AL DA BELEZA Clerisvaldo B. Chagas, 4 de setembro de 2012. Crônica Nº 856  TAQUARANA. (Fonte: alagoas24horas.com) Em Santana...

AL DA BELEZA


AL DA BELEZA
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de setembro de 2012.
Crônica Nº 856

TAQUARANA. (Fonte: alagoas24horas.com)

Em Santana do Ipanema havia um cidadão chamado Lulu Félix que ao falar das maravilhas vistas em suas viagens, retrucava quando alguém o chamava mentiroso: “Você não viaja!...”.
FAZIA um bom tempo que eu havia transitado por ali. Aliás, contemplei o asfaltamento da pista, enfrentando os percalços das noites e as máquinas do progresso. A AL-110, que vai do entroncamento da BR-316, perto da cidade de Maribondo, até Arapiraca, fez um bem danado a Alagoas. Como pista em toda a sua plenitude, a AL-110 permitia que eu, de Santana, e vários estudantes de Palmeira dos Índios, chegássemos a tempo às aulas em Arapiraca. O motorista, o “Gordo”, dono de casa de peças em Palmeira, costumava voar em sua veraneio, tirando em tempo mínimo da “Princesa do Agreste” a “Terra do Fumo”. Um doido que fazia arrepiar cabelo. Era com ele que arriscávamos a vida, pelo menos duas vezes por semana, sob as ordens do seu pé de chumbo. Não brinque não, compadre, que o cabra pobre para se formar passa cada uma que pensa não poder contar depois. Com uns quinze ou vinte anos após essas aventuras, passando em Palmeira dos Índios, fui à dita casa de peça para vê o Gordo. Ele estava vivo e só me conheceu quando me identifiquei. Ainda têm as aventuras da volta de Arapiraca quando todos iam dormir menos eu, à cata de hotel. Droga! Nem quero mais pensar nisso.
Na última vez que havia passado pela AL-110, fiquei tão impressionado com as diversas chácaras ao longo da rodovia e as paisagens dos verdes vales que falei para todos que aquele trecho era um dos mais belos de Alagoas. Ultimamente voltei a transitar por Taquarana, “Terra do Abacaxi”, entre o entroncamento e Arapiraca. Amarguei uma rodovia esburacada e perigosa, mas as belezas dos vales continuam encantando. O que me chamou a atenção, porém, foi o povoamento que se formou numa rapidez enorme, ao longo da rodovia. Surgiram vários e enormes povoados, seguidos de estabelecimentos comerciais, além das chácaras e casas como se fosse um prolongamento de Arapiraca. Como uma região pode crescer daquela maneira? Dizem ainda que eu não vi nada. Falam que, quando a Vale começar a exploração de minérios por ali (ferro e ouro), aí sim, vai ter o que se contar. Falam também que devido à expansão da cidade, a prefeitura de Arapiraca quer agora o crescimento vertical e não a ocupação de prédios nas terras férteis das periferias.
Não quero virar Lulu Félix nem deixar de externar a minha admiração pela área arapiraquense; mas chamei, tá chamado o trecho da 110 de AL DA BELEZA.

ALERTA NORDESTE! Clerisvaldo B. Chagas, 3 de agosto de 2012. Crônica Nº 855 O DESERTO AVANÇA. (Fonte: Google). Não deixa de...

ALERTA NORDESTE!


ALERTA NORDESTE!
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de agosto de 2012.
Crônica Nº 855

O DESERTO AVANÇA. (Fonte: Google).
Não deixa de ser alarmante o grito dos estudiosos a respeito da desertificação em território brasileiro. O deserto vai se delineando, pouca importa ficar jogando a culpa nas mudanças climáticas ou nas ações diretas do homem. Temos importantes técnicos no assunto e confiança em um trabalho profícuo voltado para o problema. E se o Instituto Nacional do Semiárido (INSA) ─ órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia ─ fala em 15% de desertificação, é coisa grave, muito grave. Segundo o INSA, o caso chega a atingir 1.488 municípios localizados no Nordeste (nove estados) norte de Minas Gerais e Espírito Santo. O semiárido já é uma região bastante castigada pelas estiagens prolongadas. O desmatamento sem piedade da região deixa o solo exposto e, os berros isolados de socorro não são de hoje. O próprio sacerdote, Cícero Romão Batista, já alertava aos agricultores sobre o perigo do desmatamento e formulava vários conselhos sobre a terra. Remediar agora o mal que se alastrou é muito mais difícil, se bem que deve existir solução para esse desastre tão feroz.
Diante desse problema que necessita estudos de vários profissionais de áreas diferentes como geógrafos, agrônomos, geólogos e outros, revelou-se interessante a técnica utilizada pela pequena agricultora paraibana Angineide de Macedo, de 42 anos. Após acompanhar a degradação das suas terras, Angineide resolveu plantar o nim indiano. O nim tem crescimento rápido e vai aos oito metros de altura. Ora, com esse processo simples, adquirido pela agricultora através de uma organização não governamental, o quadro em sua propriedade foi revertido. Angineide ainda salvou suas plantações de ervas medicinais, ganhou sombras à vontade e local de brincadeiras para crianças. O nim protege suas plantações do sol abrasador e dos ventos, deixando a paraibana feliz com o que conseguiu. “De acordo com o coordenador da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), Naidison Batista, a conscientização dos agricultores sobre o manejo adequado da terra somada à difusão de tecnologias adaptadas ao Semiárido são elementos fundamentais para combater o processo de desertificação no país”. Ele defende o uso de técnicas agroecológicas no combate e prevenção.
A questão da terra não pertence somente ao agricultor. A terra é mãe e o fim de todos. Interessa a toda criatura de bom senso, cliente inevitável dos seus frutos.  ALERTA NORDESTE!

O ADEUS DE AGOSTO Clerisvaldo B. Chagas, 31de agosto de 2012. Crônica Nº 854 SERTÃO SECO. (fonte: Wikipédia). Diz o povo do ...

O ADEUS DE AGOSTO


O ADEUS DE AGOSTO
Clerisvaldo B. Chagas, 31de agosto de 2012.
Crônica Nº 854

SERTÃO SECO. (fonte: Wikipédia).
Diz o povo do Sertão: “Mês miou, mês findou”. Como o mês não mia, sabemos que ele quer dizer: “mês meou” do verbo mear. De fato, parece mesmo que os primeiros quinze dias demoram mais. A partir do dia quinze, o povo, psicologicamente, tem razão, no instante o mês termina. Com a mesma quantidade dos trinta e um dias, agosto sempre traz a impressão de que é o mês mais espichado do ano. Em nossa região sertaneja alagoana, representa o final das chuvas de outono/inverno. A partir do dia dez – dizia o poeta-repentista Rafael Paraibano da Costa, vão caindo as “últimas tamboeiras”; chuvas fracas que vão escasseando até encerrar o tempo chuvoso. É nesse período de agosto que a frieza costuma doer nos ossos. Esse ano as tamboeiras dos quinze dias chegaram, aproximadamente, ao dia 25/26. Com o inverno atrasado de início e terminando no prazo, o Sertão exibe o seu verde camuflado tentando esconder à seca.  Deveremos agora enfrentar os meses enxutos de setembro e outubro e a incerteza das trovoadas a partir de novembro a janeiro.
O homem se debruça sobre os sinais da natureza no seu estudo mameluco. É o ciclo da lua, os movimentos dos formigueiros, a casa do joão-de-barro, o voo dos pássaros, a flor de mandacaru, a estrela matutina, as condições do rio Ipanema, a direção do vento, a barra do dia... E por trás do verde desbotado dos pereiros, dos alastrados, das imburanas, o fazendeiro contabiliza os prejuízos de uma seca danada. Faltou leite na fazenda e dinheiro nos alforjes. A seca bateu no sertanejo com cacete de mororó, endureceu o couro das novilhas, enfraqueceu o boi. Os urubus, fartos, voam serenos no pano azulado e se escondem nos píncaros dos serrotes.  Cobras se enroscam nos pedregulhos, dormitando das caçadas. No céu surge uma luazona refletindo o dia, convidando à ternura, aos sonhos mais belos das caatingas. Canta o galo nas madrugadas puras sob o piscar azulado das estrelas. Em breve a arte divina também refletirá nos tons angélicos da alvorada.
Na cidade os pardais levaram os seus novinhos. As garças migratórias ainda permanecem aguardando a ordem de retorno. E as periferias vão se cobrindo do branco pantaneiro. É dia 31 no Brasil grande. Dia de receber salário, tempo de mangar de superstições, época de pensar na primavera. Da varanda do tempo é bom agitar o lenço imaculado e corresponder ao cavalheiresco ADEUS DO MÊS DE AGOSTO.