terça-feira, 26 de setembro de 2017

O SURURU DE ALAGOAS

O SURURU DE ALAGOAS
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de setembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.746
SURURU. Foto: (diariodopoder).
O famoso sururu de Maceió tem denominação vinda do tupi. É um molusco bivalve, isto é, que possui duas conchas duras e por isso chamado também de sururu-de-capote. Retirado das conchas apresenta-se amarelado e comestível. Seu nome científico é Mytela charruana conhecido em outros lugares como mexilhão. Esse molusco também pode ser encontrado em partes de estados nordestinos como Bahia, Sergipe, Pernambuco, Maranhão e em áreas específicas. Mas é em território alagoano onde alcança grande notoriedade, sendo até considerado Patrimônio Imaterial de Alagoas pelo Conselho Estadual de Cultura. No prato possui proteínas de alta qualidade, tem baixo teor de gordura e apresenta-se como de fácil digestão.
Apesar de o sururu ser apontado como coisa de pobre, ele está presente em todas às mesas do estado, inclusive nos restaurantes mais grã-finos. É capturado nas lagoas e mais de trezentas famílias vivem da sua cadeia produtiva na sequência: capturar, lavar, peneirar, “despinicar” e vender. Como curiosidade, a palavra regional despinicar, ficou fora do dicionário, mas significa limpar, retirar os excessos com os dedos. Quando as águas temperadas das lagoas ficam muito doces, o molusco desaparece. Foi o que aconteceu agora com os rios despejando nas lagunas neste inverno prolongado. Temporariamente ficamos sem as vendedoras típicas de sururu gritando o produto pelas ruas da cidade.
Vários pratos são feitos com o molusco como o inigualável “caldinho de sururu” e a “moqueca de sururu”, além do pirão de “sururu-de-capote” e sanduiches. Mas devido à poluição de esgotos domésticos e industriais e o manejo sem higiene, doenças graves ameaçam também seus consumidores. Falta a presença constante do estado em toda a sua cadeia produtiva num trabalho contínuo e ininterrupto em favor da saúde do alagoano. As pessoas que vivem diretamente do sururu, geralmente moram no entorno das lagunas e, na falta do molusco, tentam a pesca comum, o que nem sempre dá bons resultados.
Vamos aguardar à volta do bicho.





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