ATÉ SATUBA ENTROU
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de dezembro de
2012.
Crônica Nº 923
Canal do Sertão, obra contra a seca. Foto: Site: SantanaOxente. |
A seca
continua se alastrando por vários municípios de Alagoas. De uma maneira ou de
outra, já se fala em 36. Enquanto isso, produtores pernambucanos que não
plantaram a palma forrageira, procuram o estado vizinho do sul em busca desse
tão precioso alimento. Embora seja resistente à estiagem, a palma também murcha
virando o que os fazendeiros chamam de “correia”, não prestando mais para nada.
O homem do campo vai fazendo desesperadamente o que pode. Às vezes a água chega
em caminhões alugados pelo governo ou comprada por preço exorbitante, mas falta
o alimento. O rebanho vai sumindo, caindo de fome, alegrando urubus, ornando
terreiros de fazendas e estradas periféricas. Muita coisa ainda é preciso ser
feita no aprendizado constante que atravessa séculos. Será que alguém ousa
dizer quando estaremos preparados para enfrentar uma longa estiagem? São muitos
interesses que se arrastam desde os tempos de D. Pedro II. Enquanto isso os
rebanhos vão entrando nas estatísticas do encolhimento que maltratam o coração
de quem tem amor aos bichos.
Satuba é um
município da Grande Maceió e a cidade é separada da capital por apenas uma
ladeira, denominada popularmente “Ladeira do Catolé”. Ouvi muito, nos tempos de
estudante, os rasgados elogios ao manancial do riacho Catolé, quando diziam com
orgulho que era a segunda melhor água da América do Sul. Normalmente chove
muito bem na região litorânea, Zona da Mata e mesmo no Agreste alagoano. Causa
espanto, portanto, a situação de calamidade devido à falta de chuva, naquele
município. Falam que a barragem que abastece a localidade está com problema de
escassez devido à falta de chuvas. E Satuba, bem ali pertinho da grande laguna
de Maceió, a Mundaú, começa a ficar inquieta com uma situação nunca vivida
antes. Por outro lado caiu o nível da água também no Catolé, problema que afeta
o abastecimento em alguns bairros de Maceió. Para o futuro, é anunciada uma
solução através de um projeto que está pronto e viabilizando recursos para
iniciar as obras. Mas, enquanto isso, o couro do sapato aperta, o pano do bolso
amolece e os neurônios pegam fogo.
Se a seca do
Piauí já atingiu o litoral, a de Alagoas não fica atrás, chegou lá também.
Voltamos ao tempo em que se dizia que nas secas do Nordeste só escapavam três
coisas: padre, jumento e juiz.
Velhos e
novos vereadores da região da seca discutem quantos serão nas respectivas câmaras,
quanto ganharão e quantos (nos bastidores) ficarão ricos. Esqueceram à seca que
vorazmente vai engolindo os municípios. ATÉ SATUBA ENTROU.
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