domingo, 1 de julho de 2018

NEGROS E NEGRAS


NEGROS E NEGRAS
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de julho de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.932


‘Os negros nunca demonstraram ser passivos. Ante tanta humilhação, muitos utilizaram o suicídio como forma de protesto e resistência. Mostravam, assim, que a vida lhe pertencia e tiravam de seus donos esse privilégio’.
“Muitos se deixavam morrer de tristeza, outros fugiam.
Nas senzalas, para onde os escravos eram levados por seus compradores, a situação não era muito diferente daquelas dos navios.
Durante o dia, trabalhavam duro na lavoura (o trabalho já era conhecido por muitos deles, pois muitos grupos eram agrícolas na África). Outros se dedicavam aos trabalhos em bronze, cobre, ouro e madeira; outros ainda eram tecelões, ferreiros e criavam animais de subsistência. Isso explica porque os negros são considerados a base da colonização do Brasil. Sem eles não existiria Brasil. Eram os escravos que fabricavam os móveis e utensílios da casa-grande; os tecidos mais grosseiros eram confeccionados por eles e mais tarde, no ciclo do ouro, o braço escravo foi amplamente utilizado como mineradores e ourives”.
VALENTE, Ana Lúcia. E. F. Ser negro no Brasil hoje. São Paulo: Moderna, 1996. P.15.
No Sertão de Alagoas os negros estavam em diversas profissões. Grupos trabalhavam em família fazendo cercas de pedras que ainda hoje existem. O líder era chamado de Mestre e muitos desses mestres ficaram famosos na região. Outros indivíduos faziam e vendiam nas ruas, o mungunzá e o fubá. Adaptaram-se bem na profissão de carreiro e vaqueiro, pois era notório o cuidado carinhoso com os animais. Muitos viviam do artesanato de caçuás e balaios de cipó. Alguns chegaram até a vestir a farda policial.
O ponto de venda dos escravos em Santana do Ipanema, por exemplo, era defronte a chamada Cadeia Velha, situada na hoje Rua Nilo Peçanha que vai do Comércio à primeira travessa da Rua Antônio Tavares.
As mulheres negras, em geral, trabalhavam como domésticas em casa de brancos. Outras viviam do artesanato de barro, como panelas e, da palha como abanos, chapéus e vassouras. Contribuíram em muito com a culinária e a elas devemos pratos saborosíssimos consumidos no Sertão.
Sem fim são as histórias Afro no Brasil





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