LONGE UNS DO OUTROS Clerisvaldo B. Chagas, 10 de outubro de 2012. Crônica Nº 882 A fonte da sabedoria. Foto (Wikipédia). Me...

LONGE UNS DOS OUTROS



LONGE UNS DO OUTROS
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de outubro de 2012.
Crônica Nº 882

A fonte da sabedoria. Foto (Wikipédia).
Meu pai era um homem simples, temente a Deus e sábio na ciência da vida. Vivia a aconselhar constantemente como seus filhos deveriam se comportar na sociedade. Esse poço de sabedoria, esse homem de bem, ainda me faz falta mesmo na idade em que nos chamam de sexagenários. Manoel Chagas era um homem prático e tinha nos ensinamentos religiosos sua fonte perene do saber. Possuía o privilégio dos sonhos proféticos em que nos dizia e ficava aguardando os acontecimentos. Para as dificuldades da vida, sempre tinha uma palavra amiga, um conforto profundo e ditados bíblicos que indicavam a saída. Certa feita, quando falávamos em administradores de municípios, quase sempre péssimos e escandalosos, ele dizia que “administrador é como cavalo bom, mora longe um do outro”. As observações através do tempo vão comprovando o que ele nos falava. O homem não costuma olhar para o coletivo, carrega em si um desejo secreto de se apoderar do alheio, de egoísmo sem fim. Esquece ou ignora que o que Deus lhe deu foi para compartilhar, para ajudar o próximo, o necessitado. Mérito nenhum tem o que só ajuda à própria família, pois assim a onça, o leão e outros bichos fazem a mesma coisa.
O homem, antes de ser administrador de uma coletividade, deveria ser humano, olhar para os outros mortais com olhos diferentes dos predadores. Muitas vezes até, as máquinas, as estradas, o asfalto, a ponte, a praça, valem muito mais para o administrador cego, que não enxerga o sofrimento da fome, da pobreza, da miséria dos seus munícipes. É preciso ter sido criado nos preceitos de Deus, nos ensinamentos de Jesus, a quem deve servir de modelo para os seus atos de tanta importância. A sensibilidade do administrador da coisa pública deve navegar sempre na compreensão e no amor ao bem. Muitos foram os que depositaram sua confiança no novo gestor. Cabe ao pastor à sabedoria de guiar o seu rebanho, sem descriminar, sem perseguir, clamando sempre ao Senhor dos Mundos para iluminar suas decisões. Tudo que uma pessoa individualmente ou não, possui, foi dada por Deus. Ele tanto aumenta quanto tira do que esquece os seus ensinamentos.
Para essa nova safra de prefeitos e vereadores do Brasil, vamos desejando, primeiramente, a todos eles, a sabedoria para guiar o seu povo. Sem ela, vinda dos céus, tudo estará perdido. Vamos ver se estreita mais os bons administradores que estão LONGE UNS DOS OUTROS.

A FORÇA DE CRISTÓVÃO Clerisvaldo B. Chagas, 9 de outubro de 2012. Crônica Nº 881 Igreja Matriz de S. Cristóvão. Nada inspir...

A FORÇA DE CRISTÓVÃO



A FORÇA DE CRISTÓVÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de outubro de 2012.
Crônica Nº 881

Igreja Matriz de S. Cristóvão.
Nada inspirador encontrado no mundo global, a pena se volta para a região com suas nuances políticas e festas de santos. Aliás, nada melhor de que uma festa bem animada de um padroeiro para sarar as feridas abertas da política que gargalha e atraiçoa. A Paróquia de São Cristóvão, com sede no Bairro Camoxinga (nome indígena), relativamente nova, costuma destacar-se no Sertão alagoano. O festejo tradicional ao santo dos motoristas acontece no mês de outubro, plena primavera, quando atrai multidões para sua abertura e encerramento, principalmente. Nessa ocasião a paróquia tem a oportunidade de trazer a Santana do Ipanema, vários sacerdotes mais novos e veteranos que ficaram famosos na região sertaneja. Assim, os padres convidados são distribuídos nas missas do novenário, cada um com sua noite de celebração. Cada noite, simbolicamente, pertence a alguns segmentos da sociedade, que procuram trazer suas apresentações, abrilhantando as ações bem coordenadas. Os condutores de veículos acorrem em massa, numa procissão movida pela fé no homem que prestava serviços atravessando pessoas sobre os ombros em um riacho.
O belíssimo início da festa de São Cristóvão está previsto para o próximo dia 11, com a tradicional cavalgada com vaqueiros e a comunidade conduzindo o estandarte do padroeiro. O encerramento deve acontecer no dia 21 com celebração solene eucarística e a presença do bispo diocesano, Dom Dulcênio Fontes de Matos. Neste dia, acontecerá a Solene Procissão com a imagem de São Cristóvão saindo da cidade vizinha de Dois Riachos (terra da jogadora Marta) até Santana do Ipanema. Várias ruas serão percorridas pelas centenas de veículos que deverão acompanhar a imagem através da BR-316. As noites estão distribuídas com seus patrocinadores e, ao terminar as solenidades, tem início a parte profana com seus parques, músicas, barracas e movimentos das pessoas que ocupam as ruas adjacentes. Das cidades e povoados circunvizinhos chegam os devotos atraídos pela repercussão da festa. Os padres convidados para este ano são José Neto França, Paulo César Pereira Pinto, Reginaldo Luiz Soares, Monsenhor Josevel Mendes, Monsenhor José Augusto Silva, Henaldo Chagas, Elison Silva, Adalto Alves Vieira, Antonio Marcos Tenório e Thiago Henrique.
       Os políticos ganhadores e perdedores terão oportunidade de constatar que quem tem prestígio mesmo é o gigante que transportou o Cristo às costas. O Brasil está convidado para registrar a FORÇA DE CRISTÓVÃO.

DIA DE ELEIÇÃO Clerisvaldo B. Chagas, 7 de outubro de 2012. Crônica Nº 880 Mário Silva, prefeito eleito de Santana do Ipanema,...

DIA DE ELEIÇÃO



DIA DE ELEIÇÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de outubro de 2012.
Crônica Nº 880

Mário Silva, prefeito eleito de Santana do Ipanema, AL. Foto: (sertão24horas).
Logo cedo os mesários chegaram às sessões para um dia de trabalho diferente e cansativo. Os relógios mexem nos ponteiros que parecem tão ansiosos quanto os candidatos exaustos de uma campanha ferrenha. É o dia da prova dos nove. Lá no sertão o homem do campo diz que é a hora de mostrar “quem tem roupa na mochila”. Os transportes já se encontram em ações plenas, cortando fazendas, sítios e comunidades em busca do eleitor desconfiado. Muita gente nem dormiu tentando driblar a vigilância irredutível da Justiça, este ano. Os espertos trocaram as batidas malas pretas por outros depósitos mais leves e camuflados. Os olhares atentos dos que vendem disputam os horizontes dos caminhos, as baixadas desiguais, as veredas de bodes, os lombos dos lajeiros... Nas ruas pavimentadas rodam os carrões negros da polícia, o automóvel carimbado do juiz, as motos ligeiras dos que devem. Mostrando a festa da democracia, ganham às ruas os coloridos que alegram o pleito e ornamentam o todo. As praças estão apinhadas e os “santinhos” sem milagres forram a dureza dos paralelepípedos.  
        Quando a lei endurece o povo cala. Povo calado é um perigo para o que botou a alma no fogo do chamego. Movimentam-se grupos de matutos; formam-se fila nas repartições; espumas descem pelos copázios desafiando a lei seca; e à tardinha vai encostando com o resultado nervoso das urnas eletrônicas. A contagem eficiente acelera o passo e os novos reis do dinheiro público vibram com a vitória. Os vencidos desparecem como ratos abandonando o navio. Os vitoriosos enchem as ruas de correligionários numa alegria sem par. Sons de campanha vibram noite adentro, misturados às latinhas que também irão alegrar os catadores da manhã. Os destronados somem. Somem por encanto furando a noite rumo às fazendas distantes ou às mansões recuadas das capitais. Pelegos apressados rasgam as propagandas dos carrões de luxo dos seus amos e a fila da elite continua a debandada. A cidade não dorme com a zoada imposta pela novidade recente. 
        A ressaca de hoje, segunda-feira bem chegada, vem trazendo sorriso novo para a vitória e poeira fina para a derrota. Acabamos de viver um espetáculo de democracia. Assim foi o nosso DIA DE ELEIÇÃO.