NENHUM ANALISTA SABE Clerisvaldo B. Chagas, 11 de agosto de 2011 Toda a região onde se localiza a Síria é chamada pelos geógrafos, O...

NENHUM ANALISTA SABE


NENHUM ANALISTA SABE
Clerisvaldo B. Chagas, 11 de agosto de 2011



Toda a região onde se localiza a Síria é chamada pelos geógrafos, Oriente Médio, Oriente Próximo ou Ásia Seca. Na realidade, aquele mundo faz parte do grande deserto do Saara com seus vários nomes regionais. Não é somente entender as milenárias histórias da região ou a espinha dorsal de todas, para entender a complexidade do assunto. Muitas nações fracassam nos apaziguamentos entre os homens do deserto, justamente porque não levam em conta as particularidades das populações com todas suas características diferentes das ocidentais. Geografia, História, Sociologia e Religiosidade, são coisas básicas para um razoável entendimento de uma área tipo “barril de pólvora”. A inteligência da península já foi regiamente apresentada nos bancos escolares, mas a estrutura peculiar do Oriente parece ser o âmago de perguntas e respostas. A onda pela democracia já explodiu, mas não é somente a busca por ela que permeia hoje as convulsões sociais. Existem muitos interesses em jogo, tanto dentro como fora das áreas de conflitos.
        Foi muito boa à presença do Brasil juntamente com Índia e África do Sul no diálogo encenado com o ditador sírio Bashar Assad, que promete acabar com a repressão nos próximos sete dias. Nessa brincadeira danada no país, já morreram em torno de duas mil pessoas na agitação revoltosa que vem acontecendo desde o mês de março. A presença do Brasil foi boa, juntamente com África do Sul e Índia, pelo menos para um ato de novos interlocutores no lugar dos tão babados Estados Unidos. O desgaste sucessivo do país americano de cima, chega a irritar de tantas e inúteis diligências. A Síria é ponto nevrálgico na geopolítica das nações, principalmente as desenvolvidas da Europa. Com o continente europeu sofrendo as agruras da crise financeira e Estados Unidos também, o vácuo é invadido, então, pelas três nações que fazem parte dos BRICS. No caso particular do Brasil, é mais uma oportunidade de firmar-se no cenário global em procura de influência e respeito cada vez maiores.
        Como os problemas da região são complexos, vamos entender depois o que é a “democracia pluripartidária” que o ditador Assad pretende implantar. O subsecretário-geral para Oriente Médio, embaixador Paulo Cordeiro, do Itamaraty, foi o representante brasileiro do encontro e mantém algumas dúvidas sobre o assunto. Cordeiro é muito claro quando fala que não se deve esperar muito de Assad. O homem herdou o trono do pai, quer ficar a vida toda no poder e ainda reclama da oposição. Isso faz lembrar a quem na sua terra, caro leitor? Ninguém quer largar o osso, mesmo que um mar de sangue forme-se em derredor. A cegueira aos anseios populares e o mar de sangue quase sempre fazem sucumbir o próprio cego afogado no borbulhar do vermelhão. O futuro da Síria também está em jogo, mas certinho, certinho mesmo como será o resultado, NENHUM ANALISTA SABE.






LONDRES SOB CHAMAS Clerisvaldo B. Chagas, 10 de agosto de 2011   Cercado de multicores astros que adornam as divinais galáxias, surge o p...

LONDRES SOB CHAMAS


LONDRES SOB CHAMAS
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de agosto de 2011

 Cercado de multicores astros que adornam as divinais galáxias, surge o ponto azul da Via-Láctea que indica a Terra. Apresenta-se um belo planeta no capricho do Criador com um punhado de criaturas que se vivem a digladiarem. Foi permitido privilégio inicial a um dos compartimentos, de comando sobre outras regiões desse mapa-múndi. E a riqueza europeia, construída sob o negro chicote do Velho Continente, foi vergando a coluna da América do Sul e Central, fazendo escorrer o sangue de pretos, ameríndios e moralmente brancos. Mas, apesar de séculos de história, esse território repisados de lutas, parece ainda não ter encontrado a supremacia que tanto buscou. O tempo foi maleável, mas nada garantiu. Nem mesmo a riqueza levada das entranhas tropicais, de formas mais abjetas, sugada sofregamente a seiva inicial. Como se não bastasse o tumulto pela democracia no perímetro árabe, ali vizinho, todos se voltam para o antigo centro do mundo, a capital da Inglaterra. Vão saindo às provas de que os gêneros de duas pernas do capitalismo de luxo também possuem os mesmo defeitos das ex-colônias de além-mar. Chá e Café revoltam-se com a mesmo intensidade, independente de cuia cabaça e cuia queijo do reino.
        Um homem morto por policiais originou conflitos de rua no bairro londrino de Tottenham. Dessa vez foi diferente da morte do brasileiro inocente, cuja Justiça da Inglaterra abaixou-se perante o seu nacionalismo. Ao ceifar a vida de um homem pacato, a polícia teve que enfrentar uma série de tumulto, confrontos com jovens que pediam justiça praticando inúmeros atos de vandalismo. Tanto a mídia internacional quanto a mídia inglesa classificava os tumultos como os “maiores distúrbios dos últimos anos na capital britânica”. A revolta londrina parece ser um acúmulo de inúmeros problemas sociais que de vez em quando explodem nas mais presentes capitais da Europa. Quem viu as imagens na mídia internacional, ficou chocado com a força da violência. Quebra de vidraças, incêndios, saques e confrontos bem que pareciam cenas da Segunda Guerra Mundial tal as chamas que subiam na capital do rio Tâmisa.
        O vandalismo londrino espalhou-se por outras cidades inglesas como Birmingham e Cameron. Em Liverpool a polícia enfrentou os manifestantes que queimaram vários automóveis. Foram colocados nas ruas, cerca de 16 mil policiais como protetores contra a onda de revolta. Patética foi a ação do prefeito de Londres que, ao sair com uma vassoura pelas ruas da cidade, recebia vaias e mais vaias que cortavam qualquer um dos seus pronunciamentos. É de se notar que alguns dos bairros atingidos inicialmente por essa onda violenta, são de minorias étnicas, com alto índice de criminalidade e desemprego, mas outros bairros de classe média também foram atingidos. E se em nossa expressão sertaneja dizíamos que o pau estar comendo, em algum lugar da América do Sul, voltamos nosso linguajar para a capital do mundo. Quem diria! Impossível, mas é verdade. A harpa do imperador Nero foi levada para os céus da Inglaterra a festejar com o depravado: LONDRES SOB CHAMAS.





ADEUS FEIRA DO PASSARINHO Clerisvaldo B. Chagas, 9 de agosto de 2011         O cotidiano comum também vai fazendo história em Alagoas...

ADEUS FEIRA DO PASSARINHO


ADEUS FEIRA DO PASSARINHO
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de agosto de 2011

        O cotidiano comum também vai fazendo história em Alagoas.  Conhecemos a tradicional Feira do Passarinho, em Maceió, desde os nossos amargos tempos de repúblicas estudantis na capital. Ali estavam conosco os futuros médicos Erivaldo Braga das Chagas (nosso irmão mais velho), Dalmário Nepomuceno Gaia, mais o futuro prefeito de Carneiros, Aristeu e, o depois, empresário das confecções em Maceió, Juarez Delfino, entre outros. A Feira do Passarinho, nessa época, já era famosa, servindo aos mais desgarrados cidadãos de bem e aos mais perigosos ladrões e desordeiros que por ali se aninhavam. A Feira estendia-se na largura, de uma rua a outra, ocupando toda a longa calçada, invadindo barracos fixos e os trilhos da ferrovia. A fama daquela feira sempre foi enorme, atraindo para o ambiente imundo e não seguro até mesmo turistas sedentos de coisas inusitadas. Acompanhávamos quase diariamente as ações de alguns investigadores que se destacavam pela Imprensa, graças às ações praticadas diariamente na Feira do Passarinho, entre eles, o Cassimiro. Dali também eram estampadas as fotos e reportagens que exaltavam os feitos de bandidos assíduos do aglomerado. Quem quisesse comprar de tudo, como bicicletas, relógios, rádios de pilhas e outras coisas mais complexas, o lugar certo era as imediações do Mercado Municipal.
        Se a Feira do Passarinho já era famosa, nos últimos tempos passou a ser alvo de reportagens curiosas da mídia brasileira, por conta da passagem do trem pelo meio das bugigangas. Os ambulantes colocavam o material de venda sobre os trilhos imprensados entre barracos. No apito do trem, puxam os comerciantes suas mercadorias com tanta naturalidade como se nem houvesse perigo nenhum.
        O que nunca deu para entender foi a dificuldade de governos sucessivos em acabar de vez com a eterna imundície da Levada e toda a área da Feira do Passarinho. Sobre a remoção dos comerciantes locais, não tem cabimento o velho choro do jargão a “feira sustenta inúmeros pais de família”. Este problema social já devia ter sido resolvido há décadas. A resistência deveria ter sido enfrentada antes, quando uma estrutura digna tivesse sido construída para abrigar a todos. Esse medo das autoridades em enfrentar um problemão social e físico, fez com que se chegasse a tantas revoltas resistentes para modernizar o trecho. Aliás, nem se sabe ainda, se o local vai ser humanizado. O que urge é a presença do VLT para minorar questões que se arrastam sobre o transporte urbano. E se agora a Prefeitura corre contra o tempo para abrigar os comerciantes que ficaram sem espaço, dela mesma foi a culpa relativa às sucessivas gestões. Vamos desfilar no trem de luxo em terreno imundo, em paisagem degradante? Aguardemos os próximos cinco meses, previstos para o término das obras. Quanto ao novo local de comércio, somente o tempo dirá sobre a manutenção do nome de batismo da feira. Mesmo assim, já vamos acenando tal lencinho branco da janela do Veículo Leve sobre Trilhos: ADEUS FEIRA DO PASSARINHO!