PRA QUE CHORAR! Clerisvaldo B. Chagas, 3 de junho de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.120 CARUARU.(FOTO: DIV...

PRA QUE CHORAR!


PRA QUE CHORAR!
Clerisvaldo B. Chagas, 3 de junho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.120
CARUARU.(FOTO: DIVULGAÇÃO/PREFEITURA).

Finalmente chegou o mês de junho, época mais aguardada no nordeste brasileiro; período em que o “Rei do Baião” ressuscita todos os anos nas festas espalhadas à base do forró. A diminuição das fogueiras nas cidades, ainda não retiraram o brilho e o fascínio que exerce o sexto mês do calendário gregoriano. A deusa romana Juno – mulher do deus Júpiter – deve ficar orgulhosa do tempo e visitar os nordestinos quentes do Brasil. O fole velho já começou a roncar do Sertão ao Litoral, do Maranhão ao Sergipe, com fogueira, sem fogueira, com mulher produzida e aguardente de encher riacho. Danem-se as dores e sofrimentos e viva a saia rodada e o chapéu de palha das quadrilhas que alegram o mundo. Até Santo Antônio, São João e São Pedro entram em recesso no céu e vêm curtir o fuzuê dos zabumbeiros.
Corre mulher, que Campina Grande e Caruaru novamente estão à cabeça das festanças. Tem até um escritor que é azoado por milho cozido, doido por canjica, maluco pela pamonha. Enfeitam-se os arraiais, as escolas, as pessoas e haja coco de roda em solo alagoano. Quando o inverno é bom, as praças exibem e vendem montanhas de milho verde. Roda o som do maior cantador do coco sincopado, o saudoso Jacinto Silva:

“(...) Mas um coco bom
De pandeiro e ganzá
Pra poeira levantar
Só quem cantava era eu...”.

Assim fica feliz a nação Nordeste, logo nos primeiros passos do mês gostoso. Gostoso de clima e de guloseimas arretadas. As estradas ficam lotadas de veículos com os nordestinos trocando de cidades em busca das melhores opções festeiras. Nos lugares núcleos do evento, pousadas e hotéis não conseguem abrigar tanta gente. Multiplicam-se os empregos temporários em torno da forrolândia que contamina tudo. As atrações anexadas ao motivo central da festa, sempre se expandem como cobra de borracha. E o viajor sedento encontra novos motivos para arrastá o pé no cimento do mercado, da praça, do clube... Do “arraiá”.
Quem não consegue brincar, rrssh...
Ô mês atrativo da gota serena! Fui.



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A VEZ DE MARINHO – CAJARANA Clerisvaldo B. Chagas, 31 de maio de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.119 HOSP...

A VEZ DE MARINHO - CAJARANA


A VEZ DE MARINHO – CAJARANA
Clerisvaldo B. Chagas, 31 de maio de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.119

HOSPITAL DE SANTANA, O GIGANTE DA COLINA. (FOTO: B. CHAGAS).
Inspecionando minha terra, vejo a notícia sobre pavimentação nos lugares de grande pobreza. Abandonados à própria sorte, por décadas, os conjuntos habitacionais Marinho e Cajarana começam a deixar a UTI. Marinho é conjunto construído nas antigas terras do senhor Marinho Rodrigues. Cajarana por ostentar bela árvore cajarana no início da rua. Marinho fica ao lado do hospital regional e Cajarana, por trás. A rua do hospital, antes repletas de casebres, acha-se em plena mudança virando comércio. As duas acima citadas, pagando o ônus do desprezo. Pois a notícia é que o Conjunto Marinho já se encontra pavimentado e que o benefício começa a se estender pela Cajarana. Esta sofreu e talvez ainda sofra com a fossa do hospital assoberbando e escorrendo por ali.
A Cajarana é uma rua comprida que vai até a parte baixa do Bairro Floresta com ótima largura. Com a pavimentação poderá tornar-se a avenida mais bela do bairro e opção de acesso ao hospital e a UFAL que são vizinhos. O calçamento é básico, mas poderão surgir praças, quadra esportiva e outros motivos de lazer. Assim como na rua da frente, poderão surgir oportunidades contra a pobreza com novo comércio, uma vez que a cidade bota para correr as indústrias que aparecem. A cidade, vírgula. Assim, é bem chegado, após a pavimentação, o mercadinho, a farmácia, o açougue, a pousada e outras prestações de serviços, geradores de emprego para levantar o orgulho e a dinâmica do lugar.
A pavimentação valoriza prédios e áreas baldias de imediato. Os benefícios vão aparecendo tanto por parte da prefeitura quanto pelos empreendimentos particulares. A pobreza total entra em decadência e surge o porvir para uma população amante do trabalho. Outros lugares de extrema pobreza de Santana do Ipanema, já foram beneficiados com pavimentação, o que minimiza os sofrimentos com chuvas de inverno e poeira de verão. Ações dessa natureza aplainam, mesmo com algumas diferenças, as oportunidades de bairros pelo respiradouro.
Os bairros Camoxinga e Floresta foram antes procurados pelas terras baratas. Na Camoxinga não é mais assim e, em breve na Floresta também será. Oportunidade para todas as regiões urbanas faz parte de uma boa administração.
Boa sorte para a cidade.

FREI DAMIÃO E O MEU NORDESTE Clerisvaldo B. Chagas, 30 de maio de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.118 F...

FREI DAMIÃO E O MEU NORDESTE.


FREI DAMIÃO E O MEU NORDESTE
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de maio de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.118


FREI DAMIÃO. (FOTO: DIVULGAÇÃO).
Frei Damião de Bozzano gostava de pregar no Sertão das Alagoas. Fazia sermões, confessava, celebrava, estava sempre à frente dos desfiles. Conseguia arrebanhar multidões de devotos jamais vistos em outros tipos de eventos. Quando estava atendendo filas infindáveis, recebia ofertas em dinheiro vivo – que jamais contava – colocando-as de imediato no seu bolso fundo. Em uma dessas ocasiões, o frei acabara de receber mão cheia de cédulas. Antes de colocá-las no bolso, o próximo fiel pediu uma ajuda financeira. Damião transferiu a quantia recebida, imediatamente, para as mãos do pedinte. Este também nem chegou a contar e disse: “é muito pouco, meu padrinho”. Conforme a ocasião, o freio sabia dar esporros, mas dessa vez apenas meteu a mão nas mãos do avarento, arrebatou o que dera, guardando tudo no sua batina.  Voltou-se para o imediato da fila.
Outra ocasião, em São José da Tapera, uma senhora confessou-lhe que o marido era muito bruto. Estava com medo de ser agredida fisicamente e precisava de socorro. Frei Damião aconselhou-a a deixar o marido e viver com os filhos em outro lugar. A senhora respondeu que assim não poderia fazer. Perdendo a paciência, o frei a empurrou dizendo: “Então, morra peste”. Esse caso foi a nós relatado pela própria senhora do acontecido.
Uma das vezes em que Frei Damião de Bozzano chegou a Santana do Ipanema, foi na década de 60. Aonde chegava fazia chover. Não foi diferente em Santana que vivia prolongada estiagem. Uma procissão de automóveis e caminhões foi recebê-lo nas imediações de Olho d’Água das Flores. Quando a grande comitiva adentrou ao município de Santana teve início chuva prolongada seguida por uma cheia no rio Ipanema. Perdi carona nos veículos e atravessei o Ipanema no início da cheia, como menino, chorando de medo. À noite houve sermão na Matriz. No Cachimbo Eterno e Rua Prof. Enéas (Rua de Zé Quirino), forró topado. Os bailes acabaram com invasões de potós e muita gente queimada pelos bichos. Diziam que havia sido castigo pela falta de respeito ao Santo do Nordeste.
Foi um desadoro no Sertão.