O TUBARÃO DE LULU FÉLIX Clerisvaldo B. Chagas, 20 de novembro de 2012. Crônica Nº 811 Notícias vindas do litoral de Alagoas dão...

O TUBARÃO DE LULU FÉLIX



O TUBARÃO DE LULU FÉLIX
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de novembro de 2012.
Crônica Nº 811

Notícias vindas do litoral de Alagoas dão conta de que pescadores do município de Piaçabuçu ─ foz do rio São Francisco ─ capturaram um tubarão de, aproximadamente, dois metros. O fato teria acontecido no mar da praia do Peba, uma das mais bonitas do Brasil. Isso faz lembrar uma época em que soldados do exército praticavam esporte na praia do Sobral em Maceió. Na hora do recolhimento deram pela falta de um dos jovens soldados e não conseguiram localizá-lo. A tristeza tomou conta do grupo que suspeitou de morte por afogamento, pois a praia do Sobral é bastante conhecida em ser muito perigosa. Os soldados retornaram ao quartel, comunicaram o fato ao comando e buscas foram realizadas. Dias depois, pescadores capturaram enorme tubarão, semelhante ao da praia do Peba. Qual não foi a surpresa, quando abriram o bicho dos mares! Estava ali o soldado desaparecido, inteirinho dando continência. Os companheiros respondem a saudação militar de dentro do tubarão. Pelo menos foi isso o que nos contou o senhor Lulu Félix, o homem considerado o pai da mentira, na época, em Santana do Ipanema. Houve contestação, mas o homem arrematou com sua fala baixa e mansa: “Você não viaja!”.
Como não vivemos em um planeta moralmente homogêneo, vamos vivenciando os diversos comportamentos humanos. As ciências procuram avançar em suas pesquisas e dão nome à doenças e ações que intrigam os que nada sabem. O povo não. O povo aplica suas denominações populares imediatas apontando diretamente à ferida exposta. Surgem termos como invejoso, guloso, avarento, bajulador, comumente desdobrados para melhor entendimento.  Assim o avaro passa a ser mão de vaca; o invejoso vira olho grande; o bajulador é apenas puxa saco e baba ovo e, o guloso transforma-se tristemente em porco.  E esses raceados que surgiram com as primeiras civilizações, continuam mesclando a convivência com seres carregados de outros defeitos de fábrica ou de criação. Diante dos reizinhos da política, avulta-se a figura do bajulador que ultimamente recebeu nova denominação e responde como ganso.
É muito fácil identificar a estampa do ganso que até mesmo no apagar das luzes do reizinho, ainda age com duas mãos, dois pés e a boca, numa fricção desastrada. E como tudo isso faz parte da vitrina, ninguém arrisca quando cessará o ato de fazer continência a tubarão. O TUBARÃO DE LULU FÉLIX.

A SENHA DO CABRA Clerisvaldo B. Chagas, 19 de novembro de 2012. Crônica Nº 910 Os cidadãos de certa sociedade santanense foram c...

A SENHA DO CABRA



A SENHA DO CABRA
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de novembro de 2012.
Crônica Nº 910
Os cidadãos de certa sociedade santanense foram convidados para um passeio à fazenda de um deles. A fazenda ficava no município de Pindoba, já na Zona da Mata de Alagoas em lugar aprazível de montanhas. Além de um dia de lazer diferente, todos poderiam conhecer a pequena cidade de Pindoba, cuja palavra representa um tipo de palmeira da região. O coco da planta pindoba era usado para se fazer cachimbo pelos antigos índios e quilombolas da Mata Atlântica ou Floresta Tropical. Um dos excursionistas, Juca Alfaiate, mestre da tesoura e seresteiro nas horas vagas, contou que foi surpreendido na entrada da fazenda do fiscal de rendas José Pereira Mendes por um cabra em traje de cangaceiro, armado até os dentes. Com a maior cara de pau, o capanga pediu a senha de entrada. Receoso, o convidado ficou plenamente sem ação. Foi aí que o cabra entregou-lhe uma caneca, uma garrafa de aguardente e engatilhou o rifle. Descoberta a senha do cabra, Alfaiate virou uma golada e saiu rindo daquela inusitada brincadeira. Lá adiante, todos comentaram o susto que levaram com a seriedade desaforada do sujeito.
A vida da gente vai se desenrolando entre altos e baixos pelos caminhos infinitos. O que parece gigante, muitas vezes se torna pequeno e, aquilo que nos parece mínimo se agiganta. O pessimista sempre contempla nuvens negras em céu azul. O otimista às vezes chega a ser ingênuo, mas que a caminhada por esse mundo continua sendo um mistério continua. Entre a normalidade e a loucura, entre a vida e a morte, existe apenas um fio tênue que faz a diferença. Tem razão o poeta quando diz que a vida é uma luta e viver é combate permanente. A falta, entretanto de uma religião, de uma crença, a negação de Deus, torna mais difícil e angustiante momentos críticos experimentados por todos. Dizem, porém, que não devemos ficar somente no negativo achando que tudo que iremos fazer não vai dar certo. Quantas e quantas vezes esbarramos aos pés de um gigante e nos sentimos impotentes! Todavia, quando o pensamento se eleva ao Senhor dos Mundos, logo o titã ameaçador desaparece e o horizonte volta a nos sorrir. Esta é a solução que devemos conduzi-la para não sermos surpreendidos como o Juca Alfaiate pela provocativa e dentuça vigilância de Pindoba, simplesmente A SENHA DO CABRA.

O CAVALINHO DE MANÉ Clerisvaldo B. Chagas, 16 de novembro de 2012. Crônica Nº 909 Quando as águas do Ipanema faziam volume no Poç...

O CAVALINHO DE MANÉ



O CAVALINHO DE MANÉ
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de novembro de 2012.
Crônica Nº 909
Quando as águas do Ipanema faziam volume no Poço do Juá, no Poço dos Homens, nos poços menores, na largura dos cem metros, ficávamos sobre os lajeiros espiando a força da Natureza. Víamos boiando na impetuosidade das águas, animais mortos como cachorros, porcos e bois; cercas de arame, vasos de zinco de armazenar feijão, garranchos e até braúnas arrancadas pela cepa. Nessas ocasiões, saíam histórias de todos os tipos, piadas e anedotas que complementavam a nossa curiosidade. Lembro quando o meu amigo Mileno Carvalho contou que um pai de família avisou à filharada que iria comprar um cavalinho para o seu filho mais novo.  Logo os rebentos mais velhos ficaram alegres e um deles disse: “Eita, assim que pai comprar o cavalinho, eu vou correr no cavalinho de Mané até matar!”. Como cada um falasse coisa semelhante, o velho ficou fulo e disse com um chicote na mão: “Pois agora vocês vão levar uma surra porque estão matando o cavalinho de Mané”.
O Brasil anunciou muito cedo que teria descoberto tanto petróleo que faria inveja a Monteiro Lobato. A notícia correu mundo deixando o país rico em potencial com as recentes descobertas do “ouro negro”. É claro que a ambição por dinheiro mexe muito com o modo de raciocinar dos homens. E quando medidas foram tomadas para explorar o líquido, os políticos viram que era verdade mesmo o que havia sido anunciado. Agora todos querem “deitar” a mão no dinheiro gerado no fundo do mar. A própria sociedade organizada reivindica um pedacinho das notas para isso, para aquilo, para aquilo outro. Os governadores dos estados produtores de petróleo começaram a rasgar o saco do desespero, sem querer dividir o bolo com os estados irmãos. Na outra ponta sustenta a corda os não produtores que também querem passar os dedos no óleo fedorento, mas valioso. Forma-se aí uma quebra de braço como Lampião e o tenente Bezerra na casa do velho Bié das Emendadas. As dificuldades no entendimento vão levando à divisão não somente os governadores do Brasil, mas também os habitantes dos estados que entendem que o negócio é bom.
O caso do mar cheio de dólares vai entrando pelo Congresso e saindo no gabinete da presidenta Dilma. Ninguém tem certeza ainda como vai ficar a coisa. Entretanto, o certo, é que descoberta a intenção de se comprar um potro para servir à nação, todos querem correr até matar O CAVALINHO DE MANÉ.