SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
FREI DAMIÃO, FARRAS E VELÓRIOS Clerisvaldo B, Chagas,1 de fevereiro de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.652 ...
FREI DAMIÃO, FARRAS E VELÓRIOS
Clerisvaldo B, Chagas,1 de fevereiro de 2022
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.652
Em
tour pela cidade, demoramos alguns minutos na Praça Frei Damião que fica no
Bairro Camoxinga. O Largo faz parte de convergência de quatro ruas: Delmiro
Gouveia, Maria Gaia, Manoel Medeiros e mais outra pequena rua. É naquele largo
onde está montada toda a estrutura de moderníssima funerária, mercadinho que se
expande a cada dia e, outras estruturas que vão fazendo do lugar um dos maiores
pontos de referência de Santana do Ipanema. Aproveitamos para bater uma foto,
mas a hora imprópria do meio-dia e um sol escaldante não permitiram àquela
sonhada apresentação. A Estátua do Frei está completamente desbotada e
arranhada pelos vândalos, motos em cima da praça, nos canteiros e um
privilegiado grupo de motoqueiros donos absolutos das reduzíssímas árvores que
margeiam o logradouro.
Pela
noite, principalmente fins de semana, dezenas de motos com rapazes e “cocotas”
de shortinhos” curtos, preenchem o lugar, a bebida, o churrasquinho, a música, estão
em todos os espaços do logradouro, transformado em verdadeira Babel. Do outro
lado da rua, a cerca de 4 ou 5 metros de distância, onde fica a Central de
Velórios, quase sempre tem familiares chorando os seus mortos. Choro de um lado
da rua, farras homéricas do outro lado. Ainda não indagaram a Frei Damião o que
acha disso tudo. O “cachorro-quente do Tonho”, ali na esquina da Maria Gaia com
Delmiro Gouveia, vai alimentando a multidão faminta. Naquela hora de meio-dia
em que por ali passamos, apenas um conhecido e querido alcoólatra daquelas
imediações, parecia se lamentar solitariamente aos pés do Santo do Nordeste.
Após a
pavimentação asfáltica por diversas ruas do Bairro Camoxinga e São José, parece
ter aumentado o fluxo de veículos pela Rua Delmiro Gouveia via Praça Frei
Damião, para a saída Oeste de Santana do Ipanema rumo ao Alto Sertão. Aos
poucos, o Largo da Praça ganha notoriedade e atrai investimentos para àquela
área. Não há de se negar que a Rua Delmiro Gouveia até à Praça Frei Damião é um
dos trechos mais movimentados de Santana do Ipanema, tanto de dia quanto de
noite, embora não tenha alcançado ainda
o estresse da Rua Pedro Brandão, que virou comércio e expulsa residências.
Assim como o Largo do Maracanã, o Largo da Praça Frei Damião também continua
humilde e popular.
Salve
o Santo do Povo.
PRAÇA
FREI DAMIÃO (FOTO: B. CHAGAS).
A VOLTA DOS PROFETAS Clerisvaldo B. Chagas, 31 de janeiro de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.651 O novo Encont...
A
VOLTA DOS PROFETAS
Clerisvaldo
B. Chagas, 31 de janeiro de 2022
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.651
O novo
Encontro com os Profetas das Chuvas, novamente volta a mobilizar Santana do
Ipanema e cidades do Sertão Alagoano. O evento está previsto para este mês de
fevereiro. O Carnaval será de profecias sobre o clima sertanejo. Este será o IV
Encontro a ser realizado sempre defronte a Secretaria de Agricultura e que está
se tornando tradição em Santana. O sucesso das previsões têm sido o motivo de
novas palestras em via pública, desses homens experientes e que nada deixam a
desejar. Geralmente os apresentadores ou Profetas das Chuvas, são da zona
rural, filhos da Agricultura e da Pecuária onde acumularam sabedoria.
Mas, é
de se ver também que os tempos mudaram no mundo inteiro e em nosso sertão
nordestino não foi diferente. É um dos profetas mesmo que afirma com outras
palavras: “Hoje está tudo mudado e nem sempre se acerta nas previsões.
Aconteceu de o mandacaru florar por tudo que é canto e não chover”. Nesse caso
as tradições de séculos, começam a não valer mais porque os climas mudaram no
Globo. As novas profecias do homem rural, segundo imaginamos, teriam que
recomeçar do zero. Observações novas, deixando as obsoletas para trás, porém,
perguntamos se ainda há tempo. De qualquer maneira está acumulada a história do
Brasil e acumulado está o conhecimento rural adquirido. E se o tempo é novo,
entrar no novo tempo.
Para
quem nunca viu o espetáculo das profecias, aqui em Santana, geralmente arma-se
uma espécie de palanque no meio da rua, nesse caso, defronte a Secretaria de
Agricultura (vizinha à Caixa Econômica) no Bairro Monumento, onde tem
apresentações de repentistas, cantores e outras atrações regionais em que o
povão assiste de pé como quem assiste a um comício. O encontro é um momento bem
dirigido, onde o Secretário da Agricultura e Meio Ambiente, Jorge Santana,
procura cada vez mais aperfeiçoar o quadro com novas atrações deixando o povo e
os protagonistas bem à vontade na festa do homem rural com seus espetáculos
exuberantes. Parabéns à prefeita Christiane Bulhões e ao Secretário Jorge pela
valorização das nossas tradições rurais em grande estilo.
CARTAZ
DIVULGAÇÃO (PREFEITURA)
ESCRAVIDÃO ANIMAL Clerisvaldo B. Chagas, 28 de janeiro de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.650 Correu mundo a...
ESCRAVIDÃO ANIMAL
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de janeiro de 2022
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.650
Correu
mundo a imagem do carroceiro que em Maceió transportava a carcaça de um fusca e
foi preso. Enquanto estivemos em Maceió por longo período, sempre ficamos
inturidos com cenas semelhantes de peso excessivo nas carroças e no maltrato
aos animais. Esse negócio de tração animal em zona urbana é um desastre. Sempre
defendemos (em mais de um artigo) que os carroceiros deveriam fundar uma associação
com ajuda das autoridades para facilitar a compra de motos e de carrocerias
seguido de curso de condutor. Erradicar de vez o trabalho escravo dos animais e
continuar ganhando o sustento da família. Já existe isso no estado de Goiás, se
não estamos enganados. Vimos muitos cavalos velhos, torturados, esqueléticos,
trabalhando nas carroças em Maceió. Só faltavam cair a qualquer momento,
mortos, no meio do trânsito.
Em
Santana do Ipanema, os carroceiros trabalham com burras, não existe burro e nem
cavalo. Os animais são bem zelados e adquiridos na região de Palmeira dos
Índios. Mesmo assim, vez em quando acontece caso estúpido que vai parar na
delegacia. Não existe na cidade uma associação protetora de animais. O ser
humano continua bruto e descontando os dissabores de casa no pobre animal de
trabalho que não tem como se defender. Uma covardia espetacular que se inicia
no açoite ao animal o dia inteiro, muito mais pelo vício de bater de que
qualquer outro motivo. Até filhos pequenos de carroceiros são flagrados
conduzindo e batendo de relho nas burras, sem parar, pelo exemplo que tem em
casa.
A
propósito, uma explicação: A burra é muito mais eficiente no mister da carroça.
O burro não aguenta o rojão de puxar carroça o tempo todo. O jumento é para
carregar peso no lombo e, o cavalo não é apropriado para esse tipo de trabalho.
Costuma abrir os peitos pelo esforço, dito pelos próprios carroceiros. Cavalos
e jumentos são impróprios para subir e descer serras com cargas, logo adoecem e
morrem. Nesse caso o burro não enjeita parada para o trabalho de subir e descer
os montes bem como para longas caminhadas, o que os outros animais não fazem. O
mundo doméstico tem muitos segredos dominados pelos especialistas.
São
parecidos, mas não confundir jacu com urubu.

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.