UMA
PONTE NA ESTRADA
Clerisvaldo B.
Chagas, 19 de maio de 2016
Crônica Nº 1.514
Em nossas andanças
geográficas, estamos sempre nos deparando com o inusitado, o belo, o
surpreendente e o incrível. O mundo natural e o mundo humano têm muito a nos
oferecer visualmente, numa simples caminhada de periferia ou na extensão dos
horizontes.
Já conhecíamos a
cidade de Dois Riachos com sua feira de gado semanal (a maior do estado), suas
terras de areias brancas, seu riacho que corta a cidade e deságua no rio
Ipanema... E a sua ponte sobre o mesmo riacho. Com a cobertura asfáltica da
BR-316, um desvio foi realizado para que a rodovia passasse margeando a cidade
e não por dentro. Nova ponte foi feita e a antiga permaneceu de pé, desta vez
fazendo atalho a BR-316. Está servindo muito à cidade. Estreita, comprida e
antiga, além da serventia, passou a fazer parte de um museu a céu aberto e
acervo da história municipal.
Ainda em nossas
andanças, vamos encontrar outra ponte pela qual tanto passamos sobre ela. Como
não dava para se adaptar ao modernismo, foi marginalizada em cerca de 50 metros
do novo trecho da BR-316. Trata-se da ponte sobre o rio Traipu, diante da
famosa Fazenda São Francisco e do acesso à cidade de Minador do Negrão. Estreita,
Comprida, com seus pilares laterais e bem assentada, vive como uma pessoa idosa
na solidão. Acerca-se de vegetação de caatinga e deixa mansamente passar o
carro de boi, o jumento solto, o cavaleiro que foge da pista. É de se pensar um
caso de amor ali debaixo na areia fria, no perfume dos vegetais e no cantar dos
passarinhos. Cumpriu a sua parte nos tempos das rodagens e ainda continua
cumprindo com o que pode.
Ainda bem que não foi
demolida. É outra peça de museu a céu aberto, outro ponto da história longa do
sertão, dos almocreves, dos caminhões e de tanta poeira levantada.
O que vale o homem
sem as pontes. As pontes que ele mesmo faz?
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