segunda-feira, 9 de maio de 2022

 

CAROÁ

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de maio de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.699

 




Deus concede conhecimentos ao homem para enfrentar qualquer tipo de ambiente onde tenha nascido. É interessante observar como era possível viver, por exemplo, num ambiente de caatinga bruta com apenas pobreza no couro cabeludo. Pobreza, mais a sabedoria divina para a sobrevivência extraída do próprio meio. Assim o catingueiro se alimentava das caças e quando não tinha arma industrializada, com a sua criatividade, fazia armadilhas para os bichos. Pegava o preá, o tatu, o mocó, o peba e aves da sua região. Às vezes, como os indígenas, usava o bodoque, armas perigosa e eficiente que ajudava a matar a fome. Mas também aprendeu a tirar mel silvestre de todas as espécies de abelhas que a caatinga oferecia.

Sendo o mel um dos alimentos mais nutritivos do mundo, tinha muito significado a peleja para obtê-lo no oco do pau, no cupim, na terra, nos enxus pendurados nos galhos das árvores. Mas também chama atenção o fabrico de objetos diversos com matéria-prima do próprio ambiente e um deles era a corda de laçar, de amarrar e para muitos outros fins. O matuto para fazer corda utilizava a fibra de uma planta bromélia denominada caroá, também chamada croá. Folhas compridas, esverdeadas com alguns espinhos, eram coletadas e trabalhadas com habilidade até chegar ao ponto de corda e mesmo de barbante. Esse processo era muito rudimentar dentro da mata, mas às vezes era utilizado com mais conforto nas clareiras ou no terreiro de casa.

A cidade de Senador Rui Palmeira, (antes Riacho Grande) teve sua origem numa fábrica de barbante de caroá ou croá. Esse fabrico fez com que esse lugar, no início, fosse chamado de “Usina”. Veja como foi importante um fabrico de corda de fibras nativas na própria caatinga. A cidade de Senador Rui Palmeira continua crescendo no Alto Sertão de Alagoas, graças ao impulso inicial dos produtos do próprio bioma. Falar nisso, vem à lembrança uma fabriqueta de corda no Bairro Floresta, em Santana do Ipanema. Era uma engenhoca ainda rudimentar à margem da Rua Joel Marques. Isso faz uns dez anos e parece-me que a matéria-prima não era caroá, mas sim, agave chamado em outras plagas de sisal. Havia muitas plantações de agave no município, inclusive, no conjunto residencial onde residimos, era só plantação de agave.

Pesquisas e observações.

CAROÁ (CNIP).


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