É HOJE Clerisvaldo B. Chagas, 20 de junho de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.063   É hoje o início oficial d...

 

É HOJE

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.063



 

É hoje o início oficial do inverno em nosso hemisfério. Isso significa dizer que ontem madrugada, em Santana do Ipanema chegou a 19 graus e que tudo levar a crer em temperaturas muito mais baixa no inverno que ora começa. Para o nosso costume em 27 – 39 quando desce alguns grauzinhos é uma tortura. 23 graus em nosso Sertão, pouca gente acha bom, mas abaixo de 20, somente couro de sapo aguenta. Somos um bioma de temperaturas médias e elevadas, se fica frio demais, até a lavoura sofre tanto que se perde. E se perde no frio, no excesso d’água, nos surgimentos de lagartas. Mas todos sabem por aqui sobre o frio de junho que é apenas um ensaio para julho e a primeira quinzena de agosto.

Os barreiros açudes (barragens, represas) estão cheios, o mato muito verde, pasto por todos os lugares para o bem-estar animal, terra pedindo semente e festas por tudo quanto é lugar. Foi em um inverno assim em 1938, que as forças volantes de Alagoas surpreenderam Lampião acampado na Fazenda Angicos, em Sergipe. Os soldados reclamavam do frio intenso de julho e bebiam muita cachaça para amenizar a coisa, mas também para dá coragem no enfrentamento que se avizinhava. Saiu uma frase típica sobre esse tempo de julho em Santana do Ipanema, quando um dos soldados narradores do fato acima disse “que era um frio de matar sapo”. E tem dias em Santana que é assim em julho e agosto: “frio de matar sapo! ”. Mas estamos agora somente no ensaio.

 

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A propósito, sobre a crônica anterior ficou faltando uma das três coisas anunciadas acontecidas na CARSIL. Foi o funcionamento da Biblioteca Pública Municipal, que havia saído do Comércio, sobre a loja de tecidos “Casa Esperança”, de Benedito V. Nepomuceno (auge da cultura) para o primeiro andar da Cooperativa Agropecuária de Santana do Ipanema. Anos à frente a biblioteca pública voltou a funcionar na CARSIL, porém, no térreo ao longo marginal do beco.

O CHARME DO INVERNO (FOTO: B. CHAGAS)..

    CARSIL Clerisvaldo B. Chagas, 19 de junho de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.062   Entre os edifícios sant...

 

 CARSIL

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de junho de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.062

 



Entre os edifícios santanenses, também encontramos casarões fora do Quarteto Arquitetônico do Monumento e do Quinteto Arquitetônico do Comércio. Um deles é o simpático prédio da Cooperativa Agropecuária de Santana do Ipanema – CARSIL. Fundado em 1942, ainda hoje resiste ocupado e prestando os mesmos serviços aos seus associados. Edificado à Avenida Coronel Lucena – a principal da cidade – fica defronte à prefeitura. Tem a sua fachada imponente com um primeiro andar e um corpo longo no térreo que margeia um beco longo e vai até à via de trás, Avenida Nossa Senhora de Fátima, onde tem os fundos. Foi naquele belo monumento e no primeiro andar onde três coisas importantes aconteceram em Santana do Ipanema.

Foi ali que funcionou o serviço de divulgação da prefeitura no governo Hélio Cabral, “O prefeito Cultura”.1956-60. Eram os primeiros passos do rádio em Santana. Apresentava à população as notícias da prefeitura e mesclava com páginas musicais com intérpretes como Luiz Gonzaga, Ivon Curi, Jackson do Pandeiro, Cauby Peixoto e outras feras da música. Em várias partes estratégicas da cidade, havia um poste com um autofalante com essa finalidade, como por exemplo: Um no Bairro São Pedro defronte a fábrica de calçados do senhor Elias; um na cornija do “sobrado do meio da rua”, Comércio; e outro defronte à Escola Ormindo Barros, no Bairro Camoxinga, logo no início do beco defronte. Dar para lembrar que o locutor era o senhor José Pinto Preto e se não estiver enganado, também Darras Noya.

Foi no primeiro andar da CARSIL onde nasceu oficialmente o clube futebolístico Ipanema, suas cores, sua sigla, seus estatutos, criados em 1954. Estas informações são raras para as novas gerações que possuem apenas uma fonte registrada em livro: “230 Iconográficos aos 230 anos de Santana do Ipanema”, da nossa autoria. E todos nós passamos todos os dias na calçada da Cooperativa sem perceber a singularidade do prédio ou a fonte de tantas histórias reais e belíssimas sonhadas e realizadas ali. Sua calçada de boa largura, infelizmente serve hoje de ponto de moto táxis. Não dá nem para ver e refletir sobre sua existência, sua arquitetura e sua história.

CARSIL EM 2013. (FOTO: 230 ICONOGRÁFICO/ B. CHAGAS).

  O MILAGRE DA PEDRA Clerisvaldo B. Chagas, 17 de junho de 2024. Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.061   Ainda militá...

 

O MILAGRE DA PEDRA

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de junho de 2024.

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.061

 



Ainda militávamos na AGRIPA – Associação Guardiões do Rio Ipanema, quando fomo a Capelinha, povoado de Major Izidoro localizado à margem também do rio Ipanema. Foi ali que uma senhora de outra religião não católica, nos levou ao rio para fotografarmos as paisagens dos arredores. Ficamos impressionados com uma igrejinha à margem do rio, cercada de pedras caiadas de branco, assim como a do pequeno e bem cuidado edifício. Perguntamos sobre a capelinha que virou nome do povoado e a senhora nos respondeu que a capela é um monumento à Virgem Maria por um milagre acontecido naquele lugar. Aliás, já contamos esse fato em outra crônica de mais de cinco anos atrás. Entretanto, como estávamos revisando o nosso álbum, a capelinha voltou a tocar no coração e veio para o leitor.

O rio Ipanema botara uma cheia. Estava de toda largura com suas águas violentas.  Ali perto, uma senhora lavava roupa e sua filha pequenina brincava por perto.  Caiu no rio e as águas a levaram. Grande desespero para a mãe aflita. A vizinhança tentava ajudar procurando a vítima e nenhum sinal encontrava. Muita gente dava o caso como perdido, pois apenas um milagre salvaria a garota ou faria encontrar o corpo sem vida naquele trecho. Abro um parêntese para dizer que até   que existe diferença da narrativa anterior, porém, a essência está aqui. Passaram-se cerca de três dias – posso estar errado – O Ipanema baixou, novas tentativas de achar o corpo da garota foram feitas. Então, o milagre havia acontecido: Foram encontrar a menina, vivinha da silva, dentro de um loca de pedra sob as águas.

Pensem na alegria da mãe e do povo ao encontrar a menininha, viva. Indagaram a garota como fora parar ali na loca. Ela disse que fora uma mulher que a pegara e a colocara ali. Dias depois, ao ver uma imagem de Nossa Senhora, disse a sua mãe (da menina: “Foi essa a mulher que me colocou dentro da loca”. O povo ergueu, então a capelinha e o lugar ficou por nome de Capelinha. Hoje é um povoado grande e famoso de Major Izidoro. O rio Ipanema naquelas imediações tem muitas pedras e nas cheias mais moderadas forma corredeiras. A capelinha do rio Ipanema, virou lugar de romaria de alto apreço.

CAPELINHA DO MILAGRE (FOTO: (B. CHAGAS).