Por motivo de viagem adiantamos três crônicas: Nosso Dendê, comendo rapadura, rabo de cavalo. Ficam também armazenadas ao lado: Veja a...

RABO DE CAVALO




Por motivo de viagem adiantamos três crônicas: Nosso Dendê, comendo rapadura, rabo de cavalo. Ficam também armazenadas ao lado: Veja ali: O nosso dendê


RABO DE CAVALO
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de agosto de 2015
Crônica Nº 1.472

Foto: (Divulgação)
Relembrando a sede implacável pelo poder, dos parlamentares, foi intensa a movimentação em época passadas, visando à criação de novos municípios. Meros povoados sem condições nenhuma, além do umbigo, alvoroçaram-se com a possibilidade real de emancipação. Época de governo e leis fracas, parlamentares tornaram-se reis da noite para o dia. Visando os votos daqueles habitantes e a cadeira de prefeito para si ou para seus paus-mandados, projetos e mais projetos municipalizaram territórios.
Com esse modismo desencadeado intensamente, surgiram de fatos alguns municípios novos que adquiriram certo progresso. Muitos, entretanto, malgrado verbas estaduais e federais injetadas nas veias novas, ainda hoje não tem o que mostrar à sociedade, salvo o abandono, a pobreza e o encolhimento. Junto a eles, inúmeras sedes de antigos municípios, acompanham o que se chama oficialmente de decadência. Citar nomes desses municípios é perda de tempo e modo de humilhação.
Estagnados como poças d’água em rios temporários, ficam os cidadãos vivendo como o início do século XX, onde o tempo só passa na televisão. Em vários desses municípios, Brasil e Nordeste afora, a única coisa que cresce é a casa do prefeito, sede do feudo moderno onde, projeto e curso feito pelos funcionários, são empregados em suas fazendas. Recentemente, um munícipe revoltado e esclarecido nos falava disso, coisa que acontece no município onde nasceu. Para se construir uma estrada até um povoado próximo, o gestor alega que jamais, pois o povoado poderia se transformar em local de prostituição.
É assim com essa mentalidade medieval e podre, que centenas de municípios são dirigidos, onde os olhos do governo não conseguem chegar.
Ainda no final desta semana estarei, com certeza pesquisando em um desses feudos, em Alagoas. É preciso ter muita fé para se dizer que Deus não abandona o seu povo. Povo esse que só possui o único modo de crescer com a direção desses infelizes: para baixo, igual a rabo de cavalo.



COMENDO RAPADURA Clerisvaldo B. Chagas, 13 de agosto de 2015. Crônica Nº 1.471 RAPADURA NA FEIRA. Desde que a rapadura nordes...

COMENDO RAPADURA



COMENDO RAPADURA
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de agosto de 2015.
Crônica Nº 1.471
RAPADURA NA FEIRA.
Desde que a rapadura nordestina passou a ser exportada para a Europa que o olhar de desprezo mudou o ângulo. Servida na merenda de escolas alemãs, para evitar anemia, fez despertar os brasileiros. Temos a tradição da rapadura desde o século XVI, trazida dos Açores ou das Canárias.
Esse caldo de cana cozinhado e endurecido era popular até a década de 60. No Nordeste foi amplamente transportada em caixotes, em lombos de burro e, amplamente vendida nas feiras livres. O costume de comer rapadura nessa região, em todos os estados, sempre foi amplo, principalmente pela classe média e baixa da população. Tão popular como o bacalhau e o charque, a rapadura sempre esteve em evidência desde os escravos da Mata aos vaqueiros do Sertão. Servida pilada com farinha ou não, tornou-se eficiente nos bornais dos retirantes, romeiros, cangaceiros e forças volantes perseguidoras dos bandidos. Pilava-se também a rapadura junto aos grãos de café nas fazendas e povoados sertanejos.
Rapadura também é chamada raspadura que vem da origem da raspagem dos tachos. Ela é feita a partir da cana-de-açúcar, após a moagem, fervura do caldo, moldagem e secagem.
Em Alagoas, fabricava-se rapadura, tanto na zona da Mata quanto na região serrana de Mata Grande e Água Branca. As alturas do maciço daquelas cidades facilitavam o plantio da cana e o fabrico da rapadura.
No encarecimento de escravos, segundo, Evilásio Brito, dono de fabriqueta de calçados e depois comerciante, em Santana, um proprietário escravocrata teve uma ideia. Comprou dez moças escravas, apenas, e pediu a um negro da fazenda para tomar conta. O negro aceitou a incumbência, mas pediu ao patrão para ser abastecido todos os dias com rapadura, negócio fechado.
É bom saber que a Índia é o primeiro fabricante do mundo e a Colômbia, o segundo. No Brasil, o Nordeste é o maior produtor, com o estado do Ceará à frente.
Alguns estados já usam o produto na merenda escolar como fonte de ferro.
Vamos comer rapadura, gente!


O NOSSO DENDÊ Clerisvaldo B. Chagas, 12 de agosto de 2015. Crônica Nº 1.470 DENDEZEIRO. (voltaindia.blogspot). Interessante...

O NOSSO DENDÊ



O NOSSO DENDÊ
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de agosto de 2015.
Crônica Nº 1.470

DENDEZEIRO. (voltaindia.blogspot).
Interessante à reportagem do Globo Rural, edição 09/082015, quando fala amplamente do coco dendê. Aliás, o Globo Rural parece ser a única peça da Globo onde não se destila ódio contra o governo e se fala a verdade.
De fato, quando se fala em dendê no Brasil pouco se sabe além das localidades produtoras. A primeira impressão é sempre a da exótica culinária baiana, famosa dentro e fora do país, de acordo com as aventuras contadas por personagens corajosos. Duvidamos, portanto do conhecimento da existência dessa propriedade produtora da palmeira dendê na região amazônica; propriedade esta que possui, somente de estrada dentro das fazendas, 1.600 quilômetros.
É de encher a boca, mesmo, ao dizer da grandeza desse empreendimento, pelas informações do agrônomo Túlio Dias Brito: 39 mil hectares de dendê, quatro indústrias, escritórios, galpões, 64 mil hectares de matas próprias, 5.200 funcionários e tudo funciona como uma pequena cidade. Não ficam de fora quatro vilas espalhadas pela plantação, um ambulatório médico, uma escola e uma academia para a população.
Mas não é somente da cozinha baiana que vive o azeite de dendê. Ele rende também vários outros tipos de óleos e gorduras vegetais. “São ingredientes que entram na fabricação de produtos da indústria de alimentos e cosméticos; em receitas de cremes, hidratantes, sabonetes, fabricação de bolo, massa, sorvete e margarina”.
E se você pensa que fica somente nisso, é preciso saber que ele ainda é base para produção de biodiesel de dendê.
Só o cacho do bicho, quando maduro, vai pesar 25 quilos e dele tudo se aproveita.
“O maior produtor de dendê no Brasil é o Pará. Com 170 mil hectares plantados, o estado responde por 83% da safra nacional”.
E para completar, o dendezeiro é originário do oeste da África.    Até parece que pelas suas variadíssimas utilidades o óleo de dendê seja o novo petróleo do Brasil.
Talvez numa descomunal aventura a comer acarajé você descubra isso.