SOBRE MIM
Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
DIÁRIO ALAGOAS Fernando Valões Jornalista e sociólogo 05.03.2023 O ilustre escritor e acadêmico Clerisva...
DIÁRIO
ALAGOAS
Fernando
Valões
Jornalista
e sociólogo
05.03.2023
O ilustre
escritor e acadêmico Clerisvaldo B. Chagas está prestes a honrar o cenário literário
com o lançamento da sua mais recente obra na capital alagoana, Maceió, bem como
na cidade de Santana do Ipanema. Este evento marca uma ocasião de significativa
importância cultural e intelectual, notadamente após uma dedicação de 18 anos
de concepção da obra.
A
revelação oficial de “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do
Ipanema” está agendada para ocorrer em primeiro momento na Estaiada Choperia e
Drinkeria localizada na região de Jatíúca, Maceió no dia 13 de março.
Subsequentemente o lançamento será replicado em Santana do Ipanema,
especificamente no Restaurante Santo Sushi situado no Bairro Domingos Acácio,
no dia 20 de março. Este livro, fervorosamente aguardado por entusiastas da
história regional em todo o sertão de Alagoas, promete ser uma contribuição inestimável
ao patrimônio cultural e historiográfico da região.
A
fim de assegurar a inclusividade e a ampla disseminação desta obra seminal, a
organização do evento providenciará em sistema de distribuição de convites e a
possibilidade de transições via PIX, destinados inicialmente a um grupo seleto
de 100 pessoas. Todavia esforços adicionais serão empregados para garantir que
indivíduos fora deste círculo também tenham oportuninadade de adquirir a obra, reafirmando
o compromisso com a acessibilidade cultural.
Esta
obra monumental abrangendo 436 páginas, oferece uma narrativa abrangente e
meticulosamente cronológica da história de Santana do Ipanema, desde os seus
primórdios habitacionais nas margens da Ribeira do Panema até os eventos
transcorridos no ano de 2006. Trata-se de um estudo abrangente que atravessa
diversos períodos significativos da história-brasileira, incluindo a era
colonial, do vice-reinado e imperial, fornecendo um panorama detalhado das
transformações sociais, culturais e políticas da região. Diferentemente das
narrativas históricas convencionais centradas nas elites governantes, esta obra
destaca a confluência de diferentes estratos sociais oferecendo uma perspectiva
inclusiva e multifacetada da história local.
A
capa do livro, uma obra de arte meticulosamente composta, simboliza elementos
culturais e históricos de Santana do Ipanema, incorporando ícones locais como o
Museu Darras Noya e a Igreja Matriz, bem como figuras proeminentes da
comunidade; este aspecto visual não só enriquece a apresentação da obra, mas
também serve como um convite visual para os leitores mergulharem nas
profundezas da história e cultura de Santana do Ipanema.
Portanto,
convidamos a comunidade acadêmica, entusiasta de história e o público em geral
a se unirem a nós neste evento literário de grande envergadura, que promete ser
não apenas uma celebração do legado de Santana do Ipanema, mas também um marco
significativo no campo da historiografia brasileira.
MACEIÓ,
5.3.2023.
TRADUZINDO PARA VOCÊ Clerisvaldo B, Chagas, 5 de março de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.022 Até quase o ...
TRADUZINDO
PARA VOCÊ
Clerisvaldo B, Chagas, 5 de março de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.022
Até quase o final do século passado, o povo
sertanejo alagoano usava bastante as palavras bogó, cabaça, aió e trempe. Você
da capital sabe traduzir? Então, mãos à obra:
Bogó é uma bolsa de couro com
boca estreita e dura. Serve para transportar água em viagens. Quanto mais
quente é o tempo mais a água esfria. Por ser pesado estando cheio, é mais
apropriado para ser transportado por animais como o cavalo, o burro, o
jumento... Foi muito usado por vaqueiros e cangaceiros.
Cabaça fruto do cabaceiro, duro e
cortado ao meio tem ínúmeras serventias. Inteira, tem a mesma função do bogó e
que também foi muita usada pelos cangaceiros e forças volantes, na caatinga. Também é usada em nome masculino como cabaço
que se tornou pejorativo para a virgindade da mulher. O primeiro documento de
Santana do Ipanema, menciona o rio dos cabaços, atualmente conhecido como
Capiá, o mais importante do Alto Sertão alagoano.
Trempe é a junção de três
pedras, fogo no centro, à lenha ou a carvão, geralmente no solo limpo onde será
colocada a panela – a maioria de barro – para cozinhar a comida. Em algumas
regiões do Nordeste a trempe também era chamada tucuruba, nome indígena,
cuja diferença era que as tucurubas tinham o fogo no chão escavado, num buraco.
Cangaceiros usaram muito as tucurubas.
Aió bolsa de tecido especial,
entrançado, para ser pendurado na cabeça do animal cavalar, com ração,
notadamente de milho. Foi muito usado por homens humildes do sertão, a tiracolo
como se fosse uma bolsa de couro atual. Esses indivíduos eram discriminados e
chamados com desprezo de “cabra de aió”. Isto é, sem confiança, sem caráter.
Essa expressão foi muita usada pelos coronéis sertanejos – fazendeiros ricos,
arrogantes e assassinos, cujos títulos vinham de patentes da Guarda Nacional,
criada pelo padre Diogo Feijó. Assemelha-se às expressões: “cabra ruim”, “cabra
peste”, “cabra safado” e “cabra de peia”.
Assim continua o terreno fértil sertanejo em
aberto para os pesquisadores deste mundo encantado.
MUNDO ENCANTADO ENTRE JARAMATAIA E SERROTE DO
JAPÃO (FOTO: B. CHAGAS)
SÃO BENEDITO Clerisvaldo B. Chagas, 1 de março de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.019 Nunca faltou tinta n...
SÃO
BENEDITO
Clerisvaldo B. Chagas, 1 de março de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.019
Nunca faltou tinta no mundo, mas a Igreja de
São Benedito, em Maceió, sempre foi escura e nem sabemos por que. Situada ali
no Comércio, defronte a, então, Secretaria de Educação, imediações da Praça
Deodoro, sempre teve aquele aspecto de esquecida e discreta. Ali passei
inúmeras vezes nas minhas andanças pela capital. Foi onde faleceu o
ex-dirigente de Santana do Ipanema, ainda no tempo de vila, padre Capitulino,
filho de Piaçabuçu, pároco de Santana, depois dirigente, substituto interino do
governador Fernandes Lima, por alguns meses. Na época da vila quem mandava era
a família Gonzaga, quando a irmã do padre casou com um deles. Padre Capitulino,
terminou substituindo os Gonzaga, na política e fazia as duas funções em
Santana do Ipanema.
Dividido pela opinião pública por ser um
padre politiqueiro, estava quase sempre ausente do município. Foi ele que no
ano de 1900, realizou a primeira reforma da Igreja de Senhora Santana. Com o
governador afastado por problemas de saúde, Capitulino assumiu o cargo e que
aproveitou para elevar à condição de cidade, a vila de Santana do Ipanema.
Depois se dedicou somente à carreira sacerdotal e veio a falecer na igreja de
São Benedito. Fora um ataque fulminante de coração, quando se preparava para
celebrar a missa. Sua visita à Santana do Ipanema, como governador, é
registrada no livro de cônicas do brilhante escritor santanense, Oscar Silva,
“Fruta de Palma”.
Mas voltando a igreja de São Benedito e que
tem sua marca na história santanense. Quando as igrejas pararam de receber
defuntos, somente foi permitido receber cadáveres naquele templo. E na
observação do início, sempre nos deparamos com aquela igreja escura por fora e
por dentro, apesar da sua localização privilegiada na capital. Acho que chegamos a um ponto em que havia
muitas igrejas, poucos padres e verbas escassas, problemas esses que também
notamos em nossa região. Porém, a Igreja de São Benedito, ali nas proximidades
da Praça Deodoro, continua resistindo. E apesar de ser uma igreja discreta,
somente notada por que já a conhece, é aberta a todos os devotos do santo e a
todos aqueles que dela sempre precisaram para suas orações diárias ou visitas
esporádicas de robustecimento da fé.
IGREJA DE SÃO BENEDITO EM MACEIÓ (FOTO: B.
CHAGAS).
Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.