O
BRASIL NÃO QUER OBEDECER
Clerisvaldo
B. Chagas, 12 de fevereiro de 2015
Crônica Nº 1.365
Foto: (mapadacachaça.com.br). |
No esticamento dos
anos 50, na minha terra, Seu Antônio Bulhões, homem sério, digno e trabalhador,
tinha espírito fabril. No espaço entre o Beco São Sebastião e a Rua Barão do
Rio Branco, no comércio, o irmão do cônego Bulhões possuía fabriqueta de
vinagre e aguardente.
O vinagre abastecia
muito bem o consumo local. Já a aguardente, também servia para que um dos seus
filhos peraltas embriagasse o jegue de entrega da mercadoria.
Certa feita, foram
encontradas duas frases na parede da fábrica, lembra bem, João Neto de Dirce, o
Primo Véi. A primeira, com o “S” de trás pra frente dizia: “Quando se pode é de vender mais barato”. A segunda era um apelo
moral: “É proibido fazer sabão neste
lugar”. Ora, já havia fábrica de vinagre e cachaça para que mais uma
fábrica de sabão?
Para a época, na
linguagem chula, “fazer sabão” traduzia-se por “xumbregar”.
Logo as piniqueiras e
casais avançados passaram a respeitar o decreto da fábrica de Seu Antônio
Bulhões.
Estamos em 2015 e
ficamos sem entender porque a gasosa baixa de preço no mundo inteiro, menos no
Brasil. Quanto mais o petróleo desce, mas a gasolina sobe, numa teoria
matemática que nem meus antigos professores, Hernande Brandão e Ely, da Capela,
conseguiriam resolver.
Não seria bem melhor
que os postos de combustíveis colocassem a frase folclórica, mesmo com o “S”
pelo avesso: “Quando se pode é de vender
mais barato”? É um negócio da gota serena, diz um amigo da roça.
Quanto à frase: “É proibido fazer sabão”, está mais
séria ainda. Agora o produto já vem embalado, encaixotado, fabricado em grande
quantidade, nos becos, nas ruas, na Internet e mesmo nas orgias de alguns
políticos republicanos.
Existe um desrespeito
generalizado pela ordem expressa da fabriqueta de cachaça.
Ê, Seu Antônio
Bulhões, o mundo está perdido! É uma saboaria só!
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