OS
OSSOS DE LONDRES
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de agosto de 2012.
Crônica Nº 835
Nem Marta salvou à Patria. (Fonte: smn). |
O entusiasmo
dos brasileiros pelas Olimpíadas, nem tem razão de ser. A verdade é que não
temos a tradição de jogos amadores contra os países que trabalham para isso,
desde antes mesmo da II Grande Guerra. O Brasil nunca levou a sério o esporte
amador e nem a Educação, como quer bons resultados milagrosos? Ficamos apenas
em cima da exacerbada paixão pelo futebol profissional e que até hoje continua
como antes. Caso o futebol masculino traga a medalha de ouro e todas as outras
modalidades nada tragam, consideramos uma grande vitória dessa nação
brasileira. Acontecendo o contrário, todas com o ouro menos o futebol, perdemos
tudo. É assim que funciona por aqui essa monocultura cafeeira. O entusiasmo tem
início com a chegada da delegação brasileira ao destino, depois a tristeza,
seguida de mais quatro anos de desprezo ou de apatia do governo e das empresas
particulares pelo esporte amador, que parece não existir. Como combater no Front com as inúmeras modalidades sem
pai e mãe? Está aí, mesmo o futebol feminino que vai ficando vovó, sem
renovação. Até a Marta já cansou e não tem substituta, enquanto o futebol
feminino cresce no mundo com outros países.
Os
frutos de
um trabalho árduo aparecem em longo prazo. Nunca sai um diagnóstico oficial e
confiável do que está acontecendo no amadorismo brasileiro. Quando se aproximam
as olimpíadas, se junta o que tem se empurra a tropa misturada para a guerra e
espera-se um misericordioso “seja o que Deus quiser”, ainda na ilusão tremenda
de que o Pai é brasileiro. Caso continue
assim, ninguém aguarde melhora nenhuma nem mesmo em terras cabralinas. Eles
virão banhar-se em nossas belas praias, degustar nossos petiscos, apreciar as
nossas cores e levar os discos de ouro como sempre os levaram. Estamos vendo
pela televisão a tristeza dos nossos atletas, sem patrocínios, que vão se
encobrindo como podem com vergonha das derrotas diante de milhares de pessoas.
Se quisermos parar com esse drama que bate forte no peito do Brasil, temos que
mudar essa política no esporte amador para começar a colher os seus frutos na
próxima década, de 20. Sem saber como
agir no momento, parece que só existe uma solução que é juntar os cacos das
derrotas, colocá-los no saco do desânimo e voltar ao Brasil, enxugando as
lágrimas.
O
desenrolar das
Olimpíadas vai deixando eufóricas nações como Estados Unidos, China e França
que plantaram cedo e apenas colhem com dignidade os frutos merecidos. Fazer o
quê, se somente trouxermos na bagagem OS OSSOS DE LONDRES!.
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