quinta-feira, 12 de maio de 2022

 

BILIRO

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de maio de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.701

O quadro da festa de Senhora Santana estendia-se por toda a extensão do Centro Comercial, o Quadro da Feira e Ruas José Américo e Tertuliano Nepomuceno. As atrações profanas eram variadíssimas, mas o Parque de Diversões sempre acenava como a maior delas, inclusive com a roda-gigante.  A roda-gigante quase sempre ficava entre o “prédio e o sobrado do meio da rua”, quando não era ali, localizava-se entre a “Casa Atrativa” do senhor Abílio Pereira (sobrado do meio da rua) e o “Hotel Central” da conhecida Maria Sabão. Entre tantas atrações, estava sempre também defronte a Casa Atrativa a seção do parque da PESCARIA. Era um redondo com grade onde o público se debruçava para pescar na areia no solo representando água. Ali estavam enterrados muitos objetos de pouco valor: caixa de fósforo, pente, colchete, biliro e um ou outro de maior relevância.

Com um anzol, o indivíduo pescava os objetos enterrados, com um arame para ser puxado. Bastava pagar. O locutor fazia uma zoada medonha e chovia de pescadores. Depois anunciava o nome do “peixe” pescado: um pente, uma bola, etc. Era uma brincadeira bem divertida mesmo. O que mais me chamava atenção era o nome “biliro” que o parque trouxera de outra região e que aqui se chamava simplesmente “grampo” de prender cabelos. Biliro saía muito na pesca e eu perguntava que diabo é biliro? Pois bem, para uma pessoa de bem com a vida bastava ganhar um biliro, um pente, para comentar em casa e rir à vontade, após a festa.

Estamos comentando apenas sobre a parte profana da Padroeira de Santana do Ipanema. Pois as reflexões estão tanto   dentro da nave quanto fora. Em todas as situações humanas cabem as meditações que podem conduzir à felicidade interna. Foi assim que muitos refletiram sobre a imensa alegria em pescar um objeto tão simples como uma caixa de fósforo, um colchete, uma bola... Porque o sentido da brincadeira não era enriquecer no puxar do anzol, mas assim como a vida, ser feliz em participar pois o que menos importava era ganhar uma joia, mas saber valorizar a simplicidade, daí alegria e risadas após a festa. Os sábios compreendem o complexo da vida e sabem celebrar junto a Deus a conquista significativa e profunda de um BILIRO.

CAIXINHA DE BILIRO (CRÉDITO: PINTEREST).

 


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