SOBRE MIM
Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
O CANGACEIRO MOCIDADE Clerisvaldo B. Chagas, 25 de março de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3. 027 Para quem...
O
CANGACEIRO MOCIDADE
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de março de
2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3. 027
Para quem gosta dessas ladainhas de
cangaceiros, cumpre-me trazer a lume um cabra dos anônimos do bando de
Virgolino Ferreira, o Lampião. Neste espaço, tenho me referido ao Filemon,
homem do povo, simples, educado e muito calmo, devagar. Não sabemos se era de
Santana ou chegara a Santana. Quando conheci o casal, Filemon e Júlia foi em torno
dos anos 60. Ela possuía banca na feira, onde vendia comida caseira. Muita
desbocada, dona Júlia. Ele, Filemon, era alto, escuro igual à mulher e poderia
ser localizado na casa dos 60 anos de idade ou mais. Sobre sua atividade, só conhecemos o ato de
fazer saborosas comidas para festas, para clubes, sendo mestre na feijoada, no
abate e preparo de cágados (jabutis), muito apreciados na época.
Ele nos contava: era padeiro em vila Mariana,
Pernambuco. Certa feita, Lampião passou por ali com o bando, convido-o. Convite aceito partiu com o bandido sertão
afora. Recebeu todos os equipamentos de guerra e passou a ser conhecido por MOCIDADE. Passou a cozinhar para o bando e
participou do sequestro de coronel famoso em Águas Belas. Explicou por que
Lampião não matou o coronel e toda a sua explicação coincide com livros que
falam do assunto. Seis meses do seu ingresso no bando, fugiu, afirmando a si
próprio que não nascera para aquela vida. Por ser calmo e paciente, servia às
vezes de chacota para o amigo Zé Chagas, homem piadista nato, em Santana do
Ipanema. A vida do primo Zé Chagas, daria um livro completo, por sinal, rimos
muito no lançamento do livro em Maceió, lembrando suas brincadeiras inusitadas.
Fo ali que descobri o nome do CANGACEIRO, através de outro primo, Zé Ormindo.
Pois, estão aí agora, os dois únicos
cangaceiros santanenses que se tem notícia. Gato Bravo e Mocidade. Com estilos
completamente diferentes, possuem a coincidência de fuga de cangaço.
Entretanto, a nossa cidade nunca alimentou histórias de cangaceiros. Sempre foi um limbo total na
tradição do município desde a grande festa de cabeças de 1938. O nome
descoberto e apresentado à sociedade e aos estudiosos foi apenas um desencargo
da consciência de quem teve acesso.
Estamos indo, fui.
CAPA DE LIVRO (FOTO: B. CHAGAS).
AFOGADOS Clerisvaldo B. Chagas, 21 de março de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3. 025 Pequei uma quadra e ...
AFOGADOS
Clerisvaldo B. Chagas,
21 de março de 2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3. 025
Pequei uma quadra e fui a uma tardinha conhecer a barragem do riacho
João Gomes. O riacho é um afluente do
rio Ipanema e contorna Santana pela margem direita numa distância entre dois e
três quilômetros. As nascentes do riacho, duas, estão situadas no município de
Carneiros, imediações do sítio Serrote da Furna. O seu nome tudo indica, deriva
da planta denominada beldroega, também antigamente chamada João Gomes. As águas
ficaram represadas no Alto Riacho que conta também com uma bela ponte asfaltada
e toda a estrutura para um balneário. O
Médio Riacho, muito abaixo da represa, corta a AL-120 e desce para o Baixo
Riacho em busca da sua foz no sítio Barra do Panema. Era nessas imediações do
Baixo João Gomes, que morava a família PIO, lugar de origem do grande escritor
Oscar Silva. (“Água do Panema”, romance, “Fruta de Palma”, crônicas e outros
mais).
Parece-me que já houve na Represa um
afogamento, lembrando a mais famosa fonte de lazer de Santana, o Poço dos
Homens. Contamos desde a nossa infância
até o abandono do poço em 1969, cerca de 20 afogamentos, citados pelos mais
velhos e os da nossa geração. Entre os afogados, o mais falado era de um
cidadão apelidado “Tinteiro”, que se não nos enganam, morava nas imediações do
poço. Falava-se muito também de tal Zé Belebebeu ou Jabobeu, que teria sido o
primeiro afogado e que de vez em quando puxava na perna de um bahista para o
mesmo destino.
Mas voltando ao riacho João Gomes, o espelho
d’água da Represa, visto de pontos mais elevados, estende-se riacho acima por
vários sítios, beneficiando tanto a montante quanto a jusante os inúmeros deles
que ficam diretamente às margens ou nas suas imediações. Além do banho
domingueiro dos seus frequentadores, o pôr-do-sol é uma atração à parte que
permite concorrência entre fotógrafos amadores e profissionais. Isso reduziu
muito as viagens de santanenses em busca do rio São Francisco em fins de
semana, tanto em Pão de Açúcar quanto em Piranhas.
Vamos ao banho!
ENTARDECER NA REPRESA (FOTO: BIANCA CHAGAS)
A EXUBERANTE FESTA DO BOI Clerisvaldo B. Chagas, 15 de março de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3024 Êxito...
A EXUBERANTE
FESTA DO BOI
Clerisvaldo B. Chagas, 15 de março de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3024
Êxito
retumbante do lançamento do livro “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa
de Santana do Ipanema”, em Maceió. A
Estaiada Choperia e Drinkeria, do meu sobrinho Felipe, ficou lotada de tantos
santanenses e de pessoas dos mais diversos lugares. Pareceu mesmo uma festa de
confraria, sem rigidez de formalidades. O riso frouxo no salão; a presença de
quatro escritores, dois de Maceió, um de Santana e outro da região de Olho
d’Água das Flores/Santana; vários ex-alunos do Ginásio e do Colégio Estadual
Mileno Ferreira; amigos de longas datas; familiares e pessoas do grupo dos 100
e outros de fora atraídos pela noite de Cultura, abrilhantaram a festa numa
verdadeira apoteose.
Foi
muita alegria, muito carinho e rasgados elogios, inclusive do próprio
mestre-de-cerimônia, ex-aluno, intelectualizado, inspirador e aniversariante do
dia. A oração oficial foi assegurada com o mestre Antônio Sobrinho (Tonho
Cupim), ex-funcionário do Banco do Brasil, orador maçônico arrebatador e que
muito ajudou no evento colocando a cereja no bolo. A noitada do intelecto,
permitiu um êxito de venda extraordinário, com rendimento de histórias
individuais narradas que se formaram
em grupos, após, permitindo novo
material para outros livros no porvir. E no meio da conversa que vem, da
conversa que vai, acabei descobrindo o nome de guerra do ex-cangaceiro Filemon,
coisa muito pesquisada e já considerada perdida.
Agora vamos para a segunda etapa de
lançamento que será realizado no miolo de Santana do Ipanema, no Restaurante do
outro Sobrinho, Cleber, no “Santo Sushi”, Bairro Domingos Acácio. “O Boi, a
Bota e a Batina”, que tem início no Brasil Colônia, segue rigorosamente por ordem
cronológica de todas as fases políticas e históricas brasileiras até
desaguar no ano de 2006, quando foram encerrados esses trabalhos, com 436
páginas e mais de 360 ilustrações.
Amigo, amiga, você se comprometeu com o
grupo. Pode esquecer de comparecer, mas não esqueça do compromisso do PIX. A
gráfica é um contrato coletivo.
Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.