O MOTOR DIABÉTICO Clerisvaldo B. Chagas, 2 de setembro de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.098   A antiga Esc...

 

O MOTOR DIABÉTICO

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de setembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.098

 



A antiga Escola Cenecista Ginásio Santana era dura nos seus propósitos do Ensino, mas o ambiente às vezes trazia fatos divertidos. Nós, santanenses, vivemos tempos difíceis em relação à luz elétrica da cidade. O Ginásio Santana que funcionava à noite, aqui, acolá tinha problemas com a falta de energia e várias vezes os alunos foram mandados para casa por falta de luz no meio das aulas ou porque a energia estava passando da hora de chegar. Isso fez com que a direção da escola adquirisse um motor próprio. Antes um pouco do início das aulas tinha alguém encarregado de “virar” o motor. Virar era o termo usado que significava “botar o motor para funcionar”.  Nunca fomos lá até a casinha do motor para verificar o ato. Mas temos a impressão que era o bedel quem manobrava o motor. Sim, bedel era o encarregado da limpeza da escola, uma espécie de zelador.

Os alunos da oitava série, quase sempre eram adultos. Entre eles havia o Jorge de Leusinger, cujo pai era o senhor Leusínger, proprietário do “Hotel Avenida”, perto do prédio dos Correios e do outro lado da avenida. Quando criança estudando no Grupo Escolar Padre Francisco Correia, já havia presenciado o adulto ou quase, Jorge se exibindo a correr sobre os pilares do muro baixo da escola. E corria pulando de pilar em pilar como se estivesse no plano. Aquilo representava uma falta de censo, pois um passo em falso resultaria morte imediata. Ficávamos com o Credo na boca. Pois bem, o Jorge era muito presepeiro.

Uma noite o motor do Ginásio não quis virar. Nada dava jeito. Mandaram os alunos para casa e descobriram que o motor fora sabotado. Mais tarde, correu o boato interno de que alguém colocara açúcar no motor para que não houvesse aula. Tomaram conta do Ginásio Santana: investigação doméstica, risos frouxos e gargalhadas. A culpa foi cair na cabeça do famigerado Jorge de Leusínger. Tudo indicava que sim, porém não havia provas. Quem sabia era cúmplice da malandragem e ficara de boca piu. E assim passamos alguns dias sem aula, aguardando a limpeza da máquina de luz. (Jorge não está mais no mundo dos vivos).

Quem ainda se lembra do fato, compara as doenças que havia no passado e no presente. E todos apontaram que o motor estava diabético.

GINÁSIO SANTANA EM 1963, EM TORNO DA DATA DO FATO ACIMA (FOTO: DOMÍNIO PÚBLICO/ACERVO DO AUTOR).

  SUBINDO A SERRA Clerisvaldo B. Chagas, 30 de agosto de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.097.   Em Santana do ...

 

SUBINDO A SERRA

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de agosto de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.097.

 



Em Santana do Ipanema, no relevo do entorno da cidade, surge um monte residual isolado, por nome de serra Aguda. Tem a forma de sela, vegetação de caatinga e se encontra a cerca de 6 Km do Centro da urbe. As terras pertenciam ao senhor Marinho Rodrigues e, posteriormente, ao seu filho Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo, terras também onde estão situados hoje o chamado conjunto habitacional Marinho e o Hospital que leva o nome do saudoso doutor. Pois é ali, no topo da serra Aguda onde estar sendo construída a maior estátua sacra do mundo. De muitos lugares da cidade, já se avista o esqueleto da construção que será preenchido com a imagem da padroeira Senhora Santana. Não temos, porém, a altitude correta da serra.

Levando-se em consideração que a Matriz da Senhora Santana tem 35 metros de torre e é o mais belo templo do sertão alagoano, calcule a serra em cerca de 400 metros com a estátua da santa com mais de cinquenta! Além disso por ali passará o corredor de junção entre a AL-120 e a BR-316, exaltando o  quarteto turístico perto um dos outros: A estátua sacra mais alta do mundo, a tradicional Igrejinha das Tocaias, a Reserva Ecológica Tocaia e a Represa Isnaldo Bulhões no riacho João Gomes, afluente do rio Ipanema. Um quarteto turístico e religioso para matar a sede de qualquer turista do mundo. A região alta do Hospital sofrerá um impacto que será impressionante para o progresso de Santana, pois será o caminho das novas rodovias.

Na periferia do Bairro Floresta, hoje chamado Bairro Paulo Ferreira, é onde fica a teimosa serra Aguda. É desgastada ao meio da sela, pela erosão pluvial, mas daí a se dividir em duas ainda levará muitos ventos, enxurradas e amplitude térmica assim como de Cadeia de Montanha passou a residual. De qualquer maneira, a belíssima imagem de Senhora Santana, brilhará por uma porção de tempo no topo da serra, irradiando suas milagrosas bênçãos aos quatro Pontos Extremos do Município e, nas ondas divinas, para todas as partes do Planeta. Bem, se você quer conhecer as obras que estão aceleradas, siga até o Bairro Floresta, passe pela frente do hospital do SUS e indague adiante como se chega até lá. Um pulo!

MAQUETA DA IMAGEM DE SENHORA SANTANA (FOTO: DIVULGAÇÃO PREFEITURA).

  ABANDONO/SOLIDÃO Clerisvaldo B. Chaga, 29 de agosto de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.096   Só os mais velh...

 

ABANDONO/SOLIDÃO

Clerisvaldo B. Chaga, 29 de agosto de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.096



 

Só os mais velhos lembram quando fizeram a Cohab que depois recebeu o nome popular de COHAB Velha, em Santana do Ipanema. O bairro ainda era o Camoxinga e, ao receber a construção das casas, recebeu também um modesto grupo escolar como modesta eram também as residências construídas. O funcionamento do grupo, foi sempre muito curto através do tempo. Feio, escuro, lúgubre, o local já funcionou com mais algumas atividades. A COHAB e entorno, fora evoluindo devagar, porém, acontecendo, até que essa região virou bairro e recebeu a denominação de Bairro São José, desmembrado do Bairro Camoxinga. Não se nega a evolução do bairro, mesmo devagar. Corpo de Bombeiros, Mercadinhos, boas escolas, praça bonita, posto de saúde, Igrejinha do padroeiro, festa anual do santo...

Entretanto, o chamado “grupo da COHAB velha”, continua fechado, desprezado, escuro e lúgubre desde o seu início. Uma coisa impressionante de um tempo desprezível para a Educação. O grupo deve ter, aproximadamente 54 anos e nem para outra coisa presta. Rua estreita, deserta, prédio sujo, recanto desprezível, mas recostado por trás do belo Posto de Saúde São José. Para quem de fato ama a cidade em que nasceu, a sensibilidade bate na vontade de chorar com o desprezo e a solidão do grupo.  Um morador das imediações falou que iriam transformar o lugar... Mas, não sabemos exatamente em quê. Acompanhamos a evolução do casario, nem todo, quando seus moradores, com muito sacrifício, iam fazendo as denominadas “puxadas”, pois as casas tinham alguns metros na parte da frente.

Já a COHAB Nova, foi construída num bairro já consolidado e evolutivo que foi o Lajeiro Grande. E que fora o Colorado, é o bairro mais alto da cidade. O casario foi construído e logo com a estrutura básica de calçamento, água, luz e arborização. A parte dos fundos se tornou comércio e prestadora de serviços básicos. Mas, no entender de cada criatura o melhor para as pessoas mais humildes é a COHAB da conveniência particular. Pelo menos a nova não precisou fazer grupo ridículo, pois já havia na vizinhança a Escola Municipal Santa Sofia, bem estruturada, moderna e agradável, construída no Governo Nenoí Pinto. A foto que o leitor ver abaixo, é do dia de ontem (28.08) do mesmo jeitinho de sempre.

GRUPO (FOTO: B. CHAGAS).