segunda-feira, 11 de setembro de 2023

 

COMENDO E ROENDO

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de setembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.960

 




Pessoa importante da capital pede que arranjemos duas coisas da culinária sertaneja e que às vezes ficam adormecidas. Mas é sempre que exaltamos o semiárido em todos os seus aspectos. O que para nós é rotina, para os de fora significa tesouro ainda não descoberto. Assim as coisas simples da culinária, do artesanato, do cenário sertão, imantam um turismo que se inicia aos poucos, acelera e ganha dimensão nunca vista. Tudo baseado no singelo que encanta o viver e cobre a alma de harmonia e paz do campo que apenas o interiorano tem a ofertar. Seja capaz de adivinhar o que a criatura riquíssima, magnata, nos encomendou.

Será que houve acerto? Pois bem, uma das coisas encomendadas foi “rapa de queijo”, proveniente dos tachos de queijos de manteiga das fabriquetas. Encontramos esta iguaria no final das tachadas, principalmente na grande região do leite: Major Izidoro, Jacaré dos Homens, Monteirópolis, Batalha e Cacimbinhas, como os mais conhecidos lugares. É de se comer com farinha até quebrar o bucho de tanta gostosura! Por outro lado, a outra coisa da encomenda, foi o “beiju” original, parente da tapioca e feito no forno da casa-de-farinha. O beiju é encorpado, grosseiro e que se come roendo igual rato catita. Uma delícia com o parceiro café. Quem nunca provou ambas as coisas, precisa viver mais para descobrir e provar a qualquer preço.

Nesta manhã de domingo quando a peça literária vai se alinhavando, o tempo se apresenta nublado, frio e convidativo para um “banquete” de rapa de queijo com beiju e café   verdadeiro. Ah! Bem que nos chega outras delícias do Sertão, mas para que falar, se a boca já está cheia d’água com as duas acima! E mesmo outras não foram encomendadas. Assim vamos lembrando de um beiju colhido na hora da farinhada em casa-de-farinha do povoado santanense Areias Brancas. Atualmente, com a tapioca em alta em todos os estados nordestinos, o beiju, mais demorado para o feitio, perdeu muito terreno para a versátil e rápida tapioca, mas quem é rei, nunca perde a majestade.

FAZENDO BEIJU EM CASA-DE-FARINHA (FOTO: PINTEREST).

 

 


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