domingo, 16 de abril de 2017

SERTÃO EM FOCO



SERTÃO EM FOCO
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de abril de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.662
Meu Sertão, meu sertãozinho, após a chuvarada. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas).

Os últimos dias da Semana Santa vieram com mais um milagre para o povo sertanejo e sua puxada seca de seis anos. Os inúmeros filhos do semiárido que deixaram as capitais para rever familiares nessa época depararam-se com um cenário bonito. Nada da foto de alguns dias passados que mostrava o cinza de arbustos e garranchos sobre a poeira pelada que entristecia. Agora um céu nublado, temperatura agradável e fantasma da estiagem se distanciando. Muitas famílias no aconchego do reencontro de Semana Santa vendo do alpendre da fazenda a chuva rodeando e arrancando o perfume de mato verde. Os pássaros não paravam de grasnar pelas baixadas num festejo sem fim. Não foram poucos os barreiros que encheram, os riachos que botaram cheias, os rosários que balançaram com agradecimentos. E a concentração de familiares antes espalhados coincidia na frase: “eu trouxe a chuva para o Sertão”. De Maceió a Pariconha ─ o município mais distante da capital ─ nada de divisório no verdume total.
“Se Deus quiser”, afirma o sertanejo, essa boa chuvarada deve ser o início do esperado inverno. Depois de tanto sofrimento, tanta dor, tanta apreensão, parece que finalmente teremos um ano de fartura, mesmo não dando para recuperar ainda todos os prejuízos. Mas somos um povo forte, resistente, simbolizado pelo mandacaru, uma bandeira de luta contra as adversidades. Passada a tão esperada Semana Santa, para nós cristãos, parece recomeçar um novo ciclo. Mas um novo ciclo de Sertão lavado com a terra e com a alma. Com a humildade e com a esperança. Com a fé e com a determinação.
Agora é trabalhar com denodo e aguardar os festejos juninos época de muito forró e comidas típicas a se perder de vista.
Esperamos que um novo grande ciclo de bonança aja sobre o semiárido, permitindo a renovação da têmpera sertaneja e do capital fugidio dos roceiros. Vamos ver se agora São Pedro costura a boca da seca por um longo tempo deixando reinar a alegria do homem e da Natureza.
Com sofrimento e tudo, orgulho de ser nordestino e sertanejo.


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