PRESENÇA DO PASSADO
(Clerisvaldo B. Chagas-22.6.2008)
(Clerisvaldo B. Chagas-22.6.2008)
Fui pioneiro solitário do estudo Santana-Arapiraca; primeiramente através dos ônibus da Companhia de Transportes Progresso via Palmeira dos Índios, depois pelo mesmo transporte via Batalha e suas fazendas nas estradas de barro da época. Por Palmeira, baldeando com o transporte particular de colegas palmeirenses. Por Batalha, num longo trajeto sem fim que parecia não chegar nunca. No último ano, finalmente, acompanhando de automóvel a construção do asfalto Arapiraca—Olho d’Água das Flores; passo a passo, cenário a cenário, seguindo o nascimento do pretume na AL 220. Três anos de lutas e sacrifícios que se encaixam num romance bem contado.
Fui pioneiro também no estudo Santana-Arcoverde, Pernambuco. Inicialmente num esforço automobilístico via Águas Belas-Iati-Tupanatinga. Em seguida, por desvios esquisitos, extravagantes, desérticos de caatinga brava. Já no final da luta, seguindo através do único ônibus para aquelas bandas da Companhia Jotude fazendo linha Pão de Açúcar, Alagoas-Recife. As viagens de retorno sempre foram viagens de contramão com absoluta falta de transportes como ainda hoje. Nada mudou. O retorno era um esforço inusitado para tomar o ônibus único para Alagoas de uma da madrugada que fazia linha Recife—Penedo via Garanhuns. Teria que chegar na “Suiça Brasileira” antes da meia-noite para tentar uma vaga (era proibido pegar passageiro) no ônibus da Jotude e saltar em Palmeira dos Índios, amanhecer num hotel e retornar a Santana pelos ônibus da Progresso.
Foi lá em Arcoverde, cursando a Plena de Geografia que tive a felicidade de conhecer o professor e escritor Aleixo Leite Filho. Baixinho, calvo, gozador e intelectual, Aleixo me fez abrir caminho para outros santanenses que ali foram aos estudos após minha saída. Meu nome passou a ser referência em todos os lugares da faculdade, abrindo portas para eles.
Travei uma sólida amizade com Aleixo que afirmava não gostar de Arcoverde. Amava a sua terra Caruaru onde morava e mora. Lá pesquisava, lecionava e escrevia. Li e possuo alguns livros de Aleixo como “A Cartilha do Cantador”, “Mangação do Pajeú” e “No Bico dos Gaviões”. Esqueci de dizer que Aleixo Leite é apaixonado pelas coisas do Sertão e Agreste, sobretudo por cantoria de viola. Certa feita aquele ilustre escritor escreveu longo artigo tecendo elogios a um dos meus romances “Defunto Perfumado”, através de conceituado jornal de Caruaru.
Após longo tempo sem contato, eis que recebo um belo livro de 40 crônicas escolhidas do meu amigo e professor. Trata-se de “Presença do Passado” quando o autor demonstra seus conhecimentos e habilidades numa variação enorme de temas interessantes. Li com muito gosto o seu presente, mas não pude responder de imediato.
Caruaru, além de projeção nacional com a feira gigante, com os bonecos do mestre Vitalino, com a festa do maior São João do mundo, na certa também deve ter ficado orgulhosa com mais um livro na sociedade fruto de um homem que ama e honra a sua terra.
Parabéns Aleixo Leite Filho. A jornada é longa e sua cabeça é uma indústria. Mas o mote é meu, feito na hora: A “Presença do Passado” é o presente/quando Aleixo resolve usar a pena. Salve!
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