Afinal, São Brás com “S” ou São Brás com “Z”, continua tratando da garganta dos seus seguidores.