NEGROS
E NEGRAS
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de julho de 2018
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
1.932
‘Os negros nunca
demonstraram ser passivos. Ante tanta humilhação, muitos utilizaram o suicídio
como forma de protesto e resistência. Mostravam, assim, que a vida lhe
pertencia e tiravam de seus donos esse privilégio’.
“Muitos se deixavam
morrer de tristeza, outros fugiam.
Nas senzalas, para
onde os escravos eram levados por seus compradores, a situação não era muito
diferente daquelas dos navios.
Durante o dia,
trabalhavam duro na lavoura (o trabalho já era conhecido por muitos deles, pois
muitos grupos eram agrícolas na África). Outros se dedicavam aos trabalhos em
bronze, cobre, ouro e madeira; outros ainda eram tecelões, ferreiros e criavam
animais de subsistência. Isso explica porque os negros são considerados a base
da colonização do Brasil. Sem eles não existiria Brasil. Eram os escravos que
fabricavam os móveis e utensílios da casa-grande; os tecidos mais grosseiros
eram confeccionados por eles e mais tarde, no ciclo do ouro, o braço escravo
foi amplamente utilizado como mineradores e ourives”.
VALENTE, Ana Lúcia. E. F. Ser negro no Brasil hoje. São Paulo:
Moderna, 1996. P.15.
No Sertão de Alagoas
os negros estavam em diversas profissões. Grupos trabalhavam em família fazendo
cercas de pedras que ainda hoje existem. O líder era chamado de Mestre e muitos
desses mestres ficaram famosos na região. Outros indivíduos faziam e vendiam
nas ruas, o mungunzá e o fubá. Adaptaram-se bem na profissão de carreiro e
vaqueiro, pois era notório o cuidado carinhoso com os animais. Muitos viviam do
artesanato de caçuás e balaios de cipó. Alguns chegaram até a vestir a farda
policial.
O ponto de venda dos
escravos em Santana do Ipanema, por exemplo, era defronte a chamada Cadeia
Velha, situada na hoje Rua Nilo Peçanha que vai do Comércio à primeira travessa
da Rua Antônio Tavares.
As mulheres negras,
em geral, trabalhavam como domésticas em casa de brancos. Outras viviam do
artesanato de barro, como panelas e, da palha como abanos, chapéus e vassouras.
Contribuíram em muito com a culinária e a elas devemos pratos saborosíssimos
consumidos no Sertão.
Sem fim são as
histórias Afro no Brasil
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