COMO FOI ANUNCIADO ONTEM NO BLOG, AS CRÔNICAS PARA QUINTA E SEXTA SOBRE A POLÍTICA SANTANENSE FICAM ADIADAS. APENAS ADIADAS.
O POÇO E O REI
Clerisvaldo
B. Chagas, 12 de março de 2015
Crônica Nº 1.385
Carito do rio Ipanema. Foto: (Clerisvaldo). |
Nós, meninos, antes,
pescávamos piabas, com litro de vinho, do fundo virado para dentro, tendo como
isca um pouco de farinha.
O que nunca pude
entender era o modo de pesca de um cidadão da Rua e Bairro São Pedro, chamado
Joaquim Reis. Não queria outra coisa; nem piaba, mandim ou bambá. Preferia pegar
à mão os corruptos caritos jogados pelas águas nas pedras do poço.
Joaquim Reis tinha
nobreza no nome. Eu já percebia isso, mesmo com idade pouca. Era pobre, está
certo, mas por que aquela miserável preferência pelo peixinho desprezado por
todos?
Existem na Câmara
Federal, no Senado, nas Câmaras Municipais, pessoas de altíssima qualidade
moral que honram os seus eleitores, familiares, mandato e o seu país. Os seus
salários já são uma exorbitância e contam ainda com as mordomias dos antigos
déspotas europeus. Tudo é imoral, mesmo sendo legalizado. Enquanto isso o povo
geme como gemia na França da Idade Medieval.
Esses pelos menos pescam
gordas bambás, robustos mandins e gigantes pitus.
Mas por que outros
nobres nos títulos insistem em buscar os caritos do submundo?
Talvez Freud não
explicasse essa tendência aberta para a corrupção escalonada e contínua, mas
com certeza se Joaquim Reis ainda fosse vivo, no instante resolveria esse
mistério.
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