SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
O TEMPO NÃO ESPERA NINGUÉM Clerisvaldo B, Chagas, 1 de dezembro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.622 No mome...
O
TEMPO NÃO ESPERA NINGUÉM
Clerisvaldo
B, Chagas, 1 de dezembro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.622
No
momento (14 horas), a temperatura de Santana do Ipanema está na casa dos 36
graus. Há dias, compadre, chegou brincando aos quarenta. Quem falava de Pão de
Açúcar! É a região pegando fogo, principalmente o Alto Sertão e Sertão do São
Francisco. É verdade que deu uma boa trovoada em Santana do Ipanema há dois ou
três dias, durante à noite, mas se via que era trovoada de passagem. Cumpriu o
seu papel em fazer zoada, amenizar o calor sufocante e partiu vagarosamente. Em
Arapiraca o negócio foi medonho, chuva e ventos fortes causando transtornos
pela cidade, chegam às notícias. Enquanto isso estamos na expectativa do
próximo mês quando a primavera tem vontade de ir embora. E se a primavera que é
amena está assim, calcule o verão que se iniciará ainda em dezembro!
Dezembro
é um mês que não costuma alisar em termos de temperatura. Poderá trazer mais
trovoadas ainda ou passar em céu azul, o que não seria a primeira vez.
Geralmente é mês de muita luta no campo com falta de colheita e plantio. A
escassez da água faz a angústia do ruralista ao contemplar os rebanhos sedentos
e lambendo a poeiras cinza dos cercados despidos de vegetação. Uma duplicata de
textos e textos da literatura nordestina desde quando se escrevia com bico de
pena de pato. Mas quem vive quer saber o agora, pagar com moeda nova o
sacrifício e o prazer de morar no Sertão.
Você
que é da capital, imagine em lugares estremos do Oeste de Alagoas, onde alguns
estudiosos consideram essa parte do alto sertão como clima árido, isto é, clima
de deserto! Percorremos parte da região onde só encontramos caprinos sob sombra
esfarrapada de quixabeira. Bosques de juremas pretas e macambiras, terras
escuras com cenários de supostos incêndios florestais. Como faz a diferença, a
água gelada conduzida na reserva da mala do automóvel! E nesse tempo de
labaredas solares e terras rachadas, até as cascavéis trocam o dia pela noite indo
à caçada com seu veneno terrificante. A caatinga aguarda uma nova trovoada para
virar o paraíso dos homens e das abelhas. Amanhã, o 7 e o 5 me esperam Orgulho em ser
nordestino!!!
ENTARDECER:
MONUMENTO AO JEGUE QUE SUSTENTOU A CIDADE QUANDO NÃO HAVIA ÁGUA ENCANADA.
(FOTO: B. CHAGAS).
LIBERDADE Clerisvaldo B. Chagas, 29 de novembro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.621 Palmeira dos Índios, si...
LIBERDADE
Clerisvaldo
B. Chagas, 29 de novembro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.621
Palmeira
dos Índios, situada no Agreste alagoano, está de parabéns em resgatar parte da
história do nosso estado. A lembrança de exaltar a luta quilombola pela
liberdade foi oportuna nesses momentos em que se discute o racismo no Brasil
com o dia da Consciência Negra. Não só o prefeito está de parabéns, mas o
escultor Ranilson Viana e todo o povo palmeirense pelo exemplo em exibir
publicamente os nossos valores numa luta universal, local e sem tréguas. Os
quilombolas da comunidade Tabacaria representam muito bem tantas comunidades
quilombolas de Agreste e Sertão do nosso território. O monumento negro à
Liberdade não será apenas um monumento para Palmeira dos Índios, porém fonte de
inspiração, pesquisa, estudo e turismo que preenchem a cabeça dos verdadeiros
heróis e apologistas à liberdade branca, negra, indígena do nosso País.
A obra
com quatro metros de altura representa também uma vitória profissional para o
seu autor, notadamente quando sua arte vai aonde o povo está. A “Princesa do
Agreste”, também já possui uma tradição de preservar a sua história como alguns
monumentos à personagens indígenas – origens das suas raízes – e o trio de
museus espalhados pela cidade. Estivemos aí em dia chuvoso fotografando na
Praça do Museu Xucurus a máquina do trem para o nosso trabalho “Repensando a
Geografia de Alagoas”. Diversos outros lugares foram por nós fotografado como a
serra das Pias, a antiga estação ferroviária e o açude do Goiti na sua melhor
forma.
Palmeira
dos Índios, para quem não a conhece, é passagem obrigatória dos que trafegam
Sertão – Maceió e vice-versa pela BR-316 e de quem se desloca de Arapiraca para
Bom Conselho, Garanhuns via Igaci. Município de terras férteis também é
conhecido como “Terra da Pinha” que no Sudeste é chamada de fruta de conde. Sua
posição geográfica facilita bastante o seu desenvolvimento: Agreste, fronteira
com Pernambuco e limiar do Sertão, significam está perto de tudo e possui bom
intercâmbio com a Capital Sertaneja Santana do Ipanema. Mas nem só da pinha
doce vive Palmeira dos índios, a cidade respira cultura por todos os recantos
onde a sombra do Mestre Graça continua muito maior do que os quatro cantos das
suas fronteiras.
MONUMENTO
À LIBERDADE
(FOTO:
DIEGO WENDRIC/ASSESSORIA)
ANTROPOFAGIA URBANA Clerisvaldo B. Chagas, 29 de novembro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.620 Santana do Ipan...
ANTROPOFAGIA
URBANA
Clerisvaldo
B. Chagas, 29 de novembro de 2021
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.620
Santana
do Ipanema Permaneceu décadas sem se expandir horizontalmente, graças as
amarrações dos terrenos de periferia. Proprietários de terras não as vendiam,
até que o prefeito Adeildo Nepomuceno Marques teve a coragem de desapropriar
terras da margem direita do rio Ipanema. Hoje as terras desapropriadas deram
origem aos bairros: Domingos Acácio, Floresta, Santo Antônio e fala-se também
em Santa Luzia (antes era apenas uma rua).
A partir daí nenhum outro prefeito teve a coragem de desapropriar e a
cidade passou a pertencer a uma segura camisa de força; Décadas e décadas se
passaram com o marasmo monótono da mesmice. Há pouco tempo os proprietários de
terras resolveram vender ou lotear por todas as periferias da cidade. Isso
gerou uma expansão nunca vista antes com resultado de Antropofagia urbana-rural
em Santana do Ipanema. Vejamos:
Na
região norte o Lajeiro Grande se expandiu para a Rua das Pedrinhas, Quilombo e
outros mais e já se encontra perto de englobar o sítio rural Barroso. Entre os
fundos do antigo DNER, foi loteada uma fazenda que vai daí ao extremo oeste do
Lajeiro Grande com o rio Ipanema. Na região Oeste da cidade a expansão ocupou o
espaço por trás do casario da BR-316 no Bairro Barragem até as imediações do
riacho rural Salobinho, afluente do Ipanema. Recebeu o nome pelo povo de Clima
Bom. Do outra lado da BR-316, a expansão do Bairro Barragem se deu em direção
ao Poço das Trincheira e montante do rio Ipanema. Conserva o mesmo nome, mas
parece bairro novo. Na região Leste, expandiram-se
vertiginosamente os Bairro Lagoa do Junco e São Vicente em direção ao povoado
São Félix, serrote Pelado, Riacho do Bode, Bebedouro e Santana – Maceió pelo
BR-316.
Na
Região Sul estirou-se o Bairro Floresta em direção à Serra da Remetedeira e do
sítio Tocaias. O Bairro Domingos Acácio, puxou para as faldas do serrote do
Cruzeiro (partes lateral direita e esquerda e para a Floresta. O Leste do
bairro engoliu o sítio Cipó, parte do sítio Curral do Meio II e o sítio Lagoa
do Mato. Surgiram ali respectivamente: o Bairro Santo Antônio, habitações
continuadas da AL-120 e o loteamento Colorado que agora passou a ser Bairro
Isnaldo Bulhões. Assim foram deglutidos pela expansão urbana horizontal os
sítios rurais: Tocaias, Lagoa do Mato, Curral do Meio II e Cipó. Em breve outros sítios estarão dentro do
perímetro urbano.
É
natural, porém com registro para gerações futuras, melhor.
EXPANSÃO
PARA AS FALDAS DO SERROTE CRUZEIRO (FOTO: B. CHAGAS).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.