SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
O SERROTE Clerisvaldo B. Chagas, 6 de agosto de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.283 Técnicos para o desenv...
O
SERROTE
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de agosto de
2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.283
Técnicos
para o desenvolvimento no Piauí, indagaram o que uma cidadezinha tinha para
ajudar no seu progresso. Um dos moradores disse: “Nada. Só temos areia e pedra”.
Um dos técnicos respondeu: “Ótimo, vamos
iniciar com areia e pedra”. O que faz a diferença entre homens e animais é a
inteligência, a criatividade. Você pode até descobrir como arranjar dinheiro
com seus chinelos velhos. Pois vejamos, bem assim é na Geografia da Natureza.
Santana é uma cidade ladeirosa e repleta de patamares. Mas, ao invés de se
ficar maldizendo porque ela não é uma cidade plana como Arapiraca, Pão de
Açúcar e Ouro Branco, vamos louvar os seus pontos altos, os seus montes e como
aproveitá-los em nosso favor. São pontos de riqueza aguardando a sua
criatividade.
No
semiárido os montes menores tipos morro, são chamados de serrotes (pequenas
serras) e geralmente são estirados e de extremidades suaves e laterais mais
abruptas, diferentes da zona da Mata e de outros pontos chuvosos. O serrote do
Gonçalinho, um dos que circundam Santana do Ipanema, passou a ser enxergado
quando o recente sistema de telefonia local foi instalado na cidade pela
primeira vez. O serrote foi escolhido para instalação de antena chamada “antena
de micro-ondas”. Essa ajuda geográfica, parece ter sido o primeiro grande passo
para o progresso de Santana do Ipanema. Daí em diante os meios de comunicação
da cidade continuaram evoluindo até os presentes dias e nunca mais deixaram o
futuro. O QUE É QUE VOCÊS TÊM?” “NADA, SOMENTE, SERROTES E LADEIRAS”.
O
serrote é quebra-vento, é refúgio de animais selvagens e domésticos, é
refrigério no verão, é lugar próprio e sagrado para antenas, é conservador de
espécies nativas de vegetação; muitas vezes, é pedreira para construções. Além
disso, posa como mirante natural de contemplação e fonte integrante e essencial
para o turismo. Nunca diga que seu lugar não tem nada para progredir em se
tratando de Natureza! Assim cresce o conceito do serrote santanense que tem
três nomes: “serrote do Gonçalinho”, “serrote do Cristo” e “serrote das
micro-ondas”. O Cruzeiro, seu vizinho, fica apenas com duas denominações:
“morro da Goiabeira” (século XIX) e “serrote do Cruzeiro” (após ter sido
colocado ali o marco de passagem do século XIX para o século XX.
SERROTE
DO GONÇALINHO EM TEMPO INVERNOSO. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).
CANCÃO Clerisvaldo B. Chagas, 5 de agosto de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.282 Existe uma expressão se...
CANCÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 5 de agosto de
2025
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
3.282
Existe
uma expressão sertaneja que diz: “O Cancão vai piar”. Significa dizer que
alguma coisa difícil vai acontecer. Expressão essa muito bem aproveitada no meu
romance OURO DAS ABELHAS, numa cena hilária de casamento. Mas, voltando à
realidade, o “Cancão já está piando no sertão”. Trata-se da frieza tradicional
dos primeiros quinze dias do mês de agosto que supera o frio do mês de julho.
Estou escrevendo no domingo dia 3, quando o céu está totalmente branco, chuva
fina, alternando com pingadeiras e a frieza encurralando este escrevente. Sim,
o inverno está ótimo, “tempo rico” como se diz por aqui, mas o ritmo das chuvas
foi esse mesmo desde o início da época chuvosa. E quando à noite vemos o céu
com aquela gaze demonstrativa, repetimos: “O Cancão vai piar nessa
madrugada...”
As
barreiras da margem direita do rio Ipanema, viraram verdadeiras florestas. A
periferia, baixas, montes, colinas, tudo tão verde e tão bonito que nem parece
Sertão. E quando se diz, estar chovendo em Maceió, vem a rebarba para o semiárido.
É que o que sobra da capital vai para o agreste e grande parte fica retida nas
serras e, o Sertão fica apenas com as sobras. Mas durante essa chuvada vejo
chegar na fiação da rua um tipo de rolinha desconhecida para mim, nem é a
branca, nem azul, nem fogo-pagou e nem a caldo-de-feijão. Tem a parte superior
das asas, marrom/arroxeado. Ficou solitária no fio levando chuva, parecendo
conformada. Não entendi. Mas, voltando ao assunto, as sobras das chuvas
chegaram mansas e molhadeiras, regulando o tanto de água que as plantações
precisam.
E
no próximo Dia dos Pais, as pessoas conscientes do meio rural poderão exaltar o
dia como um presente dos céus esse período chuvoso de outono/inverno que
enriquece o Sertão. Um presente imenso, muito maior do que um celular, um par
de sapatos, uma roupa da moda. E para completar, mesmo assim foi muita festa em
Santana do Ipanema, com chuva, sem chuva, com gelo, sem gelo, o entusiasmo
humano por festas, foi da maioria. E enquanto o “Cancão piava”, a rolinha
roxa/marrom, continuava no gelo da chuva e, eu que não sou animal do polo, sem
capote e sem “Japona”, só pensei em correr para debaixo dos panos. Estar
brincando com agosto no Sertão, “cabra véi!”
(IMAGEM:
B. CHAGAS).
CALÇADOS SANTANENSES Clerisvaldo B. Chagas, 4 de agosto de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.281 HOMENAGEM...
CALÇADOS SANTANENSES
Clerisvaldo B.
Chagas, 4 de agosto de 2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.281
HOMENAGEM À MINHA IRMÂZINHA RUTH, CUJA
PASSAGEM FOI SEMANA PASSADA.
Santana do Ipanema, possuía três fábricas de
calçados, fora os inúmeros sapateiros espalhados pela cidade. Na Rua e Bairro São Pedro, funcionava a
fábrica do senhor Elias. Ficava vizinha à escola “O Bacurau”; terreno bom,
plano de barro vermelho cercada por alvenaria e portão muito largo. No
Comércio, defronte o “prédio do meio da rua”, havia a fábrica de calçados do
senhor “Pimpim”, assim conhecido. Um corredor inicial e a fábrica no fim em
lugar mais largo e uma parte mais alta do salão como se fosse um primeiro
andar. Na Rua Barão do Rio Branco, defronte os armazéns de cereais, era a
fábrica de calçados do senhor Evilásio Brito. O dinheiro corria frouxo e a
cidade progredia com várias outras fábricas que abasteciam a região.
A fábrica de calçados do Senhor Elias, foi
resgatada por nós no romance ainda inédito AREIA GROSSA, por estar na periferia
do epicentro da história. O proprietário gostava muito de ouvir pelo rádio as
transmissões de jogos de futebol. De vez em quando criava gafes divertidas. Durante
as tardinhas, os funcionários desciam para a margem do rio Ipanema, para
partidas de futebol de várzea. Roupa normal, bola de todo os tipos e destaque
para o grande driblador Julinho, filho de Pedro Porqueiro da Rua Antônio Tavares.
Os jogos, quase sempre se davam defronte o edifício da Perfuratriz, também
resgatado por nós no romance AREIA GROSSA. Jogos na própria estrada de rodagem
que levava a Pão de Açúcar e a outras cidades. Memórias esquecidas.
No dia 20 de novembro está previsto o
lançamento do livro “PADRE CÍCERO, 100 MILAGRES NORDESTINOS (INÉDITOS) na
igrejinha que antes era do padre Cícero, no Lajeiro Grande. Os livros serão
distribuídos gratuitamente entre os depoentes testemunhos do livro. Só então,
pensaremos como faremos com o romance AREIA GROSSA, onde resgata entre ficção e
realidade uma parte social de Santana o Ipanema no período 1960-70. Tudo isso
entre inúmeras outras obras publicadas, para abastecer escolas, pesquisadores
novos, adultos e juventude geral sobre todas as histórias deste torrão que
foram resgatadas. Inclusive, pela primeira vez, colocamos algumas ilustrações
em um romance. O resgate ficou muito mais autêntico.
CENTRO DE SANTANA TAMBÉM COMPORTAVA UMA FÁBRICA
DE CALÇADOS. (IMAGEM: B. CHAGAS).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.