SANTANA, MIRANTES E CONHECIMENTO Clerisvaldo B. Chagas, 16 de março de 2015 Crônica Nº 1387 Mirante do Cruzeiro. Foto (Cleris...

SANTANA, MIRANTES E CONHECIMENTO



SANTANA, MIRANTES E CONHECIMENTO
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de março de 2015
Crônica Nº 1387

Mirante do Cruzeiro. Foto (Clerisvaldo).
).
Conhecemos várias cidades planas, em Alagoas, como Arapiraca, Pão de Açúcar, São José da Tapera, Ouro Branco e outras mais. Não podemos negar, porém, que Santana do Ipanema, seja totalmente assim. É uma cidade ladeirosa, repleta de patamares para o norte e para o sul a partir da calha do rio Ipanema. Como tudo tem suas vantagens e desvantagens, Santana possui inúmeros mirantes naturais, perto de si e mais distante que contemplam tanto o  o núcleo urbano quanto as cercanias. Próximos a nós temos os serrotes do Gonçalinho, Cruzeiro, Pintado, Pelado, e serras Aguda e Remetedeira. Um pouco mais distantes, as serras do Poço, Camonga e Macacos. Quantos já subiram esses montes para conhecê-los e apreciar os cenários?
Legítimo e cultural são, portanto, as caminhadas que grupos santanenses que moram fora, promovem periodicamente. Com objetivos de juntar velhos amigos, beber, brincar e caminhar, alguns vão conhecendo lugares do seu município onde nunca estiveram antes.
Como já passei da fase de caminhadas longas, ainda penso num pequeno grupo, em um jipe antigo e bom a percorrer a zona rural do município sempre aos domingos, tanto as partes serranas, quanto as planuras.
Apaixonado pela caatinga descubro imenso prazer em sair abastecido e parar em qualquer sombra do campo a se deliciar com a natureza. Quantas ruas de Santana você conhece? Quantos sítios do município? Quantos mirantes?
O conhecimento deveria partir da iniciativa escola. Uma programação que fizesse com que mais tarde o cidadão afirmasse: “Conheço minha cidade, meu município completo, meu estado todo”. Assim o homem está preparado para conhecer sua grande Região Geográfica e seu País para poder partir para o mundo. Ninguém ama o que não conhece.
Uma caminhada no momento, contudo, com a altíssima temperatura desse fim de verão, não anima a ninguém. Além disso, as estradas, trilhas e caminhos não estão de confiança. A droga, os bandidos em motos estão nos quadrantes do sertão, onde ninguém mais deve andar sozinho.
As visitas de conhecimentos e lazer, agora são ameaçadas pela insegurança dessa nova geração dos desmantelos.

QUARESMA Clerisvaldo B. Chagas, 13 de março de 2015 Crônica Nº 1.386 Tentação de Cristo. Museu João Paulo II (Varsóvia). Qu...

QUARESMA



QUARESMA
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de março de 2015
Crônica Nº 1.386

Tentação de Cristo. Museu João Paulo II (Varsóvia).
Quarta-feira passada tive ocasião de assistir a missa de 7º dia em sufrágio da alma do senhor Antonio Paraibano da Costa. Achei uma forma prática da igreja, em realizar uma missa de finados durante a Via-sacra, fora da Matriz de São Cristóvão, em Santana do Ipanema, Alagoas.
Acompanhada por um expressivo número de fiéis no Bairro São José, o movimento religioso movimentou as ruas mais afastadas do bairro, inclusive celebrando a missa bem perto do leito do rio Ipanema, durante a última estação representativa.
As pessoas recebiam o movimento em suas casas transformadas em estações, com bastante alegria em participar desse ato que representa o sofrimento de Jesus antes da sua morte. Também me impressionavam os cânticos bem ensaiados, guiados por voz masculina bastante entoada e atraente.
É o tempo sagrado da Quaresma, período que antecede a Páscoa cristã e a tão aguardada Semana Santa. Os serviços religiosos da festa pascal comemoram a ressurreição e a vitória de Cristo depois dos seus sofrimentos e morte, conforme narram os evangelhos.
Impressiona ainda a multidão que acompanha a Via-sacra, notadamente em noites de dias úteis. No mundo cada vez mais voltado para o corre-corre do cotidiano, as pessoas chegam do trabalho e, com muita boa vontade e fé, complementam o seu dia, entre caminhada, cânticos e orações.
A história cristã está repleta de simbologia do número 40, de onde se deriva o termo quaresma.
Da nossa parte foi pena não mostrarmos o movimento religioso do Bairro São José, pois, pela inabilidade minha mesmo, não consegui boas fotos, apesar da tentativa.
Para compensar, apresentamos a pintura “A Tentação de Cristo” – Fhilips Augustjn Immenraet – Museu João Paulo II – Varsóvia.
Boa Quaresma ao nosso leitor!


COMO FOI ANUNCIADO ONTEM NO BLOG, AS CRÔNICAS PARA QUINTA E SEXTA SOBRE A POLÍTICA SANTANENSE FICAM ADIADAS. APENAS ADIADAS.  O P...

O POÇO E O REI




COMO FOI ANUNCIADO ONTEM NO BLOG, AS CRÔNICAS PARA QUINTA E SEXTA SOBRE A POLÍTICA SANTANENSE FICAM ADIADAS. APENAS ADIADAS.

 O POÇO E O REI
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de março de 2015
                                                                Crônica Nº 1.385


Carito do rio Ipanema. Foto: (Clerisvaldo).
 Após as cheias periódicas do rio Ipanema, as águas formavam poços no seu leito arenoso. O mais famoso era o poço dos Homens, por trás do comércio de Santana. A pesca era livre com destaque para alguns elementos da sociedade local. Assim encontrávamos sempre a fisgar mandim, Toinho Baterista (depois Toinho das Máquinas) que só pescava de anzol. Seu Quinca, alfaiate, o mais antigo profissional que conheci, também fazia ponto pescando de anzol. Dizem até que quando ele chegava ninguém conseguia pescar mais nada. Havia tarrafeiros em busca de bambás (denominadas Xiras no rio São Francisco). No poço havia um peixe pequeno chamado piaba e o corrupto do “submundo” conhecido como carito ou chupa-pedra. Não passava de cinco centímetros, feio, boca de sapo, ignorado por todos. Mais tarde surgiram no Ipanema o cará e o pitu.
Nós, meninos, antes, pescávamos piabas, com litro de vinho, do fundo virado para dentro, tendo como isca um pouco de farinha.
O que nunca pude entender era o modo de pesca de um cidadão da Rua e Bairro São Pedro, chamado Joaquim Reis. Não queria outra coisa; nem piaba, mandim ou bambá. Preferia pegar à mão os corruptos caritos jogados pelas águas nas pedras do poço.
Joaquim Reis tinha nobreza no nome. Eu já percebia isso, mesmo com idade pouca. Era pobre, está certo, mas por que aquela miserável preferência pelo peixinho desprezado por todos?

Existem na Câmara Federal, no Senado, nas Câmaras Municipais, pessoas de altíssima qualidade moral que honram os seus eleitores, familiares, mandato e o seu país. Os seus salários já são uma exorbitância e contam ainda com as mordomias dos antigos déspotas europeus. Tudo é imoral, mesmo sendo legalizado. Enquanto isso o povo geme como gemia na França da Idade Medieval.
Esses pelos menos pescam gordas bambás, robustos mandins e gigantes pitus.
Mas por que outros nobres nos títulos insistem em buscar os caritos do submundo?
Talvez Freud não explicasse essa tendência aberta para a corrupção escalonada e contínua, mas com certeza se Joaquim Reis ainda fosse vivo, no instante resolveria esse mistério.