A FOTO DA SAUDADE Clerisvaldo B. Chagas, 28 de agosto de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.095   A foto abaix...

 

A FOTO DA SAUDADE

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de agosto de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.095

 



A foto abaixo representa trecho do Comércio de Santana do Ipanema, em torno do ano 1960. O retrato parece ter sido tirado da torre da Igreja Matriz de Senhora Santana. Vê-se da esquerda para à direita, casa de arquitetura bruta, construída pelo comerciante Tertuliano Nepomuceno. Casa alugada para diversas atividades e que o período mais famoso do edifício foi com o funcionamento do Banco do Brasil e depois com o PRODUBAN) (Banco do Estado). Vizinho, descendo o terreno inclinado, Casa O Ferrageiro, a loja de ferragens mais antiga de Santana. Vem em seguida a loja de tecidos de Adeildo Nepomuceno, Casa Vitória. Continuando, minúsculo vão onde era a oficina de relógios do consertador Getúlio e, finalmente, casa de esquina que foi loja de tecidos, casa de jogo, barbearia e outras coisas mais.

Não temos nenhuma ideia do que aconteceu com a parte esbranquiçada do primeiro plano da foto. Seria para, pelo menos mostrar um pedaço da praça que fica entre a igreja e essas casas comerciais. Entre o branco da praça e os prédios, desfila um carroceiro com a mesma elegância popular da atualidade. Preste atenção nos outros dois veículos da época. Entenda que os fundos da foto, mostra lá longe o outro lado do rio Ipanema, margem direita, ainda com grande vazio populacional. No segundo plano, isto é, no meio da fotografia, muitas pedras no leito seco do rio. Queremos dizer para os apreciadores de fotos antigas que era preciso coragem para subir a torre da Igreja Matriz de Senhora Santana, até a casa dos sinos e dali fotografar a paisagem.

Na época do cenário abaixo, ainda se encontravam fotógrafos tipo lambe-lambe, que atuavam na calçada alta da Matriz. Aguardavam clientes aos sábados e quartas, dias de feira livre, para fotografarem casamentos, batizados e outras fatos para documentos como as famosas 3X4. Foram esses fotógrafos anônimos que prestaram relevantes serviços para a posteridade da época. Foi à porta do fotógrafo fixo, Seu Antônio, Foto Sporty, que vi pela primeira vez a fotografias enorme de Corisco, em preto e branco, e a comprei. Infelizmente um padre da época, botou os fotógrafos para correr da porta da igreja. Não tendo outro ponto de trabalho os fotógrafos ou fora embora de Santana ou abandonaram a profissão. Não ficou um sequer e assim muitos e muitos fatos históricos deixaram de ser registrados

(FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO). LIVRO 230/ACERVO B. CHAGAS).

 

    OS BECOS DE SANTANA Clerisvaldo B. Chagas, 27 de agosto de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.094   Beco é ...

 

 

OS BECOS DE SANTANA

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de agosto de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.094

 



Beco é uma via que geralmente liga uma rua a outra. Em Maceió, talvez, o beco mais famoso entre centenas e centena deles, seja o Beco do Moeda. O Beco do Moeda liga à Rua do Sol a Rua do Comércio. É muito movimentado não tão grande, repleto de casas comerciais diversas e mais populares. Em Santana do Ipanema o beco mais famoso de todos, é o Beco de São Sebastião, que liga o Comércio à Rua Prof. Enéas. Uma tradição de mais de cem anos. Na esquina, a igreja de São Sebastião construída particularmente em torno de 1915. Porém, talvez estejam entre os cinco mais famosos do passado: o Beco de Maria Zuza, o Beco de Seu Felisdoro, o Beco da Salgadeira, o Beco de Seu Cirilo. Nenhum com atividade comercial, apenas passagens sofridas entre ruas. Um beco defronte ao outro, quase em linha reta.

O Beco de Maria Zuza, ligava a rua, hoje por trás da Câmara, à Rua Benedito Melo (Rua Nova. Barro vermelho e uma vala no meio que tínhamos que saltá-la. A denominação do beco vem de uma comerciante que morava na esquina da Rua Nova chamada Maria Zuza. O beco de Seu Felisdoro ligava a Rua Nova à Rua Antônio Tavares. Solo de terra, desgastado e com urtigas e cardinhos nos pés dos muros. Ao longo do beco, dois ou três quartinhos humildes de aluguel. Assim chamado por causa do bodegueiro de esquina na Rua nova chamado Seu Felisdoro. O Beco da Salgadeira, ligava a Rua Antônio Tavares à Rua Prof. Enéas (Rua de Zé Quirino). Na esquina, a Salgadeira, fábrica de carne de sol do senhor Otávio Magro. A partir da parte de trás da Salgadeira, muito lixo até a rua de baixo, jogado pelo povo.

O Beco de Seu Cirilo, ia da Rua Prof.  Enéas até o rio Ipanema, Ladeado de aveloz (labirinto) e muito mato. O nome vem do morador da esquina, almocreve Seu Cirilo (o último de Santana).

Não importa se o beco tem ou não casas comercias. Beco é beco, necessário em todas as cidades e povoados do mundo. Encurta distâncias, facilita a comunicação e o trânsito. Funciona como uma válvula de escape para as grandes metrópoles. Infelizmente eles são apontados como os párias das ruas. Todas as pessoas lembram de seu beco predileto. Qual é o seu?

BECO DE SÃO SEBASTIÃO (FOTO B. CHAGAS/LIVRO 230 ICONOGRÁFICO AOS 230 ANOS DE SANTANA DO IPANEMA).

 

 

  FOLCLORE DO SERTÃO/CHAPÉU Clerisvaldo B. Chagas, 26 de agosto de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.093   Sobre...

 

FOLCLORE DO SERTÃO/CHAPÉU

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de agosto de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.093

 



Sobre os chapéus do sertão falados sexta, ouvíamos todos os comentários. Quem usasse chapéu de couro sem ser vaqueiro ou carreiro, era chamado de corno. Quem usava chapéu de palha era chamado de miserável. No princípio, ninguém falava nada dos chapéus de panamá ou palhinha, e o de baeta ou de massa. Do boné se falava: “Homem de boné, ou é corno ou chufé.

Quando foi formado o batalhão para combater os cangaceiros no sertão, o comandante seria o major Lucena. E quando o batalhão foi deslocado para Santana do Ipanema, o comandante dissera já em Palmeira dos Índios: Encontrou ‘cabra” com chapéu de couro, é para meter o cacete”. Foi quando um dos soldados disse: “Não é assim, major, no Sertão muita gente usa chapéu de couro e é gente direita”.

Dois emboladores na feira de Santana:

 

Cabra do chapéu de couro

Quem não pode com besouro

Não assanha mangangá

 

O adversário responde:

 

Cabra do chapéu de paia

Como vai tua canaia

Já deixasse de roubar?

 

No final dos anos 60, surgiu na praça um chapéu de massa de abas curtas, barato, e trazia uma peninha colorida na carneira. Vendi tanto chapéu desse tipo como se fossem para o mundo inteiro. Entretanto, as pessoas mangavam demais dos matutos compradores, por causa da peninha. Riam de cair de costa com a mangação como a insinuar que aquilo era coisa para “frango”. Entretanto o chapéu de massa, abas curtas com uma peninha colorida foi um grande sucesso no sertão inteiro. A matutada pegou uma amizade ferrenha com o tal chapéu de “frango”. Foi aí que o chapéu de massa pegou popularidade. Esta única vez.

Os cangaceiros usavam chapéus de couro, as cangaceiras, chapéus de massa.