segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

QUE COISA!



QUE COISA!
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de dezembro de 2012.
Crônica Nº 930

POÇO DAS TRINCHEIRAS
Domingo sem graça nas páginas do sertão ressequido. Um passeio pela cidade de Santana do Ipanema  (AL) deserta mostra a diferença entre a monotonia do fim de semana e a agitação incrível dos dias úteis. Subindo e descendo ladeiras, reavaliamos o crescimento físico da cidade em sua periferia, aonde máquinas vão rasgando os antigos cercados, sítios, chácaras e fazendas, cedendo espaço para a expansão do casario. Para todos os lados, a urbe parece querer engolir o tempo perdido na etapa amarrada, intransigente e ignorante dos que não a deixaram crescer. No norte, sul, leste e oeste, a raspagem da terra abre caminho para novos pontos de serviços como postos de gasolina, escolas, depósitos gigantescos e mesmo conjuntos residenciais importantes. Os olhos vão se abrindo para as vantagens dos negócios e surgem investimentos aproveitando a boa fase da classe média, ávida por mais consumo. A cidade polo do Sertão alagoano, muda para melhor suas feições e os projetos vão se consolidando e atraindo mais casas comercias de vários municípios até do Agreste e do Litoral. Reformas e mais reformas, prédios elegantes vão surgindo, fazendo a segunda cidade mais florescente do interior e a primeira do Sertão, tomar ares de pequena capital. Mas o marasmo do domingo é só tristeza, sem gente pelas ruas iluminadas por um sol forte e poderoso.
Resolvemos, então, visitar a vizinha cidade de Poço das Trincheiras e fomos contemplando pela BR-316, a seca que assola a região. Além do dia insípido domingueiro, fazia pena a paisagem sertaneja castigada pela estiagem com o mato cinzento e esquelético. Entre belas casas de chácaras, o gado deitado sob copas de árvores peladas, cujas sombras surgiam apenas dos garranchos e emaranhados dos galhos retorcidos. Riachos secos e mato amarelado mostravam que o tempo não está para brincadeira. Não sabemos até quando essa situação do clima vai continuar, mas é penoso contemplar o sertão dessa maneira.
Retornamos a casa lembrando às antigas procissões que o povo religioso fazia para pedir chuva aos céus. Com certeza passear pelas estradas do Sertão do jeito como vai o tempo, é de mexer bastante na sensibilidade. Só Deus e mais ninguém. QUE COISA!


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