VIVA
JULHO!
Clerisvaldo B.
Chagas, 2 de julho de 2014
Crônica
Nº 1218
Usando a expressão
sertaneja, junho entrega julho com falta
de chuvas. O que se transforma em transtorno nas capitais vira ouro
vindo das nuvens, no sertão. A predominância da agropecuária no interior faz
com que as conversas de todos quase sempre girem em torno de chuvas. Não é só
fazendeiro ligado no tempo dia e noite. O ciclo das águas envolve as áreas
econômicas do semiárido, em geral, formando uma tácita homenagem às nuvens.
Direta ou
indiretamente perscrutam-se os nimbos numa esperança, mesmo longínqua de
prosperidade. Mas, além do ciclo normativo da estiagem, fenômenos anunciados
vão cobrindo de breu as perspectivas enfraquecidas.
Maio ameaçou com
bonança, junho refugou e julho segue uma trilha que parece amargosa. As feiras livres
vão agonizando na extensão e densidade, a carestia sorri das carteiras
cambaleantes. Os riachos choram, os barreiros não enchem, o céu economiza.
A tradição de meio de
ano padece com a culinária chocha que escapa com zonas irrigadas. E lá vamos
nós, nas mesmas levas de preocupações companheiras, como se fôssemos guerreiros
do campo.
Até a frieza que
maltratava os ossos dos viventes, chega mansa no mês de Senhora Santa Ana.
Pergunta-se o que está mesmo acontecendo nos climas mundiais. E assim o planeta
vai girando num desafio estranho, fazendo a cabeça do esqueleto virar-se a toda
hora na busca dos arcanos.
Enquanto isso, o
espetáculo da Copa vai tapeando a plateia com seu pano carmesim. Julho não vem
mais aí. Julho chegou no seu cavalo alazão de riscos incolores. “Ah velhos
enganos de heróis de panos”. Aonde vamos nós nesse planeta reluzente a
abrasivo?
Julho chegou! Julho
chegou! Na velha Roma alagoana vai ter muito mais pão e circo. VIVA JULHO!
Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2014/07/viva-julho.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário