TÁ FICANDO DEZ Clerisvaldo B. Chagas, 20 de abril de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.295 RUA DO TÊNIS CLUB. (C...

TÁ FICANDO DEZ


TÁ FICANDO DEZ
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de abril de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.295
RUA DO TÊNIS CLUB. (CRÉDITO: SITE SERTÃO NA HORA/JEAN SOUZA

Muito bom o acompanhamento de um site da terra na movimentação asfáltica da cidade. É assim que a população fica  bem informada, principalmente nessa fase difícil de não sair às ruas. Mas enquanto acontece o confinamento, os heróis populares do asfalto, continuam firmes nas ruas e avenidas de Santana do Ipanema, passando o piche em lugares estratégicos da cidade. Quem diria que ruas anteriormente esquecidas fossem receber esse beneficiamento moderno! Chegam até nós texto e fotos dos lugares contemplados pelo modernismo. A Rua Professor Enéas, humilde e sofrida foi premiada, segundo o referido site. Assim também teria acontecido na Rua Ormindo Barros (rua da Rádio Milênio) e Rua  Adeildo Nepomuceno Marques (via do Tênis Clube Santanense) que também pega toda a lateral da Escola Padre Francisco Correia.
Assim sendo, todos os veículos motorizados da região do Bairro São Pedro e imediações, evitarão o Centro Comercial aliviando o trânsito, rumo à capital. É que a Rua Ormindo Barros asfaltada, terá papel preponderante naquela periferia servindo de alentador atalho. E se a Capital do Sertão já é bela por natureza, muito mais bela ficará, principalmente após as sinalizações horizontais e verticais que dão segurança, colorido e ornamentação. Pode parecer ufanismo tolo, mas as ruas empoeiradas da própria Maceió, lutam com suas associações pelo benefício a que todos têm direito. “Circular na “maciota” para cima e para baixo não tem preço”, como falou um mototaxista entusiasmado.
O projeto do governo estadual junto às prefeituras dá um salto circense de qualidade no padrão de vida das cidades interioranas. Poeira no verão e lama no inverno viram coisas do passado. E com o predomínio do asfalto nas ruas, os próprios prefeitos agraciados com o Projeto, imaginam de imediato novos empreendimentos que valorizam ainda mais os trechos com pretume que cobrem os paralelepípedos tronchos. Claro que não esquecemos das ruas que ficarão sem o petróleo, mas com apenas 18 km de asfalto muitas delas ficarão sem o benefício como a da minha residência. Fazer o quê? Mas se o prefeito de Santana do Ipanema fizer posteriormente um novo esforço, cremos que todos os lugares, sem exceção, estarão incluídos neste sonho mais avançado.
Novamente parabéns ao prefeito Isnaldo Bulhões, a sua equipe e aos incansáveis operários de cor laranja que fazem a cobertura.







SANTANA E LAGOAS Clerisvaldo B. Chagas, 17 de abril de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.294 TÍPICA LAGOA DO SEM...

SANTANA E LAGOAS


SANTANA E LAGOAS
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de abril de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.294
TÍPICA LAGOA DO SEMIÁRIDO. (BLOG FATOS E FOTOS DA CAATINGA).

O rio São Francisco extrapola o leito e forma inúmeras lagoas, muitas das quais se tornaram famosas de Pão de Açúcar a Penedo. Matam a fome do povo ribeirinho com plantio de arroz, peixes e pastagem de várzeas para bovinos e gado miúdo. Os rios intermitentes do semiárido não produzem lagoas: nem o Ipanema, nem o Traipu, Capiá, Desumano, Canapi, Farias, Jacaré... Quando sem corrente, apenas poços em lugares pedregosos. Entretanto, o Sertão possui inúmeras lagoas que em grande parte desapareceram vítimas do desmatamento, da ignorância e da apatia de moradores que sempre delas precisaram. Elas são pequenas e quando possuem 50 m2 já são enormes. Formam-se em depressões de terrenos com bons lençóis freáticos abastecem rebanhos domésticos, bichos selvagens e os humanos.
As lagoas sertanejas sempre demarcaram lugares sendo denominações de sítios, porém, muitas delas extintas deixaram apenas o nome nos históricos dos municípios. Em Santana do Ipanema temos os sítios rurais: Lagoa do Algodão, Bonita, De Dentro, Garrote, João Gomes, Junco, Mijo, Morais, Pedro, Redonda, Torta, Volta e outras lagoas sem o nome do lugar. O desmatamento do entorno de muitas delas, foi o primeiro golpe. Em seguida vieram a areia tangida pelo vento; barro, areia e cascalhos trazidos pelas enxurradas das chuvas torrenciais. Depois, a indiferença do homem que nunca fez limpeza alguma de assoreamento nem reflorestou pelo menos em vinte metros às suas margens. Quem possui lagoa em suas terras, possui riqueza traduzida em água para a família e para o rebanho, vida selvagem, umidade, refrigério e plantio, mas onde está o “faz que te ajudarei” proposto pela Natureza?
Pena não podermos oferecer subsídios sobre os nossos mananciais sertanejos, uma vez que não encontramos apoio para um trabalho extraordinário que iniciamos sobre a zona rural. Autoridades não ajudam a produzir nem a publicar documentários sobre interesses coletivos. A conversa é sempre a mesma: “mas, mas, mas...” Que só não enche o saco de bajuladores.
Esta crônica foi inspirada em relatório publicado por órgão estadual falando sobre a enorme perda de nossos mananciais.
A propósito, a família Chagas em Santana do Ipanema, é originária da sua fixação no sítio Pedra da Lagoa, a cerca de 12 km do centro da cidade. Região do alto d’Ema.









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MULHERES DE BARRO Clerisvaldo B. Chagas, 16 de abril de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.293 PANELAS NO ALTO DO...

MULHERES DE BARRO


MULHERES DE BARRO
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de abril de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.293
PANELAS NO ALTO DO TAMANDUÁ. (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO).

Preso na quarentena, nunca mais passeei pela feira livre semanal. Mas soube que a feira das panelas desapareceu da rua  costumeira e talvez também tenha sido extinta. Era ali que se compravam panelas, potes, jarras, bois e éguas de barro. O artesanato era mantido pelas mulheres da Lagoa do Mijo ou Baixa do Tamanduá e do Povoado Alto do Tamanduá. A baixa do Tamanduá é sítio às margens da BR-316 na fronteira Santana/Poço das Trincheiras, enquanto o povoado é vizinho e pertence ao Poço, também na BR-316. Não faz muito tempo assim, os homens fabricavam balaios de cipó e as mulheres lidavam com a família das panelas. Local de barro vermelho, a matéria-prima tornou-se escassa para ambos os sexos e  os homens foram os primeiros a abandonarem a arte.
As duas comunidades são irmãs e originárias das pessoas pretas oriundas do também vizinho povoado Jorge. Ali frequentei muitas cantorias com os repentistas Rafael Paraibano (sogro) e José de Almeida, sempre com recepções calorosas dos humildes habitantes, gente boa. No final dos desafios, o samba de roda tomava conta da casa de taipa, acompanhado de peneira, pandeiro e versos de um ou dois cantores. Com o desmatamento na redondeza acabou o cipó, com o povoamento sobre o povoado acabou o barro. Homens e mulheres tiveram que procurar outras fontes de renda e abandonar os artesanatos centenários. As casas isoladas se tornaram um povoado alegre que tem de tudo, inclusive é cortado pelo asfalto da BR-316.
Levamos nossos alunos para uma aula de campo na Geografia, eu e o saudoso professor José Maria Amorim. Numa sexta-feira estávamos nas casas da mulheres do barro, apreciando o atribulado fabrico das panelas. Trabalho de pesquisa,  relatório, discussão posterior em sala de aula. Quando as peças de barro foram queimadas no finalzinho da tarde, retornamos a Santana depois de participarmos de uma roda de samba. No dia seguinte as panelas seriam vendidas na feira da Rainha do Sertão. Excelente oportunidade para irmos cumprimentar aquela gente boa na manhã do sábado, na feira das panelas.
Quanta saudade das MULHERES DE BARRO!.
·        Peneira: instrumento musical feito de palha rígida com pedrinhas no interior. Assegura o ritmo do samba.