NÓS NA FESTA   Clerisvaldo B. Chagas, 25 de julho de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.150 SENHORA SANTANA (F...

NÓS NA FESTA


NÓS NA FESTA
  Clerisvaldo B. Chagas, 25 de julho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.150
SENHORA SANTANA (FOTO: DIVULGAÇÃO).
 O “Major” batia o sino, o povo comparecia e o padre Cirilo rezava a novena. A multidão se aglomerava na Praça Cel. Manoel Rodrigues da Rocha e toda a frente da Matriz de Senhora Santana. Alargava-se a multidão pela Praça Enéas Araújo, por um lado e, por outro, pelo Largo da Feira, pela frente do Mercado de Carne, pela Rua José Américo e descambava pela Rua Tertuliano Nepomuceno. Na frente da Matriz muitas mesas de jogo, bazares, parque de diversões com roda gigante, pescaria de prêmios e uma cabina musical que rolava os últimos sucessos. Waldique Soriano, Miltinho, Silvinho, Agnaldo Timóteo, Moacir Franco, Altemar Dutra e outras feras. O locutor colhendo dinheiro e passando música comprada para os namorados e pretendentes.
Não se dizia os nomes das criaturas era: “ofereço essa música ao rapaz da camisa verde que está na frente da loja B; assina, você já sabe”. Do Largo da Feira para à Rua Tertuliano, toldas e mais toldas, candeeiros acesos e pratos de galinha à noite toda. Forrós estendiam-se do Mercado à rua suspeita Tertuliano, onde se iniciaram os cabarés da cidade. Quebradas nos becos do Mercado e de São Sebastião, faziam parte do submundo da festa. Mas nada disso iniciava antes da celebração da Santa Missa. Leilão defronte ao Salão Paroquial, carro de fogo na praça, foguetes no Beco São Sebastião, “onda”, “curre” (carrossel) e balões no sobrado do meio da rua. Os fazendeiros costumavam oferecer garrotes ao padre Luís Cirilo, para os animados leilões de todas as noites.
Atualmente, sem Major – o sineiro – sem padre Cirilo, sem onda, curre e balão, a parte profana foi transferida para o Espaço Cônego Bulhões, já aprovado em espetáculo com mais de 20 mil pessoas; um sucesso enorme no Centro de Santana do Ipanema. Muita coisa pode ter mudado, mas a fé inquebrantável na Santa Padroeira continua a mesma. Inclusive, vem gente até de outros estados distantes para pagar promessa na procissão.
Santana exulta!
Santana vibra!
O Sertão enverdece e resplandece diante do fluxo luminoso vindo da AVÓ DE CRISTO.




É HOJE O ENCERRAMENTO Clerisvaldo B. Chagas, 24 de julho de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.149 MATRIZ DE...

É HOJE O ENCERRAMENTO


É HOJE O ENCERRAMENTO
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de julho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.149

MATRIZ DE SENHORA SANTANA. (FOTO: B. CHAGAS).
Encerrar-se-á hoje (quarta-feira) a maior festa religiosa do interior alagoano.
“Nossa Senhora Santana é aquela criatura que Deus predestinou e escolheu para ser, na terra, Mãe da Virgem Imaculada, Mãe da Mãe de Deus e avó de Jesus Cristo, Nosso Salvador.
Santa Ana, São Joaquim e o Glorioso São José, os Pais e o Esposo castíssimo de Maria, estão envoltos no silêncio e na humildade.
Bem pouco deles se conhece. E, no entanto, o universo inteiro há séculos não cessa de cantar os seus louvores.
Santa Ana, depois de São José, foi a criatura mais íntima do Verbo Encarnado, a Intimidade do sangue e do parentesco, Mãe de Maria, a Virgem concebida sem pecado, e por Maria, avó de Jesus Cristo. Há um véu de mistério e um grande silêncio da História e das Escrituras sobre Santa Ana.
Dela bem pouco nos diziam a História e a Tradição, mas basta para sabermos o que Ela é e quão grande é seu poder e sua glória. Basta-nos só isto: É Mãe da Mãe de Deus e Avó de Jesus Cristo!
Segundo a tradição dos antepassados, Joaquim (São Joaquim), chegado o tempo de contrair matrimônio, foi procurar, na família de David, entre a gente da sua estirpe, uma esposa digna e virtuosa. Encontrou Santa Ana, privilegiada criatura do seu ideal. Não era rico, mas possuía alguns bens, e segundo a tradição, vivia do comércio de lãs e de carneiros. (Acta Sanct Martir Ton. III – Anne Chretienne). (...).
(...) Santa Ana é, pois, da família nobre do Rei – Profeta. Maria, quer da parte de São Joaquim, quer de origem materna, é filha de David.
(...) O pai de Santa Ana chamava-se Mathan e a mãe, Maria”.

(Trecho extraído do livro “Santana do Ipanema conta sua História”, dos irmãos Floro e Darci Araújo de Melo, págs. 15-16).

HEROÍNAS DO RIO IPANEMA Clerisvaldo B. Chagas, 22 de julho de 2019 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.148 LAVADEI...

HEROÍNAS DO RIO IPANEMA


HEROÍNAS DO RIO IPANEMA
Clerisvaldo B. Chagas, 22 de julho de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.148

LAVADEIRA. (FOTO: CORONEL EZEQUIEL BLOG.).
Antes da água encanada do São Francisco, década de 60, não era fácil a vida das lavadeiras profissionais em Santana do Ipanema. Lembramo-nos das que atuavam no trecho das três olarias do rio que corta a cidade. A passagem pelo rio, da antiga rodagem que ia de Santana a Olho d’Água das Flores, chamava-se Minuíno, palavra que arrancou muitos cabelos em busca de um significado, sem êxito. Pois era ali no tal Minuíno que as lavadeiras ganhavam a vida na profissão. Escavavam no leito seco do rio Ipanema com uma cuia ou outra vasilha e logo a água assoberbava na cacimba rodeada de areia grossa. Faziam um jirau com varas esqueléticas e cobriam-no com palha de coqueiro ouricuri e panos velhos. Debaixo daquela fragilidade contra o Sol de mais de trinta graus, lavavam-se roupas da classe mais aquinhoada da sociedade.
Sempre se encontravam lavadeiras com trouxas de panos à cabeça descendo às ruas em direção ao Panema. Raras dessas senhoras também engomavam. Se se fazia uma coisa, não se fazia  outra. Havia uma diferença profissional em que a engomadeira estava em patamar mais elevado, embora ambas fossem subalternas.
A apreciação romântica no saudosismo poético visto por alguns escritores, não existia nas lavadeiras do selvagem e rude rio Ipanema. Havia a dura labuta, sem cânticos, sem afeto, sem porvir, daquelas fêmeas rijas e batalhadoras para levar o pão à mesa. Mulheres do Ipanema, companheiras inseparáveis do tempo, filhas da favela e do alastrado.
Após luta feroz, o advento da água encanada, foi aos poucos extinguindo as profissionais lavadeiras e os botadores d’água em jumentos (mais de cem), em Santana do Ipanema. Assim também, a ponte sobre o rio – década de 60 – afastou banhistas e lazer do mais famoso e aprazível Poço dos Homens, no mesmo rio Panema.
Tempos depois surgiram algumas lavanderias que abriam e fechavam às postas, como até os dias atuais.
Vou historiando à minha terra na hora de botar roupa na máquina de lavar. Também virei moderna lavadeira... Ou lavadeiro? Sei apenas, compadre, que a roupa sai cheirosinha e chega à memória um preito de gratidão e carinho às antigas lavadeiras, heroínas anônimas do meu amado rio Ipanema. Saudade... .