PUNHAIS
CANGACEIROS
Clerisvaldo B. Chagas,
24 de novembro de 2014
Crônica Nº 1.310
Agora na fase final,
escrevendo o livro Maria Bonita, chamou-me a atenção as imagens dos punhais
cangaceiros.
Os punhais,
existentes há muito séculos, adquiriu uma forma especial no Brasil,
principalmente na indumentária cangaceira do bando lampiônico, muito parecido
com o punhal utilizado na época no Rio Grande do Sul.
Em diferentes
tamanhos essa arma branca foi bastante usada nas cintas dos cangaceiros, como
forma de ostentação, vaidade e poder.
Os fornecedores desse
tipo de arma, não só para o bando de Virgolino, mas para qualquer cidadão que
quisesse adquiri-la, seriam os próprios fabricantes que trabalhavam
caprichosamente em suas rudes tendas em várias partes do Nordeste,
principalmente no Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
O cangaceiro usava facas,
facões e punhais. As facas eram utilizadas para o cotidiano como de qualquer
família, no lar. Os facões, principalmente para abrir passagem nas veredas e em
tarefas que precisassem de uma arma mais rude e robusta. O punhal, unicamente
para sangrar a sua vítima.
A vaidade fazia
encomendar punhais de ótima lâmina e caprichado trabalho no cabo, que podia se de
ou conter, níquel, ouro, chifre, osso, marfim, prata, conforme o poder aquisitivo
de quem os encomendasse.
Na rudeza daquele
mundo semiárido, fora e dentro do cangaço, famílias que se matavam entre si,
aceitavam a morte como coisa do mundo masculino. Tanto se matava como se
morria, tudo era coisa natural da ignorância da época. O que não se admitia era
que a vitima fosse sangrada, pois um homem não se sangra como um porco ou outro
animal. Era uma ofensa grave esse procedimento. O ato de sangrar pessoa era,
então, considerado desmoralizante, daí ter havido muitas vinganças no
semiárido, em pagamento com a mesma moeda.
Mesmo, já nos anos 60,
belíssimos punhais de cabo trabalhado, eram ainda exibidos e vendidos, livremente,
nas bancas das feiras nordestinas. Respondendo à pergunta: “De onde vêm esses punhais?” A resposta quase sempre era a mesma: “Do Juazeiro do Norte”.
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