O FANTAMA VESTE PRETO Clerisvaldo B. Chagas, 14 de julho de 2011 Neste início de século XXI, as transformações mundiais, antes percebid...

O FANTAMA VESTE PRETO


O FANTAMA VESTE PRETO
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de julho de 2011

Neste início de século XXI, as transformações mundiais, antes percebidas por poucos, vão se delineando nitidamente para a totalidade. Em longes crônicas anteriores, já apontávamos esse futuro aperreado que chegou. Espanha, Portugal e Grécia que chegaram por último a UE, quase rejeitados pela falta de cacife ao mundo dos grandes, até parece que lutaram em vão. Cercados por essa crise que vai chegando pelos seus quintais, às majestosas potências européias, rezam pela conservação dos dedos nas idas dos anéis. Como vencer essa barreira terrível que ameaça soterrar a economia do Velho Continente? A estabilidade política que nunca foi o forte dessa parte do planeta, poderá se romper mais uma vez, gerando convulsões sociais, perigo iminente para toda a humanidade. Não bastasse a situação humilhante da Grécia, uma fila vai ganhando corpo com Portugal, Espanha, Irlanda e mesmo a Itália, pelo menos nas especulações. Como retirar tanto dinheiro da caixa para socorrer a fila? E se quase todos quebrarem, as economias mais sólidas o irão vender a quem? Aos parceiros quebrados?
Corremos as vistas, então, para os Estados Unidos. Um país gigante de PIB farto, mas que agora parece abrir os olhos por tanto tempo fechados. O maior comprador do mundo, devedor de uma bela montanha de dólares, pensava que a reserva da dispensa jamais esvaziasse. Gastando o inimaginável em corridas espaciais, armamentos, invasões a países, tem como escopo a guerra infindável, ao invés de ajuda tecnológica às nações necessitadas. Tudo agora vai estourando nas mãos do presidente Obama, um homem certo na hora e no país errados. Como os Estados Unidos irão pagar o que deve? A volta de tropas do Iraque e do Afeganistão para casa foi muito mais pelo buraco econômico do que pela cautela do pacifismo. Fabricantes de armas querem sangue a jorrar como vinhos dos barris. Uma temida palavra faz tremer o mundo dos negócios: moratória. Se o mundo velho de meu Deus já se encontra apavorado, imaginemos essa frase de Barack já especulada: “Devo não nego, pago quando puder”.  
E o chinês que pensa que isso é bom para o seu crescimento, não senhor. Crise não é coisa boa para ninguém, mesmo para China, Índia e Brasil. A economia mundial é um emaranhado que, ao romper um fio da rede, causa influência no todo de uma forma ou de outra. E se a crise vai chegando pelas beiradas, o núcleo que se cuide. De barbas de molho devem estar Inglaterra, França e Alemanha. Pensando no compasso europeu, é de se imaginar  também nas sobras da crise para o continente africano, em regiões que vivem de ajuda. O aperreio não é individual, portanto, não cabe aqui o ditado brasileiro: “Em tempo de murici, cada qual cuida de si”. É como se tivesse mudado até os trajes do além. Com certeza esse não é um anjo bom. O FANTASMA VESTE NEGRO.

DANOU-SE! Clerisvaldo B. Chagas, 13 de julho. Conheci um camarada de certa idade, simpático, conselheiro e analista. Assim como eu, não...

DANOU-SE!


DANOU-SE!
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de julho.

Conheci um camarada de certa idade, simpático, conselheiro e analista. Assim como eu, não era fanático por jogo de futebol. Fazia suas análises da   bola e do mundo dentro de uma lógica modesta, interiorana e eficiente. Para ele as coisas mais difíceis tinham sempre uma saída, ocasião em que opinava coçando a barba espessa. É atraente estudar a maneira de ser dos nossos populares que povoam os sertões, quando diversos assuntos são propostos para uma maneira diferente de sentir as coisas. E sobre o camarada do início, quando não encontrava luz no horizonte costumava exprimir até com certa ingenuidade: “danou-se”.
Com fanatismo ou sem ele, entretanto, todos gostam da Seleção Brasileira de Futebol. Seleção jogando, até a dona de casa ligadona em novela, fica de quebrar os pratos nos gritos doidões dos frangotes  apaixonados. É que a Seleção representa uma pátria, uma identidade que nos deixam vaidosos dessa inclusão comum. Mas a coisa não está assim tão boa para nós, está, amigo? O Brasil de Marta acaba de voltar cabisbaixo após a derrota para as americanas. O Vôlei cai diante da Rússia. A subvinte não avança, tudo parece tramar contra nós, os brasileiros. Está certo, vamos para o outro lado, tentar alguma coisa com a Seleção masculina de futebol. Mas aí também a situação não vai bem. Além de todas as derrotas dos outros times do Brasil, conseguimos apenas dois empates, sem contar com esse jogo de hoje que é um dia treze. “Ê meu fio”, agora não tem mais Zagalo, não. É vencer ou vencer. O Mano velho, a continuar nessa pisada, logo, logo vai ingressar no time dos carecas, de tanto puxar os cabelos. As estrelas do time, compadre, perderam o brilho nos céus da Argentina. A roda dos animais, Pato e companhia, não deu susto nenhum nos adversários, somente em nós mesmos, os donos do zoológico, carinhosamente, bem entendido. O Sandro, revelado como esperança, pelo galego Mano, foi para o estaleiro. Robinho baixou a crista, Ganso nada fez e a defesa fez tudo... Ao contrário. Como é que vai ser hoje à noite? Temos alguma oportunidade em jogar com um país sem tradição futebolística?
Não sei se futebol se une com religião, mas será que o técnico brasileiro já providenciou um terço bem rezado? Um macumbeiro perito em desatar nós cegos? Uma surra de erva santa nos seus jogadores? Ou mesmo uma forma redonda para colocar a bola desses brasileiros? Onde estará escondido o crucial defeito da Seleção? Vamos apreciar hoje à noite mais um embate, cheio de esperanças em acontecer à mesma coisa da Argentina. Agora, se a bruxa não for espantada hoje, tenho certeza de que o meu saudoso amigo daria o veredicto com apenas sua imorredoura expressão curta: DANOU-SE!

MACEIÓ/SANTANA Clerisvaldo B.Chagas, 12 de julho de 2011 Vamos chegando perto dos meados de julho, o mês que mais chove em nosso inverno...

MACEIÓ/SANTANA

MACEIÓ/SANTANA
Clerisvaldo B.Chagas, 12 de julho de 2011

Vamos chegando perto dos meados de julho, o mês que mais chove em nosso inverno alagoano. Mas agora aparece uma chuva entrecortada, confirmando esse modo particular de ser, o clima de Maceió. Usando a expressão sertaneja, o tempo fica bonito para chover, bem que o céu escurece, mandando cada um se prevenir, vem que o maceioense chama de toró. E quando se pensa que o dia será todo sem trégua, o toró vai embora. Bate o estio e assim vai se formando um inverno quebrado, costumeiro da “cidade sorriso”. De vez em quando uma rara friezinha ameaça ficar, mas logo arriba. Quando bate a chuva forte, continuam sofrendo os passageiros de ônibus nos abrigos improvisados, pequenos, sem amparos laterais, verdadeiras toldas de vender bananas. Os motoristas prosseguem imprudentes. Provocam prejuízos. Logo ali perto duas batidas. Uma em cima da outra. O motoqueiro fica estendido no pretume molhado do asfalto. Os gritos de todos os lados nada resolvem. Um policial que vai passando telefona para SAMU. Forma-se imediatamente fila quilométrica, quando os não educados buzinam em vão. Sirenes alarmam e, a vítima é levada, só aí a multidão se dispersa. Mal a fila roda, novo acidente repete a cena anterior.
Vem à mente as festas de Santana do Ipanema. Quem é do interior, na capital é pássaro cativo. Época de início da festa da padroeira e da desmembrada festa da juventude. E por falar em festa da juventude, esse ano não haverá cavalo de pau, atração máxima dos jovens que chegam aquele núcleo. A cidade fica pequena para receber tantos visitantes que honram a “Rainha do Sertão”. Entretanto a força da ordem ainda está muito aquém do desejado. O abuso do som escandaloso estressa até as pedras do rio Ipanema. Parece que em nome das boas vindas, as autoridades liberam o núcleo, à semelhança de cidade sem lei. As ruas principais são interditadas de tantas coisas, tornando o trânsito um inferno, fato que não se admite mais hoje em dia.  Quando alguém fala dos absurdos, sempre recebe a sábia resposta própria da terra: “Em Santana tudo pode”.
A festa de Senhora Santa Ana, considerada a maior festa religiosa do interior, esvazia-se devido ao crescimento ligado à festa da juventude. O bom senso ainda não distanciou uma da outra, evitando o fenômeno da antropofagia. Enquanto isso vamos curtindo Maceió, desejando êxito e paz em ambas as festas de Santana do Ipanema. Enquanto a capital continua quente, o Sertão rende um frio de matar sapo. Salve Maceió/Santana, SANTANA/MACEIÓ.