COMENDO
E ROENDO
Clerisvaldo
B. Chagas, 12 de setembro de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.960
Pessoa
importante da capital pede que arranjemos duas coisas da culinária sertaneja e
que às vezes ficam adormecidas. Mas é sempre que exaltamos o semiárido em todos
os seus aspectos. O que para nós é rotina, para os de fora significa tesouro
ainda não descoberto. Assim as coisas simples da culinária, do artesanato, do
cenário sertão, imantam um turismo que se inicia aos poucos, acelera e ganha
dimensão nunca vista. Tudo baseado no singelo que encanta o viver e cobre a
alma de harmonia e paz do campo que apenas o interiorano tem a ofertar. Seja
capaz de adivinhar o que a criatura riquíssima, magnata, nos encomendou.
Será
que houve acerto? Pois bem, uma das coisas encomendadas foi “rapa de queijo”,
proveniente dos tachos de queijos de manteiga das fabriquetas. Encontramos esta
iguaria no final das tachadas, principalmente na grande região do leite: Major
Izidoro, Jacaré dos Homens, Monteirópolis, Batalha e Cacimbinhas, como os mais
conhecidos lugares. É de se comer com farinha até quebrar o bucho de tanta
gostosura! Por outro lado, a outra coisa da encomenda, foi o “beiju” original,
parente da tapioca e feito no forno da casa-de-farinha. O beiju é encorpado, grosseiro
e que se come roendo igual rato catita. Uma delícia com o parceiro café. Quem
nunca provou ambas as coisas, precisa viver mais para descobrir e provar a
qualquer preço.
Nesta
manhã de domingo quando a peça literária vai se alinhavando, o tempo se
apresenta nublado, frio e convidativo para um “banquete” de rapa de queijo com
beiju e café verdadeiro. Ah! Bem que
nos chega outras delícias do Sertão, mas para que falar, se a boca já está
cheia d’água com as duas acima! E mesmo outras não foram encomendadas. Assim
vamos lembrando de um beiju colhido na hora da farinhada em casa-de-farinha do
povoado santanense Areias Brancas. Atualmente, com a tapioca em alta em todos
os estados nordestinos, o beiju, mais demorado para o feitio, perdeu muito
terreno para a versátil e rápida tapioca, mas quem é rei, nunca perde a
majestade.
FAZENDO
BEIJU EM CASA-DE-FARINHA (FOTO: PINTEREST).
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