domingo, 20 de julho de 2014

MASTIGANDO A ENTREVISTA



MASTIGANDO A ENTREVISTA
Clerisvaldo B. Chagas, 21 De julho de 2014.
Crônica Nº 1.224

Escritor Clerisvaldo B. Chagas (Foto de arquivo).
Recebemos em nossa residência, final da semana passada, um grupo de jovens estudantes para uma entrevista curiosa. Queria o grupo de rapazes e moças saber os mistérios do gênero literário: “crônica”. A entrevista fazia parte dos acirrados estudos para as Olimpíadas da Língua Portuguesa.
Fomos logo rodeando o prato quente para o ataque final ao miolo. E, fazendo como o nosso saudoso mestre, Alberto Nepomuceno Agra, colocamos os conselhos à frente, mesmo lembrando das más línguas sertanejas: “Se conselho fosse bom era vendido”.
De fato, a crônica, essa narração curta produzida essencialmente para ser veiculada em páginas de jornal e revistas, agora também em livros e sites, deriva do Latim chronica.  No início do Cristianismo funcionava como um registro cronológico daqueles eventos. Com o desenvolver da imprensa (século XIX), a crônica passou a fazer parte dos jornais, desde 1799, em Paris. Ao chegar ao Brasil como forma literária, adquiriu novas características.
Nos jornais e agora nos sites, a crônica, geralmente ocupa o mesmo espaço e a mesma localização, fazendo com que os leitores possam se familiarizar com quem escreve. A crônica pode ser apresentada pelo jornalista que não deve alterar os fatos. Já o escritor trabalha entre as duas linhas, isto é, literatura e jornalismo, sempre com esse texto curto que pode ser o registro diário das coisas com um pouco de crítica e ironia. É como se o autor estivesse sempre dialogando com seus leitores. Os temas, entretanto, são os mais variados possíveis e o cronista imprime seu estilo de escrever que logo é identificado pelo legente costumeiro. O dia a dia é captado pelo escritor como o jornalista, mas o cronista põe os seus ingredientes próprios e a sua visão particular dos acontecimentos narrados.
Encontramos a crônica narrativa de fatos banais, a descritiva, dissertativa, narrativo-descritiva, humorística, lírica, poética, jornalística que pode ser policial, desportiva, como exemplo, e, até mesmo histórica.
Mas, voltando ao início, após algumas dúvidas, à altura das suas compreensões, propusemos uma crônica só, confeccionada por todos. Assim demos o título “Dia de Azar”, e rompemos o trabalho. Os estudantes iam acrescentando suas frases dentro do título proposto e assim compusemos juntos a crônica “Dia de Azar”, cujo desfecho foi belas gargalhadas e a segurança por parte dos jovens em tentar vários outros trabalhos sem ajuda.
E, se o importante não é fornecer o peixe, mas ensinar a pescar, desejamos sucesso aos estudantes santanenses e sertanejos em geral nas Olimpíadas da Língua Portuguesa.







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